Poster nacional

Sinopse: Ambientado no sul dos Estados Unidos dois anos antes da Guerra Civil, "Django Livre" é estrelado pelo vencedor do Oscar®, Jamie Foxx, como Django, um escravo cujo histórico brutal com seus ex-senhores o coloca cara a cara com o caçador de recompensas alemão, Dr. King Schultz (o vencedor do Oscar®, Christoph Waltz). Schultz está no encalço dos sanguinários irmãos Brittle, e Django é o único que pode levá-lo à sua recompensa. O heterodoxo Schultz compra Django com a promessa de alforriá-lo assim que capturar os Brittle – mortos ou vivos. O sucesso leva Schultz a libertar Django, embora os dois optem por não seguirem caminhos separados. Em vez disso, Schultz caça os criminosos mais perigosos do sul dos E.U.A. tendo Django ao seu lado. Aperfeiçoando suas habilidades vitais de caça, Django permanece focado em um único objetivo: encontrar e resgatar Broomhilda Von Shaft (sim, #EuRiKerry Washington), a esposa que ele havia perdido para o tráfico de escravos há muito tempo. A busca de Django e Schultz acaba levando-os até Calvin Candie (o indicado ao Oscar®, Leonardo DiCaprio), o proprietário de “Candyland”, uma fazenda abominável onde os escravos são preparados pelo treinador Ace Woody (Kurt Russell) para lutarem entre si por esporte. Explorando a fazenda sob falsos pretextos, Django e Schultz despertam a desconfiança de Stephen (o indicado ao Oscar®, Samuel L. Jackson), o fiel escravo doméstico de Candie. Suas manobras são percebidas, e uma organização traiçoeira fecha um cerco ao seu redor. Se Django e Schultz quiserem escapar levando Broomhilda, eles precisam escolher entre a independência e a solidariedade, entre o sacrifício e a sobrevivência… Escrito e dirigido pelo vencedor do Oscar®, Quentin Tarantino"Django Livre" é produzido por Stacey Sher, Pilar Savone e Reginald Hudlin. Os produtores executivos são Harvey e Bob Weinstein, Michael Shamberg, Shannon McIntosh e James Skotchdopole.

Resenha: Existem algumas pessoas que não devem ter poder em suas mãos. Elas devem apenas ter dúvidas de que são boas no que fazem. Pois, somente assim, produzirão suas melhores obras. Infelizmente, Quentin Tarantino é uma dessas pessoas.

O diretor
Quentin Tarantino
Antes de ser cineasta badalado, Tarantino chegou a ser atendente de video-locadora, onde deve ter assistido a muitos gêneros cinematográficos que muito provavelmente o inspirou em seus roteiros como os policiais B, blaxpoitation, os filmes asiáticos, seriados de TV e, claro, os "bang-bang à italiana" (spaghetti western só lá fora, ok?). E ele teve muito tempo até seu primeiro roteiro - "Amor à Queima-Roupa" - ter sido aprovado, mesmo que com outro diretor. Mas ele queria mesmo era dirigir, comandar ao seu jeito, orquestrar cada detalhe. Quando isso finalmente aconteceu, com uma valiosa ajuda do ator Harvey Keitel, veio ao mundo "Cães de Aluguel", um filme barato, com poucos cenários e apenas interpretações violentas - e que, até hoje, divide opiniões.

O começo discreto abriu caminho, pouco tempo depois, para "Pulp Fiction - Tempo de Violência", filme que trouxe à baila nomes outrora esquecidos e desacreditados como John Travolta e Uma Thurman. Embora também violento e igualmente dividindo opiniões, garantiu o reconhecimento público através das indicações ao Oscar de Melhor Filme e Roteiro Original - só ganhou o segundo.

Dr. Schultz (Waltz)
& Django (Foxx)
Tarantino conheceu a badalação, com todos dizendo que havia nascido um novo gênero cinematográfico, um novo jeito de se fazer filmes - e veio um monte de filmes na esteira tentando emular "a fórmula Tarantino" - enquanto todos aguardavam qual seria o próximo projeto do diretor. Ele escolheu adaptar o livro "Ponche de Rum" - escrito por Elmore Leonard e que já havia sido realizada uma versão pro cinema - com o filme "Jackie Brown". Críticas apáticas e reação desanimadora da bilheteria o jogaram no ostracismo novamente. Escreveu e dirigiu uns episódios de seriados de TV, até voltar à baila com "Kill Bill Volume 1", onde voltou à badalação e muita curiosidade sobre a tal segunda parte da história. E, quando aconteceu, não foi tão aclamado assim, com opiniões divididas novamente, tanto de crítica quanto de público.
Broomhilda
 (Kerry Washington)
E seu projeto seguinte, uma "fábula" sobre a Segunda Guerra Mundial, só começou a tomar forma - mais uma vez - quando Brad Pitt aceitou fazer o papel principal. Ousando na escolha do elenco, deu chance ao desconhecido Christoph Waltz brilhar como o nazista Hans Landa e revelou Michael Fassbender ao mundo. Sucesso novamente e muita expectativa em torno de sua nova empreitada...

(não, eu não esqueci de "À Prova de Morte" mas não o considero como filme mas sim uma experiência muito frustrada por parte de Tarantino, que quis intelectualizar o que deveria ser uma simples paródia, por se tratar do projeto Grindhouse, que nos trouxe a pérola "Planeta Terror"...)

Daí, chegamos aos dias atuais e temos esse tal de "Django Livre", com elenco estelar e nomes como Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Jamie Foxx, juntos num faroeste. Ousada escolha, devemos admitir. Mas ousadia não é o principal ingrediente para um grande filme...

Candie (DiCaprio)
Temos, novamente, uma divisão por parte da crítica e do público. Mesmo tendo ganho indicação ao Oscar de Melhor Filme, Ator Coadjuvante e Roteiro Original, não recebeu a de Melhor Diretor. E mesmo tendo ganho o Globo de Ouro de Melhor Coadjuvante (Christoph Waltz), isso ainda não quer dizer nada em relação à qualidade do filme.

Mais uma vez, temos outra história de vingança, assim como em "Bastardos Inglórios". Mais uma vez, temos trechos da história faladas em alemão, ainda que isso sirva de elemento-chave quando acontece e fazer todo sentido. Porém, mais uma vez, infelizmente, temos um filme indeciso como "Jackie Brown". Como se fosse uma mistura de faroeste dos anos 1950 / 1960 com a minissérie de TV "Raízes", abordando clichês dos "fora da lei" com a crueldade da escravidão sob um contexto bem estruturado, Tarantino pesa a mão e exagera em algumas partes - como lhe é bem peculiar -, tornando o conjunto da obra um tanto confuso sobre do que, realmente, se trata a história.

Stephen (Jackson) toma de assalto todas
as cenas em que aparece...
Temos um protagonista que não é tão carismático e suas ações não levam a trama adiante. Quem faz isso é o elenco de apoio. Aliás, que elenco! DiCaprio dando um show como o insuportável Candie - provavelmente todo mundo já lidou com tipos que lhe esfaqueiam sorrindo -, Waltz como um caçador de recompensas muito bem educado e cortez - até que tenha de fazer seu serviço, mostrando-se frio e calculista - e, claro, Jackson mostrando tudo o que aprendeu em todos esses anos, destacando-se de todo mundo, roubando cada cena em que aparece e te fazendo duvidar, a cada instante, se seu personagem Stephen não é o verdadeiro vilão desta história - juro que ainda não sei...

- "Meu nome é Django. O 'D' é mudo..."
- "Eu sei..."
Infelizmente, Tarantino escreveu bem estres três personagens com diálogos impressionantes e fez a trama e o pano de fundo da escravidão envolvê-los. Só que o filme não vai direto ao assunto e, ao longo de quase três horas de exibição, torna-se arrastado, modorrento, fazendo-nos querer ver o que teremos na aguardada conclusão. A edição é culpada em parte pois pelo menos trinta minutos de projeção poderiam facilmente terem sido limados para enxugar a história, dando-lhe uma lufada de frescor e tanto, tornando tudo um pouco mais palatável. Mas a culpa é mesmo de Tarantino, que já declarou que sua ideia era colocar a história na TV sob a forma de uma minissérie para poder mostrar tudo o que desejava, sem se preocupar com a duração. Bem, hoje em dia, a TV é tão lucrativa quanto o cinema e era uma questão a ser considerada pois temos mesmo a impressão que alguém deve ter gritado no set de filmagem que ninguém iria gostar de ver um filme com mais de três horas de duração no cinema hoje em dia.

Um acerto da produção foi ter convidado Franco Nero, o Django original, para participar de uma cena muito interessante e totalmente contextualizada. Não precisam ficar procurando por essa cena no filme. Todo mundo vai saber que cena é essa...

O figurino acertado em muitos momentos e confusos em outros - óculos Rayban multicoloridos em pleno velho oeste? -, fotografia clássica e trilha sonora misturando tudo, desde o tema do filme original até hip hop, que não me convenceu em muitos momentos, principalmente no ápice. O cenário foi um grande incômodo, que nos traz a suspensão de descrença, tão falso que chega a ser gritante, contrastando com as belíssimas paisagens das cenas externas.

Vamos ver se Tarantino aprende mais essa lição, desiste de se achar muito bom no que faz e resolve, novamente, mostrar que sabe contar uma história para nos entreter e não para se exibir.

Kal J. Moon monta em seu cavalo Pé-de-Pano, que fica em duas patas e bata os cascos no joelho, fingindo que está cavalgando... Isso é que é caubói!