Ficha Técnica:


Indomável Sonhadora (2012)
(Beasts of the Southern Wild)
Lançamento: 22/02/2013
Duração: 93 min. 
Gênero: Drama, Fantasia
Diretor: Benh Zeitlin
Elenco: Levy Easterly, Dwight Henry, Quvenzhané Wallis
Origem: Estados Unidos
Idioma: Inglês
Classificação: 10 anos - Conteúdo Impactante


Estive ontem na cabine de imprensa promovida pela Imagem Filmes para uma exibição especial do filme Indomável Sonhadora. Queria ter feito a resenha ontem, mas enquanto voltava pro escritório, ainda no metrô, decidi deixar para registrar minhas impressões sobre este filme hoje. Depois de digeri-lo um pouco mais. 

Segue abaixo a sinopse do filme para que você também o conheça um pouco melhor, para que possamos iniciar nosso papo sobre o mesmo:

Em uma comunidade da baía pantanosa e perigosa, completamente esquecida e isolada do resto do mundo por um extenso dique, à beira do abandono, vive uma garotinha chamada Hushpuppy. Há muito tempo sua mãe partiu e seu amado pai Wink, que era um bravo homem, passou a comportar-se de forma pândega. Em meio a isso tudo, Hushpuppy se vê obrigada a viver por conta própria, isolada com animais selvagens e acaba percebendo que a natureza forma uma frágil rede que conecta as coisas vivas, onde o universo inteiro depende de que tudo funcione corretamente. Até que um dia, uma apocalíptica tempestade atinge sua cidade, elevando o nível das águas, seu pai adoece e criaturas pré-históricas ferozes retornam à vida e invadem o planeta. Enquanto Hushpuppy vê desmoronar a ordem natural de tudo a que ama, em uma tentativa desesperada de recuperar seu mundo e salvar seu pai doente e seu lar, esta pequena heroína terá que aprender a sobreviver em meio a uma épica e incontrolável catástrofe.


Quando li esta sinopse e conheci o nome dos protagonistas, o cenário apocalíptico e a missão da heroína, achei que se trataria de mais um filme de fantasia, cheio de seres fantásticos, aventuras incríveis e outras bobagens do gênero. Logo, minha primeira reação mental foi pensar "Legal!", afinal eu adoro filmes de fantasia, cheios de monstros, heróis e até mesmo das bobagens do gênero.

Porém, nunca estive tão enganado.

Assim que a sala de cinema escureceu e alguém, em sua câmara secreta, pôs a fita pra rolar, me deparei com um filme de fantasia diferente. Os elementos fantásticos iam sendo apresentados ao público não através de efeitos especiais ou situações mirabolantes, mas por intermédio das reflexões particulares da menina  conhecida apenas como Hushpuppy. É através dos olhos de Hushpuppy que entramos em contato com o universo de Indomável Sonhadora.

A heroína Hushpuffy (foto: Imagem Filmes)
Hushpuppy cresceu em uma espécie de bairro isolado do resto da cidade por um dique chamado "Banheira". É um lugar inóspito, alagado e ameaçado de ser riscado do mapa por uma tempestade que inundaria todo o lugar. No script inicial Banheira ficaria em Louisiana, nos EUA, onde ocorreu, alguns anos atrás, a tragédia do furacão Katrina, mas o diretor, Behn Zeitlin, decidiu que o lugar exato onde ficaria a Banheira não deveria ser mencionado, no intuito de eliminar referências, tornando o filme uma experiência mais rica e ampla. Mais fantástica.

Wink e Hushpuffy  (foto: Imagem Filmes)
Mesmo vivendo da terra e dos animais que criavam para o abate, e em meio a um ambiente nada adequado, os habitantes de Banheira não se deixavam abater e viviam festejando, cantando e seguindo uma filosofia de vida diferente de quem mora nas grandes cidades. A própria Hushpuppy nos leciona esta filosofia enquanto nos conta sua história através de seus pensamentos. A principal lição: Tudo no mundo deve estar em perfeito equilíbrio para que tudo esteja bem.

E foi justamente quando a ordem das coisas foi tirada do lugar que o mundo, praticamente, chegou ao fim para os habitantes de Banheira. Mas se eu contar mais da história aqui, posso estragar a sua sessão no cinema.

Como vem estampado em letras garrafais no poster, Indomável Sonhadora recebeu quatro indicações para o Oscar. Não posso falar muito sobre a indicação de Melhor Roteiro Adaptado, pois não assisti a obra original (o filme é baseado na peça "Juicy and Delicious" da teatróloga e atriz Lucy Alibar, que além de co-roteirizar o filme é amiga do diretor Behn Zeitlin) e se torna impossível analisar o roteiro sem ter bagagem para amparar minha opinião.

Quanto ao prêmio de Melhor Atriz, já é sabido que a bela Quvenzhané Wallis irá comparecer à cerimônia já preparada psicologicamente para sair de mãos abanando. Ela é uma boa atriz? Só o tempo dirá, mas podemos afirmar desde já que ela não é páreo para atrizes mais experientes como Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) que levou o Globo de Ouro, Naomi Watts (O Impossível), Emmanuellle Riva (Amour) e até mesmo do que a jovem Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida), que entrou na disputa contra Chastain ao levar a estatueta, após ganhar um Actor no SAG Awards. Além do mais, não será novidade a Academia indicar atores mirins e não premiá-los.

De toda forma Wallis já ganhou um prêmio: O de atriz mais nova a ser indicada ao Oscar. Já está de bom tamanho.

Quvenzhané Wallis é atriz mais nova a ser indicada ao Oscar (foto Imagem Filmes)
O diretor do filme, Behn Zeitlin, foi indicado ao prêmio de Melhor Diretor e tal indicação é merecida. Indomável Sonhadora é seu primeiro filme e ele já mostrou serviço. A forma como dirigiu atores sem nenhuma experiência em atuação (todos os atores do filme entraram no cast em audições com os habitantes das cidades próximas das locações) é uma tarefa árdua e ele a resolveu de forma primorosa. Mas ele não vai levar o Oscar, apesar da minha torcida particular. Seria legal ver a academia premiar um diretor ousado como ele. Mas... fica pra próxima, Zeitlin.

E finalizando, assim como Indomável Sonhadora não irá levar o Oscar de Melhor Diretor, também não vai levar o de melhor filme. É um filme bom, humano, divertido e ao mesmo tempo trágico, com uma mensagem muito bonita e um final de encher os olhos de lágrimas, mas não é o tipo de filme que ganha o Oscar. Possivelmente quem irá levar este prêmio é Argo ou Lincoln.

Bem, apesar de (possivelmente) não levar nada no Oscar, trata-se de um filme premiado (ganhou prêmios em Cannes, no Festival Sundance, entre outros) e vale o ingresso.

Entra em cartaz no Brasil em 22 de fevereiro e você deve assistir este filme. No cinema.