
Uma
comparação entre a fase Marvel e a primeira etapa da fase Dark Horse nos
permite perceber o efeito disso. Enquanto o Conan da Marvel tinha uma leitura
densa, o da Dark Horse era bem mais leve.
Quando
alcançou a edição 50, a Dark Horse decidiu zerar a numeração, dando inicio a
uma nova fase na saga do personagem, junto com uma nova série. Timothy Truman
foi chamado dessa vez para os roteiros, e experiente autor tanto de quadrinhos
como de livros de RPG (tendo trabalhado para a extinta TSR - criadora do
Dungeons and Dragons - e autor de Grimjack - que pode ser encontrada em sebos
sem muita dificuldade), além de ser lembrado pela reformulação do Gavião Negro numa minissérie pós Crise das Infinitas Terras, decidiu respeitar
o texto de Howard, mesmo que em escala menor que Roy Thomas.
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Kurt Busiek |
E na primeira história de Truman à frente de Conan, pode-se perceber como ele desempenha isso de forma competente. A história, inédita, e não uma adaptação, mostra um jovem Conan voltando para a Ciméria (sua terra natal) após uma viagem pelos reinos civilizados do sul. Paralela a história do próprio personagem título da série, pode-se acompanhar, por flashback, as aventuras de Connacht, avô de Conan, cujas viagens aos reinos do sul motivaram o bárbaro em sua jornada aos reinos civilizados.
A versão brasileira, pela Mythos editora, apresenta as duas primeiras histórias da segunda série do personagem, uma versão ilustrada do poema "Cimmeria" originalmente publicada como uma edição especial de 0,99 dólares. A arte fica por conta de Tomás Giorello, que já havia assumido algumas edições antes da renumeração, com uma participação especial de Richard Corben nos flashbacks de Connacht. Tanto Giorello quanto Corben funcionam bem na selvageria da Era hiboriana e nas paragens bucólicas da Ciméria. Mas a arte de Corben se encaixa de forma maestral a narrativa de Connacht, surpreso e impressionado com os costumes civilizados e os terrores religiosos dos sacerdotes, como sangrentos sacrifícios humanos. Connacht, diferente do neto que inspiraria, não teve altas aventuras heroicas, sendo seus contos mais sombrios e introspectivos. Mesmo sendo criações de Truman, esses contos seguem a tradição das aventuras PULPS da origem de Conan, eventos repentinos de um dia ou uma única noite, com toda a narrativa e ação focadas em eventos curtos e diretamente relacionados. Mais uma grande sacada e respeito para com o autor original.
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Timothy Truman |
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