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CRÍTICA [STREAMING] | "Round 6 - Temporada Final", por Marlo George

A temporada final de 'Round 6' (Squid Game), sob a maestria de escrita e direção de Hwang Dong-hyuk, que chegou a perder nove dentes devido ao estresse da produção inicial, encerra sua complexa narrativa com um louvor digno de sua grandiosidade. Mais do que um mero espetáculo de sobrevivência, a série se consolida como um conto sombrio sobre as escolhas desesperadas de adultos em um mundo brutal, culminando na trágica solidão das crianças deixadas para trás. A crítica social, embora repetitiva em sua abordagem sobre o poder do dinheiro e do capitalismo, serve como pano de fundo para uma reflexão muito mais profunda: a real moeda de troca são as vidas e os legados que se desintegram.

No centro de todo o caos, brilha a performance arrebatadora de Lee Jung-jae (abaixo) como o protagonista, sem dúvida um dos melhores atores de todos os tempos. Sua interpretação multifacetada de um homem que oscila entre a inocência perdida e a determinação implacável é o alicerce emocional da série. Lee Jung-jae consegue transmitir a angústia, a esperança e a desilusão de seu personagem com uma profundidade que transcende a tela, fazendo com que o público sinta cada uma de suas batalhas internas e externas. Sua jornada é o coração pulsante de 'Round 6', guiando-nos por labirintos morais e psicológicos.


O elenco de apoio é um verdadeiro tesouro, elevando cada cena com atuações memoráveis. Park Gyu-young e Jo Yu-ri trazem nuances e vulnerabilidade a seus papéis, enquanto Kang Ae-sim oferece uma performance comovente, cheia de dignidade e desespero. Lee David e Lee Jin-uk entregam atuações que variam da astúcia à redenção, e a presença de Choi Seung-hyun e Roh Jae-won adiciona camadas de mistério e conflito. A sutileza de Won Ji-an é igualmente notável, e a participação breve,  especialíssima e carismática de Gong Yoo como o enigmático recrutador continua a ser um ponto alto, lembrando-nos da origem de toda a loucura.

Um destaque particular nas duas últimas temporadas é a interpretação de Park Sung-hoon (abaixo) como o travesti Cho Hyun-ju. Apesar das discussões sobre a escalação de um ator heterossexual para o papel, o trabalho de Sung-hoon foi absolutamente fenomenal e impecável. Ele entregou uma performance sensível, autêntica e livre de estereótipos, capturando a complexidade e a humanidade de Cho Hyun-ju de forma magistral. Sua atuação não apenas silenciou as críticas, mas também enriqueceu a narrativa com uma profundidade e empatia notáveis, solidificando seu lugar entre os pontos altos da temporada.


Desde sua primeira temporada, 'Round 6' teceu uma crítica explícita e por vezes simplista sobre os males do capitalismo e a corrosão da sociedade pelo dinheiro. Embora essa mensagem seja constantemente reiterada, é na maneira como ela se entrelaça com a desilusão de brincadeiras infantis transformadas em arenas de morte que a série encontra sua verdadeira força. O jogo, que se baseia em passatempos inocentes, rapidamente se revela um palco para a ganância e a desesperança humana, onde os participantes buscam desesperadamente um futuro mais tranquilo.

No entanto, a ironia brutal da narrativa reside no ponto culminante: a importância dos filhos. A série martela a ideia de que, por trás de cada decisão arriscada dos participantes, havia a intenção genuína de "garantir" o futuro de suas crianças. Contudo, o que se vê no final é um cenário desolador, onde essas mesmas crianças, por quem tanto se lutou e se sacrificou, terminam sozinhas e desamparadas no mundo, com a intenção dos pais resultando em abandono trágico. Essa é a verdadeira crítica mordaz de 'Round 6': a busca desesperada por segurança financeira pode levar à perda daquilo que se mais valoriza.


A genialidade de Hwang Dong-hyuk reside em sua capacidade de transformar uma premissa aparentemente simplória — jogos infantis disputados por adultos — em uma profunda alegoria sobre a condição humana. Mesmo com o custo pessoal que a produção lhe impôs, o diretor soube orquestrar cada detalhe, desde o design de produção icônico até a trilha sonora perturbadora, criando uma experiência imersiva e inesquecível. A tensão constante e os dilemas morais colocados a cada episódio mantêm o espectador preso, questionando-se sobre as próprias escolhas e valores.

A temporada final de 'Round 6' não é apenas um desfecho; é um testamento à visão de Hwang Dong-hyuk e ao talento de seu elenco. A série termina sua obra com louvor, reafirmando seu status como um marco na televisão global e deixando uma mensagem duradoura sobre as consequências devastadoras da busca incessante por riqueza, e o que realmente se perde no caminho quando a inocência da vida infantil é sacrificada no altar da sobrevivência adulta.




Marlo George assistiu, escreveu e viu seu filho mais novo, Rocco, aprender flauta doce só pra poder tocar a trilha sonora de Round 6. Foi comovente!

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