
Estúdio: 20th Century Fox, Imagem Filmes
Diretor: Antonio Carlos da Fontoura
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco: Thiago Mendonça Marcos Breda Laila Zaid
Gênero: Biografia, Drama
Sinopse: Somos tão Jovens conta a emocionante e desafiadora história da transformação de Renato Manfredini Jr. no mito Renato Russo, revelando como um rapaz de Brasília, no final da ditadura, criou canções como ‘Que País é Este', ‘Música Urbana', ‘Geração Coca-Cola', ‘Eduardo e Mônica' e ‘Faroeste Caboclo', verdadeiros hinos da juventude urbana dos anos 80 que continuam a ser cultuadas geração após geração por uma crescente legião de jovens fãs.
— Nós vamos ser uma Legião!
Acho que nem mesmo Renato Manfredini Júnior, com toda a sua mania de grandeza, poderia imaginar que a sua "Legião" se tornaria tão grande. Tenha o verdadeiro Trovador Solitário dito ou não a frase acima, o que diz o personagem baseado em sua pessoa, e vivido no cinema por Thiago Mendonça, define o que o próprio Renato, Dado, Bonfá, e por que não dizer Renato Rocha, e seus milhares de fãs, na verdade são: Uma Legião.
A banda que eles formaram é um caso raro na música brasileira. Mesmo antes da morte de Renato Russo, em 1996, uma espécie de culto ao artista e sua banda foi fundado por alguns de seus fãs. Uma "religião nova", que tem os seus dogmas fundamentados numa filosofia que está presente em sua música. A Legião Urbana é a única banda brasileira que, além de entreter os seus fãs com suas canções, criaram um estilo de vida. O pensamento "Russoniano" é assoviado e vivido por milhares de seguidores fiéis, que mesmo após quase 18 anos de sua morte, persistem em acreditar nos ideais de um país melhor, menos retrógrado e terceiro mundista, em uma sociedade mais permissiva e receptiva às diferenças, enfim, em um mundo menos careta. Menos babaca.
Mas o filme aqui resenhado não fala sobre a Legião Urbana e sim sobre a sua gênese, sobre as sementes que germinariam o seu nascimento.
Os filhos da revolução
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Os punks de Brasília (Imagem Filmes) |
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Renato pronto pra voar, literalmente... (Imagem Filmes) |
"Somos Tão Jovens" cobre o período entre 1976 e 1982, desde que Renato descobre que quer ser um rockstar, até ele conseguir formar uma banda que pudesse realmente liderar. Obvio que entre uma coisa e outra o artista iria encarar algumas dificuldades e, a principal delas se chama "Aborto Elétrico". O Aborto era uma banda que Renato montou com Fê Lemos, vivido por Bruno Torres, e um punk sul africano chamado Petrus, interpretado por Sérgio Dalcia. No começo Renato achava que tinha conseguido montar a banda de sua vida, porém, por motivos particulares Petrus teve que voltar para a Africa do Sul, tornando-se esta a primeira perda, musicalmente falando, de Renato Russo. Depois disso o irmã de Fê, Flávio Lemos, entrou pra banda, mas animosidade entre Renato e Fê, assim como a atração que o cantor tinha por Flávio, acabariam por destruir a banda.
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Aninha, vivida por Laila Zaid, durante a cena mais bela do longa. (Imagem Filmes) |
Emocionante também foram todas as cenas de Thiago Mendonça e Sandra Corveloni, que fez a mãe do cantor, Dona Carminha. Há química entre os dois atores e isso só agrega valor ao filme. Marcos Breda também estava bem e encena um dos momentos mais tensos do filme, quando Renato Jr. cobra menos apatia por parte de seu pai (Breda) e mais reação, contra tudo o que está errado no País. O desfecho da cena é terno e mostra que por trás de um potencial "jovem revoltado" havia, na verdade, um menino de família.
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Thiago Mendonça arrebentou. (Imagem Filmes) |
Mas nem tudo são flores em "Somos Tão Jovens". Acho que o roteiro poderia ter tido uma atenção melhor e o excesso de referências à músicas e letras de sucessos conhecidos da Legião irrita um pouco. Edu Moraes, que interpreta o famoso Herbert Vianna, forçou tanto o sotaque "Herbertiano" que a sua atuação ficou caricata ao ponte de, durante a sessão, todo mundo (menos eu) cair na gargalhada. Não sei se estavam rindo de deboche ou se acharam engraçado mesmo. E veja que assisti ao filme em uma cabine de imprensa, restrita aos profissionais da área que em geral se comportam de maneira um tanto quanto sisuda nas sessões.
No mais, "Somos Tão Jovens" é um filme legal. Se quiser ir assistir pode ir sem medo.
Rock On!
Avaliação: Bom
Marlo George nunca curtiu Legião Urbana e nem mesmo o cinema nacional. Mas é um homem justo.
Trailer
3 Comentários
Não entendi. Falou tão bem do filme, fiquei tão entusiasmado, e no final dá 6.5 em 10? Quais os defeitos (não citados) no texto, então?
ResponderExcluirAbraço.
No trecho final da resenha, Marlo George diz: "Mas nem tudo são flores em "Somos Tão Jovens". Acho que o roteiro poderia ter tido uma atenção melhor e o excesso de referências à músicas e letras de sucessos conhecidos da Legião irrita um pouco".
ResponderExcluirAcho que isso explica tudo... (KJM)
Fala Eduardo. Pois é rapaz. Como disse, o filme é legal. Pode ir pro cinema entusiasmado. Dei 6,5, pois o filme fez o dever de casa e está acima da média, mas não é a obra-prima brasileira que um dia ainda teremos nas nossas telas.
ResponderExcluirValeu por ler a resenha. Força e paz!
Marlo George.