Data de estreia: 12 de abril de 2013
Estúdio: Universal Pictures
Diretor: Joseph Kosinski
Roteiro: Karl Gajdusek, Michael Debruyn
Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Olga Kurylenko, Andrea Riseborough, Nikolaj Coster-Waldau, Melissa Leo
Gênero: Ficção Científica, Mecha, Ação, Aventura
Site oficial: Oblivionmovie.com | Facebook | Twitter 

Sinopse: Veterano encarregado de extrair recursos do planeta Terra após uma guerra apocalíptica começa a se perguntar sobre sua missão e sobre si mesmo.


Tom Cruise encara a si mesmo nas telas e na vida real.

Tom Cruise (Divulgação)
Desde que Thomas Cruise Mapother IV, mais conhecido pelo reles mortais como Tom Cruise, se sindicalizou (provavelmente no ano de 1981, quando interpretou um personagem minúsculo no filme "Amor Sem Fim" com a ex-superstar Brookie Shields) que deve constar em sua ficha de registro uma marca de carimbo, em vermelho, que diz o seguinte: Café com leite!

Nossa mãe, o que esse cara já ralou pra ser reconhecido pela famigerada Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood não está no gibi, ou melhor, está nos filmes que fez. Em 1989, quando ainda era considerado só um rostinho bonito em posteres de filmes como "Top Gun" e "Cocktail", ele meteu o pé na porta da Academia pela primeira vez e foi (teve que ser) indicado ao prêmio de Melhor Ator daquele ano pelo filme "Nascido em 4 de Julho". Perdeu para Daniel Day-Lewis pelo filme "Meu Pé Esquerdo". Tudo bem! Era a primeira vez dos dois e Daniel Day-Lewis é Daniel Day-Lewis. Em 1997 ele encarou Geoffrey Rush (Shine- Brilhante) e perdeu, mas dessa vez ele nem merecia muito. Não curto Jerry Maguire, apesar de ser fã do Cameron Crowe. Já em 2000, foi indicado ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante e perdeu para o maior ator coadjuvante de todos os tempos: Michael Caine (páreo duro com Morgan Freeman).

Teve aquele dia em que ele chegou perto de uma estatueta.
Tá, ele só encarou fera. Concordo. Mas de lá pra cá o camarada mereceu pelo menos duas indicações a Melhor Ator. Em "O Último Samurai" (2003) e "Colateral" (2004) parece que a Academia só teve olhos para os atores coadjuvantes Ken Watanabe e Jamie Foxx, respectivamente, ambos indicados. Nos dois filmes o velho Tom arrebentou e em pelo menos um deles deveria ter levado o careca dourado pra casa. "O Último Samurai" é, na minha opinião, o melhor filme do cara. Naquele ano concorriam ao prêmio de Melhor Ator Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos), Jude Law (Cold Mountain), Ben Kingsley (Casa de areia e névoa), Bill Murray (Encontros e Desencontros) e Johnny Depp (Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra). Levou Sean Penn, mas bem que quem poderia ter levado era o Tom Cruise, que estava melhor como Nathan Algren, do que todos os indicados em seus respectivos papéis.

A culpa é do maldito carimbo! Só pode ser! O cara brinca, segue as regras da brincadeira, mas não ganha nunca. Acho que vai rolar a mesma coisa em "Oblivion", filme que estreia hoje. Tom novamente nos presenteia com um personagem muito bem construído, com uma interpretação competente, mas que, com certeza, será ignorada pela Academia. Neste filme o ator em uma das cenas encara a si próprio e tem de matar aquele outro ser que é a sua imagem e semelhança. Acredito que seja isso que acontece toda manhã. Tom encara o espelho antes de sair de sua mansão sabe-se lá onde, e sabe que terá que enfrentar, mais uma vez, a si mesmo.

Cancele o carimbo ou eu atiro! (Universal Pictures)

Ficção científica pra quem curte ficção científica.

Não adianta reclamar, dizer que o filme é ruim ou ficar de mi mi mi. O segundo filme de Joseth Kosinski, que já tinha dirigido "Tron - O Legado", é ficção científica, ou Sci-Fi, de primeiríssima qualidade. Se você não gosta do gênero passe longe, pois "Oblivion" usa e abusa, no bom sentido, de todos os clichês do gênero e deve acabar sendo considerada a melhor produção Sci-Fi deste ano, apesar de ainda não termos assistido ao badalado Elysium, que entre outras novidades velhas traz Wagner Moura e Alice Braga no cast. Não vou nem citar o filme baseado no livro de Stephenie Meyer porque este sim, é café com leite.

Tom na pele do veterano Jack. (Universal Pictures)
Em "Oblivion" conhecemos Jack, um quarentão que vive de captar os últimos recursos restantes de um planeta Terra que foi destruído por uma guerra em que os terráqueos venceram. Toda a raça humana foi evacuada para uma das luas de um planeta do sistema solar e na Terra só sobraram Jack e Victoria, a "Turma da Limpeza". Assim que o planeta estiver limpo, ou seja, sem recursos naturais ou artificiais úteis Jack e sua parceira poderão deixar o planeta e se juntar ao resto da humanidade. Um traço legal, e que tem explicações profundas, da personalidade do protagonista é algo que já está se tornando meio que comum em filmes Sci-Fi: A nostalgia, no melhor estilo Renato Russo. Daquelas dita na letra da canção Índios: "... saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".

Olga e Cruise. (Universal Pictures)
Jack é um tanto quanto obcecado pelo passado. Ele usa um boné dos New York Yankees e sabe quase tudo sobre basebol, apesar de viver em uma época em que o esporte sequer existe mais por estas bandas, já que não há mais ninguém para jogá-lo. Nesse aspecto Jack em muito se assemelha ao James Tiberius Kirk do primeiro filme da nova saga de Star Trek e com o personagem Tomoru Shindo da série de anime Detonator Orgum, que foi exibida no Brasil em 1997 pela extinta TV Manchete, no programa U.S. Manga e também lançada, na época, em VHS pela Paris Filmes.

Através de sua busca pelo passado, o personagem de Cruise tenta se encontrar, assim como encontrar respostas pra sua própria existência. Sua relação, ou amizade colorida, com Victoria, interpretada pela ótima Andrea Riseborough, é artificial. Não há uma cumplicidade. Isto ao ponto de Jack ter um refúgio em uma espécie de oásis, desconhecido por Victoria, onde o personagem vive a experiência de viver uma vida terráquea normal, ouvindo Led Zeppelin, deitando na grama e bebendo água de um rio de águas cristalinas. Jack foge de si, do mundo e do serviço enfadonho que é obrigado a fazer, sempre que pode e é para este lugar que ele vai. Mas esta fuga de tudo e de todos estaria prestes a acabar com a chegada de Julia (Olga Kurylenko).

O trio simpático de Oblivium no Rio. (Universal Pictures)
No mais, temos um filmaço de Sci-Fi com direito à tudo que mais de legal um filme deste gênero pode oferecer: Rebeldes que formam uma resistência ao sistema estabelecido, naves maneiríssimas, lutas frenéticas e de quebra Morgan Freeman fazendo o que sabe fazer de melhor: Dar conselhos.

As origens de Oblivium

Capa do gibi
O projeto Oblivium foi criado por Joseth Kosinski, inicialmente como uma graphic novel (gibi, pra quem não sabe) de oito páginas quando foi entregue à Berry Levine e Jesse Berger, da Radical publishing (que entre outras coisas publica as séries Abattoir, Last Days of American Crime Book of the Month).

Com o tempo o projeto cresceu e se tornou uma novela ilustrada que terá lançamento simultâneo com o filme. Acho que, se a Universal Pictures opta-se por destacar que o filme é baseado em uma graphic novel iria atingir um público ainda maior do que irá atingir com esta produção. Muita gente não sabe disso, em especial aqueles que interessam: Os fãs de quadrinhos.

Tom Cruise sempre foi a primeira opção para viver Jack, porém o mesmo não aconteceu com os papéis de Julia e Victoria.

Olivia Wilde, Noomi Rapace, Kate Mara, Olga Kurylenko, Mary Elizabeth Winstead e Brit Marling compareceram às audições para o papel de Julia, mas foi Jessica Chastain que acabou sendo a escolhida para viver a misteriosa personagem. Por problemas de agenda Chastain acabou desistindo do projeto e o papel foi dado à Kurylenko. Já para o papel de Victoria, além de Andrea Riseborough, foram consideradas as atrizes Diane Kruger, Hayley Atwell e Kate Beckinsale.

Assista nos cinemas!

Cara, se você leu a resenha e se interessou em assistir ao filme, faça-o no cinema. Nada da comprar no pirateiro da esquina ou de baixar no torrent, vá ao cinema. Vale à pena. A direção de fotografia ficou a cargo do chileno Claudio Miranda, ganhador do Oscar por "As Aventuras de Pi", indicado por "O Curioso Caso de Benjamim Button". Foi filmado com equipamentos de ponta como câmera CineAlta F65, lançada recentemente pela Sony. A direção de arte arrebentou, enfim... Vá ao cinema. Assista lá!

Bom final de semana, com Tom e sua turma...

     Avaliação: Bom

Marlo George assistiu Oblivium no dia em que Andrea Riseborough e Olga Kurylenko chegaram ao Rio para a turnê do filme. Pensou que elas apareceriam na cabine de imprensa, mas se ligou que não vive em um mundo Sci-Fi, onde as estrelas caem do céu...

Trailer