Título: Mama
Ano: 2013
Lançamento: 05/04/2013
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 100 min.
Gênero: Horror
Diretor: Andres Muschietti 
Elenco: Jessica Chastain, Nikolaj Coster-Waldau, Megan Charpentier, Isabelle Nellsse 
Origem: Espanha/Canadá
Idioma: Inglês

Sinopse: Annabel e Lucas encaram o desafio de criar suas pequenas sobrinhas que foram abandonadas na floresta por cinco anos. Porém, as meninas, não estavam sozinhas na floresta, e sim sob a tutela de algo sobrenatural.

Se você, como eu, vive reclamando que os filmes de terror de hoje em dia não assustam o suficiente, que a única sensação que tem ao assisti-los é vontade de rir, que tá um saco... Bem, seus problemas acabaram.

Mama é baseado em um curta metragem horripilante que convenceu o badalado diretor Guilhermo Del Toro, que entre outras obras dirigiu o também apavorante O Labirinto do Fauno de 2006, a adotar os criadores do curta, os irmãos argentinos Andres e Barbara Muschietti, como seus pupilos e bancar a produção de um longa baseado no mesmo. Del Toro é produtor executivo do projeto.

Originalmente, o curta foi filmado (em apenas um dia) para provar que Andres, que era conhecido por dirigir comerciais engraçadinhos, era capaz de criar histórias de terror. Ajudado por sua irmã, ele colocou a mão na massa e criou um curta tão magnífico que pegou de surpresa toda a industria cinematográfica.

Amor materno, e sinistro.


Um fantasma é como a essência de uma pessoa.
Se você deixar uma personalidade inteira secar ao sol,
então o que fica é o cadáver de uma emoção.”  – Guillermo del Toro

O ditado acima, do próprio Del Toro, poderia servir como sinopse para Mama. No filme a mensagem é justamente essa. O roteiro, assinado pelos irmãos Muschietti e por Neil Cross (que atualmente escreve para a série Doctor Who) é fluente, bem sacado e faz pensar. De nada adiantariam os efeitos especiais e de som se estes não servissem à um roteiro bem escrito, afinal, como sempre digo, toda a parte técnica de um filme deve de estar à serviço do roteiro e não o contrário, sob o risco de um resultado final medíocre. E Mama não é um filme medíocre, muito pelo contrário, já que é um filme que, pra te assustar, não se utiliza de recursos baratos como um susto ao acaso.


Mama não faz BÚ! O filme te assusta, te apavora, utilizando-se de suas próprias emoções mais primitivas, como por exemplo o elo que todos nós temos com uma figura materna (seja lá quem for). Foi incômodo para mim perceber que é totalmente razoável entender as motivações da personagem título, mesmo que absurdas, e até mesmo as da pequena Lilly (Isabelle Nélisse), que no final do filme toma uma atitude louca. A razoabilidade de tais motivações e atitudes, desvairadas, reside no fato de que foram tomadas unica e exclusivamente por amor. É aí que o filme assusta.

Quanto ao cast, basta dizer que não dá pra resistir e não assistir um filme em que Jessica Chastain, que está em ótima fase, e Nikolaj Coster-Waldau formam um casal. Ainda mais quando este casal é uma roqueira balzaquiana que age como uma adolescente e um cartunista falido e obcecado pelo desaparecimento das duas sobrinhas e do seu irmão gêmeo. Ambos estão ótimos no filme e rolou uma química muito legal entre eles, enquanto estão em cena. Nikolaj inclusive teve mais uma oportunidade de provar que não é, mesmo, só mais um rostinho bonito de Hollywood. Em Game of Thrones ele já tinha chamado a atenção, em Oblivion (com Tom Cruise) ele não teve muito destaque, mas em Mama o cara mandou bem, tanto como o nefasto Jeffrey, quanto como o obstinado Lucas. Jessica Chastain estava ótima como a roqueira Annabel. Conforme a trama vai se desenrolando podemos sentir claramente que a personagem de Chastain vai evoluindo, ou melhor dizendo, amadurecendo conforme vai enfrentando as dificuldades que vão surgindo ao tentar criar suas duas sobrinhas emprestadas. Principalmente as dificuldades de criar duas crianças "amaldiçoadas".

A dupla de irmãs Victoria e Lilly (Megan Charpentier e Isabelle Nélisse, respectivamente) arrebenta, mostrando que o trabalho do diretor é competente, afinal, dirigir crianças é sempre um desafio. Daria até um pouco mais de destaque à pequena Isabelle Nélisse, pois ela foi a responsável pela maior parte de todos os medos que me acometeram enquanto esse filme rolava na tela. A garotinha é sinistra.

Eu fiquei com medo da Lilly (Divulgação)
Na parte técnica o pessoal da CG criou uma Mama realmente apavorante que me lembrou muito dos quadrinhos de terror da série Capitão Mistério da editora Bloch, que eu lia quando era pequeno. Foi legal ter sido remetido àquela época tão importante para minha formação pessoal. A cena da alucinação de Lucas, vendo seu irmão falecido em um viaduto, me fizeram ter a impressão de estar assistindo à uma versão modernizada de filmes de terror do início do século passado como Nosferatu, de 1922.

No geral, Mama é um filme obrigatório, que coloca no mapa de Hollywood uma galera boa que certeza está com vontade de realizar grandes obras.

Trailer: