Quando eu era criança, dentre muitos sonhos bobos, um dos que mais me lembro era o de ser um super-herói, daqueles iguais aos dos gibis. Realmente deve ser muito legal poder voar, soltar raios pelos olhos, resolver os problemas do mundo inteiro e, acima de tudo, vestir um uniforme bacana com um escudo imponentemente esticado no peito.

Hoje, mais velho e experiente, acho que mais legal ainda seria ser este mesmo super-herói, porém, tendo consciência de que estava em um gibi e tirar proveito (e muito sarro) da situação.

E é justamente isso que o novo herói que está ganhando filme solo para o cinema faz: Tirar sarro (e proveito) de tudo e de todos por saber que vive em uma história em quadrinhos.


Deadpool, o tal  herói, é vivido no cinema por Ryan Reynolds. Fez sua primeira aparição  nas telonas no mal fadado X-Men Origens: Wolverine de 2009, mas estava muito diferente do personagem criado por Rob LiefeldFabian Niciesa. Alguns anos depois Reynolds, aproveitando-se da popularidade do personagem, fez um esforço tremendo para levá-lo de volta ao cinema, desta vez da maneira correta.

Assim como nos quadrinhos, o Deadpool do filme tem noção de que está em uma produção cinematográfica e isso fica evidente logo na introdução do longa, pois assim que o filme começa ,   também começa a zoeira. São quase duas horas de insanidades, recados sarcásticos para a industria cinematográfica, deboches com outros filmes (especialmente aos baseados em quadrinhos), muitos easter-eggs do Universo Marvel/FOX e nem mesmo a DC Comics foi poupada. Será necessário muita atenção para pegar todas as referências e gags. Eu mesmo vou ter que assistir Deadpool novamente pra checar se deixei passar algo.

Grande parte de tudo isso é resultado da liberdade que foi dada aos atores para improvisar. Os diálogos são muito naturais e fluídos. Além disso, o roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick foi muito bem estruturado, apresentando os personagens e seu mundo através de flashbacks muito bem costurados com a trama em curso.

O filme traz ainda uma participação especial, que não é novidade nenhuma, e uma cena pós-crédito que irá explodir cabeças. É muito bem sacada e Reynolds aproveita a deixa pra dar mais uma cutucada na FOX. Imperdível.


O elenco mandou muito bem, principalmente levando-se em conta de que a maioria dos atores nunca me agradou muito ou eram completos desconhecidos para mim. Dentre os redimidos estão Ryan Reynolds, que nasceu para o papel, e jura que nunca mais irá se meter à fazer filmes baseados em gibis novamente que não envolvão o Deadpool. Decisão acertada pois já esteve no elenco de cinco fracassos (Blade: Trinity, Lanterna Verde, R.I.P.D. e o já citado filme do Wolverine). Ele realmente brilhou neste filme e acho que a repercussão será positiva pro lado dele.

Outro que não errou a mão foi T.J. Miller. Nunca curti o trabalho deste ator, que é mais conhecido pela série Silicon Valley, mas em Deadpool ele está bem por não exagerar e servir apenas como escada para Reynolds. Mostrou que não é um caso perdido.

De Morena Baccarin e Ed Skrein eu já curtia. Ela atualmente arrebenta em Gotham, serie baseada nos quadrinhos do Batman, da DC Comics, mas já tinha conquistado os gringos com o remake de V: A Batalha Final. Sua beleza brasileira é só adicional, uma vez que seu talento é inconteste. Já Skrein vem de Game of Thrones e fiquei muito chateado quando ele decidiu deixar o seriado para ir se meter na péssima sequência de Carga Explosiva, substituindo Jason Statham. Mas em Deadpool ele reafirma que é um ótimo ator e que merece ser mais reconhecido.

Outro rosto conhecido é o de Gina Carano que está  monstruosa em Deadpool fazendo aquilo que sabe: Dar muita, MUITA porrada.

A grande, e grata, novidade foi a atriz Brianna Hildebrand, que interpreta uma mutante adolescente bem legal. Mostrou que tem força e que pode chamar atenção na franquia. Pode até mesmo ser aproveitada em outros filmes da Marvel/FOX.


Deadpool foi um filme visivelmente barato. Isso fica evidente pelas locações e pelo próprio trabalho de efeitos especiais e visuais. Mesmo muito parecido com o personagem dos quadrinhos, o novo Colosso, que ganhou a voz (e sotaque russo) de Stefan Kapicic, não parece ser real. Em muitos momentos me incomodei com a presença do personagem que não parecia se encaixar com aquele mundo que estava sendo mostrado no filme.

Longe de ser um dos grandes clássicos do cinema moderno, Deadpool é um filme honesto e redentor. A vibe do filme é tão positiva que, apesar da violência extrema e linguajar chulo, saí do cinema relaxado.

Não me divertia assim faz muito tempo.




Marlo George assistiu, escreveu e também já foi eleito o "Homem Mais Sexy do Mundo". É sério... Confira no Google...