Ficha técnica:

Argo (2012)
Lançamento: 09/11/2012
Duração: 120 min.
Gênero: Comédia, História, Suspense
Direção: Ben Affleck
Elenco: Ben Affleck, Alan Arkin, John Goodman, Bryan Cranston.
Origem: Estados Unidos
Idioma: Inglês

Sinopse: Dramatização da operação que, nos anos 80, resgatou seis diplomatas americanos do Irã, durante a revolução.


Você conhece Benjamin Geza Affleck?

Pois é! Apesar de seus 32 anos de carreira, parece que até pouco tempo atrás ninguém conhecia, realmente, o já veterano ator, roteirista, produtor e diretor Ben Affleck. Melhor dizendo, acho que alguns até já tinham ouvido falar dele, enquanto outros apenas pensavam que o conheciam. Até que um belo dia ele dirigiu um filmaço e ganhou nada mais, nada menos que o BAFTA e o Globo de Ouro de Melhor direção. E ao que tudo indica, levará o Oscar também.

Pois é esta a impressão que fica. De que você realmente não conhecia de fato este camarada. Affleck era para mim apenas um ator regular que teimava em escolher papéis errados, ruins. Que dizer de Demolidor - O Homem sem Medo, Menina dos Olhos, Sobrevivendo ao Natal e Procura-se Amy? Cruzes! Os quatro figuram na minha lista (enorme) de maiores atrocidades já cometidas no mundo cinematográfico em todos os tempos. Daí que, me vem o protagonista de todos estes fracassos a se meter de diretor e, ao invés de errar, ele acerta.
Ben Affleck, o diretor ignorado pela Academia. (Divulgação)
Affleck dirigiu até agora três filmes em sua curta carreira como diretor de longa-metragens, iniciada em 2007 com o filme Medo da Verdade e desde então vem chamado a atenção da crítica especializada. Com Argo, Ben Affleck entra definitivamente para o panteão de diretores mais quentes de Hollywood, figurando ao lado de gente como Quentin Tarantino, J.J. Abrams, Bryan Singer, Joss Whedon entre outros.

O trabalho de Affleck em Argo foi tão primoroso que ele faturou o prêmio de Melhor Diretor dos prêmios BAFTACritics Choice AwardFlorida Film Critics Circle Awards, Southeastern Film Critics Association Awards, além, é calor de ter levado o Globo de Ouro. Porém, os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não indicou Ben Affleck ao prêmio de Melhor Diretor da premiação mais importante da industria cinematográfica.

Uma tremenda bola fora.

Ele merecia.

Um filme (quase) perfeito.

Os seis refugiados. Repare no trabalho dos figurinistas.
Argo é um daqueles filmes que mostram, aos outros filmes, como filmes devem ser produzidos. Tudo nele beira a perfeição. O trabalho de pesquisa feito pela equipe de Argo é primoroso, de modo que ao assistir ao filme, somos transportados imediatamente ao início dos anos 80. Um pecado que Argo não tenha sido indicado ao prêmio de melhor figurino. A Academia dá mais uma prova, ao analisar o mesmo filme, de que é desatenta. As gravatas imensas e roupas provavelmente oriundas de brechós especializados que vemos em Argo estão muito mais fiéis aos anos 80 do que os vestidos, anáguas e armaduras de Espelho, Espelho Meu e Branca de Neve e o Caçador, estão fiéis à fantasia e aos contos de fadas. Entretanto estes dois últimos foram indicados em detrimento do filme aqui resenhado.


A trilha sonora, indicada ao Oscar, foi composta por Alexandre Desplat, que já tinha sido indicado por A Rainha (2007), O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), O Fantástico Sr. Raposo (2009) e O Discurso do Rei (2010). Tendo em vista que um dos concorrentes de Desplat é o veterano John Willians por Lincoln, acho que ainda não será dessa vez que o compositor francês levará um Oscar pra enfeitar a prateleira de casa. Mas de qualquer maneira o trabalho de Desplat é soberbo, principalmente nas cenas tensas durante a perseguição do avião pelos revolucionários iranianos no final do filme. Destaque também para as canções que rolam durante o filme de bandas como Led Zeppelin, Rolling Stones e Dire Straits.

Goodman, Arkin e Affleck (Divulgação)
No que diz respeito às atuações, a dupla Alan Arkin e John Goodman é impagável. Um detalhe que não posso deixar de observar aqui é a postura de Ben Affleck enquanto ator neste filme. Acho que ele sabia que estava atuando ao lado destes dois monstros sagrados do cinema e, consciente disso, serve de escada para Alan e John, sempre que está em cena com ambos ou com cada um deles separadamente. São estes detalhes que provam que Affleck será em breve um grandes cineastas de nosso tempo. Ele usa sua experiência em atuação à serviço de seu trabalho como diretor. Se auto dirige e não erra a mão, querendo aparecer mais que a maioria.

Por último, mas não menos importante (alerta de clichê), tenho que falar do timing do filme. Argo é um filme dinâmico. Principalmente da metade do filme para o fim, quando a operação de resgate aos americanos clandestinos é iniciada. A coisa toda é tão bem editada que, mesmo sabendo do desfecho, é impossível não se sentir tenso, nervoso e eufórico.

Assista Argo. Mas o faça antes da cerimônia de entrega dos Oscar que ocorre neste domingo. Vamos torcer juntos.

Confira o trailer: