Animações que tem como público alvo crianças de classe-média (leia-se, aquelas cujo os pais podem comprar os ingressos do cinema e, ao final, os lanches de fast-food com brinde, geralmente relacionado ao filme assistido) tendem a ser chatas e sem atrativos para adultos. Confesso que quando tenho que assistir à algo do tipo (seja à trabalho ou pra acompanhar meu filho) procuro baixar a bola e tentar curtir o mesmo. Geralmente eu acabo curtindo.

Este tipo de produção, quando são oriundas de produtoras como a Pixar, Disney ou Dreamworks, costumam trazer algo que nos faz curti-la. Enfim, algo que nos faça sorrir ao lembrar do longa.

Talia é a única personagem legal do desenho todo.
Justin e a Espada da Coragem, produção espanhola, pretensamente dublada originalmente em inglês, que tem como um dos produtores o galã Antonio Banderas (que quase esteve no Brasil para divulgar o desenho no ano passado, mas desistiu em razão dos protestos infames que estavam ocorrendo por aqui), infelizmente é uma daquelas que não posso dizer que curti. E digo infelizmente, porque cheguei na cabine de imprensa entusiasmadíssimo, já que vinha fazendo a cobertura da produção nos últimos meses e me impressionei com os seguintes fatores:
  • O tema é de meu apreço. Adoro fantasia medieval;
  • O character design é legal e funciona;
  • O elenco (internacional) é maravilhoso;
  • O trailer era tão legal que me fez querer assistir a animação na mesma hora.
Assim sendo, quando fui chamado pra cabine de imprensa do filme, desmarquei outros dois compromissos que tinha e corri pro cinema, empolgado. Saí de lá um pouco triste. O roteiro de Justin e a Espada da Coragem é completamente equivocado. Algumas das piadas simplesmente não tem graça, a única que foi bem sacada é a que faz referência ao Quarteto Fantástico da Marvel. Me incomodou também aquele personagem afeminado vestido de bobo da corte. Não sei se foi intencionalmente, mas que a anedota é de péssimo gosto, é!

"O trabalho bem feito pelo departamento de arte e de efeitos visuais foi jogado no ralo, pela falta de uma trama coerente"

No final, todo o trabalho bem feito pelo departamento de arte e de efeitos visuais foi jogado no ralo, pela falta de uma trama coerente. E o pior de tudo, atores talentosos como James Cosmo, Michael Culkin, Charles Dance, Alfred Molina, Mark Strong e Julie Walters poderiam ter sido bem melhor aproveitados se tivessem algo interessante para dizer, mas os argumentistas Matthew Jacobs e Manuel Sicilia pisaram na bola.

Alguns personagens são bizarros.
Falando em Sicilia, diretor de Justin e a Espada da Coragem, vale ressaltar que ele já tinha dirigido em 2008 uma outra animação, também produzida por Antonio Banderas, chamada El Lince Perdido, que nem é tão ruim quanto este seu novo trabalho.

Tenho certeza de que Justin e a Espada da Coragem será mais uma daquelas produções que tinham tudo para decolar e fazer história, sendo um adendo à animação espanhola, mas que acabará caminhando para um esquecimento misericordioso assim que sair de cartaz. Lembrando que a animação na Espanha vem crescendo, com produções interessantes como El Bosque Encantado (sentirás sua magia...), de 2001, Chico e Rita de 2010 e Cordas, curta- metragem que ganhou o Goya (prêmio outorgado anualmente pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha) em 2014.

Não foi desta vez Banderas...


Avaliação: Ruim.

Marlo George assistiu, escreveu e não quer assistir este filme novamente. Nunca mais!





Título: Justin e a Espada da Coragem
Data de Lançamento: 13 de fevereiro de 2014
Distribuição: PlayArte
Diretor: Manuel Sicilia
Roteiristas: Matthew Jacobs, Manuel Sicilia
Elenco: Antonio Banderas, Saoirse Ronan, James Cosmo, Michael Culkin, Charles Dance, Alfred Molina, Mark Strong, Julie Walters
Duração: 90 minutos

Sinopse: Justin sempre quis ser um cavaleiro, mas seu pai, conselheiro-chefe da Rainha, quer que o filho siga seus passos e se torne um advogado. Em busca de ajuda, o garoto procura a avó e descobre que seu avô, Sir Roland, foi o mais nobre cavaleiro do reino e protetor do Rei, até que ambos foram traídos e mortos pelo terrível Sir Heraclio. Contra o desejo de seu pai, Justin decide ir em busca de seu sonho e começa uma jornada para tornar-se cavaleiro.