Chiwetel Ejiofor como Solomon.
Para muitos desconhecido (quando não confundido, por desavisados, com o ator homônimo falecido em 1980) o diretor londrino Steve McQueen dirigiu 23 curta metragens e dois longas (entre eles o cult premiadíssimo Fome de 2008) até que realizou seu sonho, quando recebeu carta branca para filmar a adaptação do livro de Solomon Northup, 12 anos de Escravidão, que é indicado ao Oscar, e um dos favoritos à levar a estatueta este ano.

Porém, qual a razão de tal favoritismo?

Ora, trata-se de um dos mais promissores diretores da atualidade, com uma certa predileção por temas polêmicos e corajoso o suficiente para arrebatar Hollywood com esta versão de uma história verídica que tem como tema a escravidão e, principalmente, os crimes e abusos cometidos em razão dela. Um outro quesito que torna este filme candidato ao maior prêmio do cinema é a escalação do elenco. McQueen buscou em seu conterrâneo Chiwetel Ejiofor e em seu ator favorito, o alemão Michael Fassbender (que está no elenco de todos os seus longas), os pilares de 12 Anos de Escravidão. A química entre os dois atores, principalmente em uma cena emblemática no terceiro ato (também compartilhada com Lupita Nyong'o e Sarah Paulson) é evidentemente enorme.

Filme memorável, que provavelmente resistirá ao tempo e será apreciado, como clássico que é, pelas gerações futuras.

Se vai vencer o Oscar ou não, só saberemos em 02 de março, quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood revelar seus favoritos. Porém, independentemente disso, 12 Anos de Escravidão será um filme memorável, que provavelmente resistirá ao tempo e será apreciado, como clássico que é, pelas gerações futuras.

Fassbender e Ejiofor. Atuações soberbas.
John Ridley, que entre outros trabalhos escreveu o primeiro episódio da série Um Maluco no Pedaço, a websérie Com a Cor e a Coragem e até um episódio da série animada Liga da Justiça, só tinha um longa metragem no currículo (Red Tails) e assumiu a responsabilidade de adaptar o livro de Northup para as telonas. Ridley deu conta do recado e mostra a forma degradante como os negros eram tratados no Sul dos Estados Unidos não de forma romântica como vimos em ...E o Vento Levou, mas cortando na carne e expondo como cruéis eram aqueles tempos em que os homens livres ou não, poderiam ser tratados como meros objetos apenas por suas origens africanas. O cuidado com que tomou ao dar vida e palavras à Ford (belamente encarnado por Benedict Cumberbatch), um homem controverso e cinza, benevolente, porém apático, mostra que estamos diante de um grande roteirista que talvez tenha sido pouco aproveitado no passado.

Northup caminhando como ovelha entre lobos.
A edição é muito cuidadosa e dá ritmo à história de Solomon. O filme, apesar de ter mais de duas horas, não é arrastado e quase não se sente o tempo passar durante a projeção. O som também está muito bem editado, em especial as vozes humanas, criando tensão e até mesmo incomodo. A dor e o sofrimento dos escravos não são atenuados pela música incidental. Sempre que se faz necessário, à favor da experiência de assistir ao filme, elas se fazem presentes, sendo quase que impossível passar isento pelo que está acontecendo no mundo de 12 Anos de Escravidão.

Se você procura por uma diversão escapista, passe longe de 12 Anos de Escravidão, sob pena de acabar se ferindo.










Marlo George assistiu, escreveu e torce que mais filmes necessários como este sejam lançados.




Estreia: 21/02/2014
Direção: Steve McQueen
Roteiro: John Ridley
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Garret Dillahunt, Paul Giamatti, Scoot McNairy, Lupita Nyong’o, Adepero Oduye, Sarah Paulson, Brad Pitt, Michael Kenneth Williams, Alfre Woodard, Chris Chalk, Taran Killam, Bill Camp 
Distribuição: Walt Disney Pictures

Duração: 134 minutos

Sinopse: Baseado na incrível história da luta de um homem pela sobrevivência e liberdade. Nos Estados Unidos antes da Guerra Civil.