Ilustração de Brian Bolland
(Ed. Panini Books)
Sinopse: Ele é o ser mais poderoso da Terra. O único sobrevivente de um planeta condenado, que fez da segurança de seu mundo adotivo o trabalho de sua vida. Mas, apesar da batalha infindável pela verdade e pela justiça continuar até os dias de hoje, uma questão sempre assombrou sua brilhante lenda: como a história do Superman terminará?

Título: Superman - O Que Aconteceu ao Homem de Aço?
Roteiro: Alan Moore
134 páginas | Capa dura | Ed. Panini Books | Compre aqui



Resenha:
Superman sempre foi o super-heroi favorito do roteirista Alan Moore. E quando houve a menor oportunidade de escrever o personagem, Moore agarrou-a, literalmente. No distante ano de 1985, o editor Paul Kupperberg estava encarregado para escolher o escritor a suposta última história do Superman, uma vez que haveria um evento chamado "Crise nas Infinitas Terras", em que todas as revistas seriam zeradas e reiniciadas, com nova equipe criativa e recontando as origens de cada personagem. Paul estava em sua sala e divagou em voz alta quem ele escalaria para escrever a última história do homem de aço. Por uma coincidência atroz, Alan Moore estava no mesmo recinto. Ele agarrou o colarinho do editor e disse: "Se você não me deixar escrever esta história, EU TE MATO!".

Com o educado pedido acima, começaram a procurar o desenhista para a derradeira história. Ninguém mais adequado que Curt Swan (com arte final do sempre competente George Pérez), que definiu o Superman como o conhecemos, com estatura física muscular definida, um nêmesis à altura de qualquer oponente.
Vilões revelam a identidade secreta de Superman a todos!
(Desenhos de Curt Swan e Arte-Final de George Pérez)
A tal última história inicia e nomeia este encadernado, dividida em duas partes. Partindo duma premissa deveras simplista - onde já se passaram dez anos após a morte do maior super-heroi de todos os tempos e um repórter entrevista Lois Lane sobre como foi sua derradeira batalha contra todos os seus arqui-inimigos - descreve, quase em forma de "documentário em quadrinhos", duas narrativas: uma no tempo atual - onde Lois está sendo entrevistada pelo repórter novato - e outra onde vemos o retrospecto e presenciamos os motivos que levaram ao fim do heroi e seu último ato de salvamento. Sem contar nada e sem querer estragar qualquer surpresa, só podemos dizer que podemos entender o cerne do personagem de forma nunca vista antes. Sua humanidade é clara e Superman é completamente verossímil, do ponto de vista do esmerado roteiro.

Em seguida, temos um quase conto chamado "A Linha da Selva" - onde o roteirista faz parceria com Rich Veitch - e vemos Clark Kent descobrindo, durante uma exposição geológica, que um pedaço de Krypton foi encontrado por um cientista e isso acaba deixando-o paranóico, por conta dos efeitos da pedra, que ele iria morrer e liberar um grande mal. Superman, dirigindo um carro barato comprado à beira da estrada, segue para o centro mais distante, o pântano da Louisiana. E lá encontra o Monstro do Pântano, personagem que, sob a tutela de Moore, tornou-se praticamente um deus do reino silvestre, rendendo belas e admiradas histórias.

Superman às voltas com a morte... DE NOVO!
(arte de Rick Veitch)
Embora pareça uma história comum de encontros entre super-seres - onde ambos se encontrariam, se degladiariam e, ao final, entenderiam que estão do mesmo lado -, Moore trata este pálido cenário num poético conto de sobrevivência e percepção dos limites da vida humana.
Uma planta alienígena causa alucinações em Superman
enquanto o mata lentamente...
(arte de Dave Gibbons)

E encerrando a edição temos a sensacional história "Para o Homem que tem Tudo" - com arte de Dave Gibbons, seu parceiro no clássico Watchmen - onde descobrimos a data de aniversário do Superman (29 de Fevereiro!) e seus amigos Batman, Robin e Mulher-Maravilha estão na Fortaleza da Solidão para entregar presentes a ele. Ao encontrarem tudo em silêncio, procuram pelo aniversariante e acabam por achá-lo. Porém, Superman está em estado absorto, com uma planta alienígena no peito que o induz num efeito alucinógeno que o faz acreditar que NUNCA saiu de Krypton e o planeta NUNCA explodiu, onde Kal-El cresceu, tornou-se geólogo (!), é casado, tem filhos e vive feliz. Só que a planta vai matando-o fisicamente enquanto dá o maior desejo de sua vida.

Este "presente" foi dado por Mongul, um conquistador de mundos e antigo inimigo, que havia chegado antes dos outros herois, onde tomaria as rédeas do local e, por consequência, do planeta Terra.

Mais uma vez, temos uma história contada em dois tempos. Uma, numa Krypton imaginada por Kal, onde vemos que rumo sua vida teria tomado se o destino tivesse sido diferente. E outra, no tempo real, com seus amigos enfrentando Mongul numa grande e violenta luta, enquanto tentam livrar Superman do mal trazido pela planta.
Mongul deu a planta de "presente" no aniversário de Superman!
(arte de Dave Gibbons)
Enquanto muitos tomam Alan Moore como esse "profeta do realismo e do terrivelmente sério", vemos aqui uma amostra de que, acima de tudo, o autor consegue provar que uma história em quadrinhos tem de entreter antes de fazer pensar. E, no meio do entretenimento, mostra que é possível contextualizar com argumentos irrefutáveis e alcançar uma segunda leitura onde podemos enxergar algo além de uma simples briga de herois e vilões.

Esta edição é muito bem cuidada, com capa dura, papel que respeita as cores primárias e a arte, além de ter preço convidativo. Ainda temos prefácio pelo próprio Paul Kupperberg contando um pouco sobre Moore, além de uma breve biografia dos participantes da coletânea. Perfeita para quem acha que Superman é um heroi "chato" ou que não possui boas histórias em quadrinhos. Leia sem medo.

     Avaliação: Excelente

Kal J. Moon acredita que o homem pode voar. Afinal, não existe barreiras para a imaginação...
Alan Moore, roteirista

Sobre o autor
Alan Moore talvez seja o mais aclamado roteirista das histórias em quadrinhos. Já recebeu inúmeros prêmios por obras como Watchmen, V de Vingança, Do Inferno, Miracleman e Monstro do Pântano. é também a mente por trás do selo America's Best Comics, para o qual criou (ao lado de muitos desenhistas talentosos) A Liga Extraordinária, Promethea, Tom Strong, Tomorrow Stories e Top 10. Como um dos mais inovadores roteiristas do mundo dos quadrinhos desde o ínicio dos anos 1980, Moore vem influenciando gerações de quadrinhistas e seu trabalho continua inspirando um público cada vez maior. Moore mora atualmente na Inglaterra.


Trilha sonora: "Theme from Superman",
orquestrado pelo maestro John Williams