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CRÍTICA [STREAMING] | "Stranger Things" (5ª Temporada - Volume 1), por Marlo George

Após mais um hiato significativo de três longos anos, os Irmãos Duffer iniciam a conclusão épica da saga de Will Byers e sua turma, entregando a primeira de três partes da quinta temporada de Stranger Things. É notável que o ciclo de espera entre a terceira e a quarta temporada se repetiu, estabelecendo um novo padrão trienal. Contudo, se a temporada anterior não atingiu o clímax esperado, desta vez, e julgando por esta primeira leva, a dupla de criadores parece ter encontrado o tom narrativo ideal.

Esta abertura da temporada final é simplesmente eletrizante. Ela não apenas começa a amarrar as pontas soltas e subtramas deixadas em aberto nas quatro temporadas anteriores, mas também demonstra uma resolução eficaz para problemas estruturais que incomodaram a base de fãs em arcos anteriores (especialmente na S2 e S4). O início do clímax, o fechamento de Stranger Things, revela-se inegavelmente promissor e coeso.


Infelizmente, esta primeira leva de quatro episódios não é irretocável, uma vez que há muita embromação na narrativa, especialmente no segundo episódio. Deixando de lado lances desinteressantes como a repetitiva dinâmica ciumenta de Steve e Jonathan pela atenção de Nancy, e o enfadonho processo de luto de Dustin Henderson pela morte de Eddie Munson, todo o restante da trama é muito interessante e necessário para a conclusão.

É difícil ter esperanças de uma solução satisfatória para a treta entre Steve e Jonathan, que parece mais um resquício forçado de temporadas passadas do que um arco dramático relevante. Contudo, esperamos que algo mais significativo e profundo surja do luto de Dustin. Porém, nada disso foi trabalhado até o momento e teremos que aguardar até o dia de Natal, 25 de dezembro, quando a história retorna ao serviço de streaming Netflix com mais três episódios, encerrando-se em 31 de dezembro, com um episódio de despedida.


O Diálogo que Redefine um Personagem

Apesar de termos tido episódios muito legais – com exceção do segundo que traz muitas das enrolações já relatadas –, o melhor de todos é o quarto e último desta primeira parte. Não só pela cena final, com um plano-sequência de tirar o fôlego e muita ação e emoção, mas especialmente por um diálogo crucial entre dois dos personagens.

Sem dar spoilers, a riqueza do texto e o contexto do assunto tratado transformam uma conversa que, à primeira vista, parece corriqueira e comum, em um dos momentos mais importantes da série. Sendo o fio condutor da decisão que impacta o final da primeira parte desta quinta temporada e nos leva à expectativa pela próxima leva de episódios natalinos.


O diálogo em questão, de maneira brilhante, resolve um problema que foi identificado por muitos fãs da série, que ficaram divididos quanto à mudança inesperada da orientação sexual de um dos personagens mais importantes da trama. Pode-se argumentar que a mudança repentina na sexualidade do personagem tenha sido influenciada por uma busca por adequação às pautas de diversidade contemporâneas do mercado. No entanto, a forma como os Duffer abordaram e resolveram essa questão é digna de aplausos. A maneira como o texto foi escrito é tão habilidosa que alavanca esta cena, à primeira vista desnecessária, como uma das maiores pérolas da atração. A resolução serve de exemplo de como um diálogo habilmente construído pode corrigir rumos narrativos que foram percebidos como forçados pelo público mais assíduo, provando a superioridade da coerência diegética sobre qualquer agenda cultural imposta. A habilidade do texto é, sem dúvida, incrível.


Um Resgate Bem-Vindo

Outro ponto de destaque é a participação de uma personagem que nos foi apresentada na segunda temporada, em um dos episódios mais criticados pelos fãs da série (aquele que dividiu a trama do grupo principal), mas que foi tão bem resgatada na narrativa que duvido que alguém se incomode com sua presença. Isso demonstra a capacidade dos Duffer de revisitar e aprimorar elementos do passado da série.

Se os Duffer demoraram demais para apresentar a quarta temporada e desagradar tanto os fãs com as enrolações, parece que a lição foi aprendida. Eles agora, após três longos anos de espera, nos apresentaram algo sublime no início do fim. A expectativa para o Natal é altíssima.



Marlo George assistiu, escreveu e — assim como os Duffer — já "deslacrou" muita coisa... mas, no caso deste que vos escreve, foram centenas de latas e garrafas de cerveja (geralmente Brahma, afinal... trata-se de um moço de bom gosto)

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