Dirigido por Jon Watts e estrelado por Tom Holland, Zendaya, Jacob Batalon, com participações especiais de Benedict Cumberbatch, Benedict Wong, Jon Favreau, Jamie Foxx, Willem Dafoe, Alfred Molina, Thomas Haden Church e Rhys Ifans (dentre outros), "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" é o último filme dessa nova trilogia (ou oitavo, dependendo do ponto de vista) que pretende levar o público onde nenhum fã-aracnídeo jamais esteve...


Nerdgasmo
E necessário tomar um tempo para falar da catarse coletiva que é assistir "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" no cinema. Porque, você sabe bem, filme da Marvel não tem público, tem torcida. E, para o bem ou para o mal, isso atrapalha bastante a experiência individual de análise.

Mas, diferente de "Vingadores - Guerra Infinita" (que é um filme ruim com algumas boas ideias) e "Vingadores - Ultimato" (um fanservice gigante de pouco mais de três horas com alguns bons momentos mas um filme ainda pior em matéria de roteiro), "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" é meio que o encerramento de uma espécie de "trilogia de um filme só", consertando diversos problemas na atual franquia compartilhada entre a Sony Pictures e a Marvel Studios (a primeira é proprietária dos direitos dos personagens ligados ao Amigão da Vizinhança e a segunda ajuda na produção / concepção dos atuais filmes - mas nada sem aval da primeira, claro) ao mesmo tempo que pavimenta o caminho para os próximos desafios que vem pela frente. Pelo menos, dessa vez, o equilíbrio entre fanservice e uma boa realização trouxe um resultado bem positivo - principalmente para quem não curte o que vinha sendo feito até agora.


Na trama, Peter Parker (Tom Holland), sua agora namorada MJ (Zendaya) e seu amigo Ned (Jacob Batalon) enfrentam as consequências diretas do vazamento do vídeo do Mysterio (Jake Gyllenhaal) por J.J. Jameson (J.K. Simmons) revelando a identidade secreta do Homem-Aranha, que também é responsabilizado pela morte do vilão como pelos ataques bélicos dos drones na Europa (conforme os acontecimentos mostrados em "Homem-Aranha - Longe de Casa"). Enfrentando problemas judiciais, perseguições de papparazis e até mesmo dificuldades para chegar intacto à escola por conta do assédio dos fãs e da imprensa, Parker pede ajuda ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que lance um feitiço que todos esqueçam que ele é o Amigão da Vizinhança. Mas algo dá muito errado, atraindo vilões de outras realidades, causando ainda mais problemas.

Embora não pareça, a trama é muito mais simples do que parece. Tão simples, que pode tranquilamente ser apreciada por crianças mais novas, botando na balança porções iguais de drama e humor - e desta vez, de forma mais acertada. Provavelmente, esta "baixada de régua" foi proposital, com todos os envolvidos tentando trazer uma autêntica "diversão para toda a família" e assumindo um tom beirando o infantil no processo. Tanto que a trama tem momentos mais simplórios e até pobres em matéria de resolução de diálogos - algumas cenas parecem até improvisadas, de tão solto que está o elenco.


Mas este filme é resultado de tanto hype que todo movimento de produção não passou despercebido, desde o já típico vazamento de fotos até mesmo "confirmações" de parte do elenco de participações especiais ou especulações acerca de acontecimentos "previstos" no roteiro. Nunca saberemos ao certo se tudo foi uma ousada estratégia de marketing ou o resultado dos mais mal guardados segredos da indústria cinematográfica do século XXI. A verdade é que "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" virou o filme mais aguardado desde... Bem, desde sempre. E, para o bem ou para o mal, cumpriu a maioria das expectativas. Mas não todas.

Independente de quem aparece para uma participação especial, quem é o vilão, quem morre, quem sobrevive ou o que acontece na história - acredite, você vai querer saber de tudo isso no cinema -, este filme pretende complicar todo o status quo de seu protagonista para, ao fim, simplificar. Algumas decisões são bem abruptas e igualmente questionáveis em matéria de construção de narrativa. Outras são benéficas e abrem portas para interessantes possibilidades futuras.


Mal comparando, "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" é meio que um pedido de desculpas de um marido arrependido que perdeu toda sua grana com a amante mas volta para o lar de cabeça baixa, aceita ser xingado porque reconhece seus erros - daí, começa a lavar a louça e o banheiro sem que ninguém peça, se dedica ao trabalho mas não esquece de trazer flores e bombons à esposa, além de catar os piolhos dos filhos. Até que a esposa pensa "é, acho que ele voltou a ser a pessoa com quem me casei" (ou com quem gostaria de ter se casado).

E se você chegou até aqui, saiba que "Homem-Aranha - Sem Volta para Casa" é um gibi em movimento e uma carta esfarrapada de pedido de desculpas aos fãs que queriam ver algo mais próximo do Homem-Aranha dos gibis na telona do cinema. É o tipo de filme que faz o cinéfilo / fã de quadrinhos mais ferrenho esquecer de arcos narrativos, diálogos pobres, atuações sofríveis e alguns efeitos especiais idem (mas não todos) porque... Bem, você vai ter de ir ao cinema para descobrir. Vai valer cada centavo do caro ingresso.




Kal J. Moon assistiu, gostou mas discorda veementemente que matemática é mais legal do que magia...


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