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TOLKIEN | Sátira inédita do autor de "O Hobbit" é lançada no Reino Unido

A HarperCollins acabou de lançar um livro novo, e não é de qualquer um, é do mestre J.R.R. Tolkien! O título é The Bovadium Fragments e o lançamento ocorreu em 9 de outubro de 2025 no Reino Unido. Nos EUA, ele chega um pouco depois, em 18 de novembro, pela William Morrow. Ainda não temos informações sobre o lançamento do livro no Brasil.

A história, que também era chamada de "The End of Bovadium", foi desenvolvida no final dos anos 1950 e começo dos anos 1960. Ou seja, foi escrita num período em que Tolkien (foto) já era famoso. O ponto central desse livro é uma sátira afiada sobre a industrialização e, principalmente, sobre o uso desenfreado de carros. A inspiração para sua fúria veio de uma controvérsia real que estourou em Oxford no final dos anos 40, envolvendo urbanistas e faculdades, quando ele era Merton Professor de Língua e Literatura Inglesa. Essa briga para "abrir a cidade" para o tráfego de carros foi o estopim da sátira.

O biógrafo de Tolkien, Humphrey Carpenter, fez uma breve menção à obra, descrevendo-a como "uma parábola da destruição de Oxford (Bovadium) pelos motores fabricados pelo Daemon de Vaccipratum (uma referência a Lord Nuffield e suas fábricas de carros em Cowley), que bloqueiam as ruas, asfixiam os habitantes e, finalmente, explodem".

Shaun Gunner, CEO da The Tolkien Society, reforçou isso, dizendo que o livro revela a "habilidade de Tolkien para a sátira" e seu ceticismo em relação ao industrialismo. É bom ver que, mesmo fora da Terra-média, ele mantinha a mesma paixão pela natureza e o mesmo pé atrás com o progresso desenfreado.


Os Motivos do Atraso na Publicação

A grande questão é: por que demorou tanto para sair? Clyde S. Kilby, um estudioso que conheceu Tolkien, deu a letra. Ele achou que o livro era muito inventivo, claro, mas tinha dois "problemas" para a época: o uso "mais do que liberal de Latim" (sim, porque é o Tolkien, né?) e o risco de o leitor focar mais na brincadeira do que na crítica séria.

Além disso, é sabido que o filho dele, Christopher Tolkien, dedicou a vida a organizar os textos que se passavam na Terra-média e Arda, universo explorado em livros como "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis". Então, obras satíricas e menos ligadas ao seu mundo principal acabavam ficando para depois. É compreensível, mas que bom que esse texto não se perdeu no tempo!

A HarperCollins está corrigindo isso agora, e o livro vai sair com ilustrações feitas pelo próprio Professor e um ensaio do Richard Ovenden OBE, chamado "The Origin of Bovadium". Ou seja, é uma publicação feita com todo o carinho e atenção que essa joia literária merece.


O Conteúdo e a Edição Póstuma

Chris Smith, Diretor de Publicações de Tolkien, deu uma descrição da obra que aguçou ainda mais a curiosidade. Ele a chamou de um "relato acentuadamente satírico dos perigos de permitir que a produção de carros e a adoração a máquinas dominem sua cidade". E o final, segundo ele, é que "as coisas acabam, em um sentido bem literal, indo para o inferno".

Então não é só uma historinha de protesto, tem um elemento de fantasia sombria e um toque de humor irônico misturado. O próprio Tolkien tinha essa veia satírica, que a gente vê um pouco em Sr. Boaventura (ou Mr. Bliss), mas aqui parece que ele foi muito mais longe na crítica social.


O livro, que tem 144 páginas em sua edição britânica, vem com o toque final de Christopher Tolkien como editor póstumo, além das ilustrações originais do autor. Deste modo The Bovadium Fragments é a apresentação final do trabalho de Tolkien feita pelo seu filho. Por isso, essa obra "singular" e "tragicamente comovente" é vista como a coda— o encerramento — da parceria editorial entre pai e filho. Um desfecho simbólico e emocionante para os fãs.

A arte da capa (acima) foi feita por Emily Langford, mas é baseada numa pintura original do próprio J.R.R. Tolkien, chamada "King's Norton from Bilberry Hill". Isso já dá aquele ar de que a obra é algo bem pessoal e ligado aos lugares que ele frequentava e amava. É um pacote completo que mostra um lado menos explorado do gênio literário dele. Um prato cheio para quem acha que Tolkien era só Elfos e Orcs.


Fonte: Tolkien Society

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