Quando se assiste a um filme tão bem escrito, com uma direção de fotografia tão acurada, com uma edição de som que nos transporta à atmosfera da história, com frases tão bem colocadas por um afiado elenco e que ainda te faz pensar - muito - sobre a atual situação política do planeta, fica difícil tentar expressar em palavras o quanto se gostou da obra que acabou de assistir. E isso ocorre com "Planeta dos Macacos -  O Confronto", continuação do reboot da franquia de 2011, dirigido por Matt Reeves (de Cloverfield - Monstro). E sabem por que? Que bom que perguntaram...


A Academia terá que ceder...
O filme começa com algumas imagens e narrações de telejornais informando que se passaram dez anos desde que o levante liderado por Caesar (um impressionantemente REAL Andy Serkis), o macaco que adquiriu consciência e cooptou outros macacos contra os maus tratos humanos. A humanidade foi dizimada pela "Gripe Símia", alastrada por conta do vírus desenvolvido e contraído pelo cientista que trabalhava no instituto de pesquisas Gen-Sys (onde trabalhava o personagem de James Franco, primeiro cuidador de Caesar).

Mas existe uma pequena parcela da população que está abrigada num local provisório, aguardando contato do que antes foi San Francisco, liderados por Dreyfus (o competente Gary Oldman - apesar de camaleão, ainda lembra o Comissário Gordon da trilogia Batman dirigida por Christopher Nolan). Este é um personagem dúbio pois apesar de ser pacífico, perdeu parentes para a Gripe Símia e espera conseguir levar os poucos sobreviventes a uma condição melhor de vida - custe o que custar. Por isso, uma pequena equipe é enviada à floresta onde existe uma usina hidrelétrica desativada, que pode restaurar a energia elétrica ao local e garantir a sobrevivência daqueles cidadãos enquanto aguardam a resposta da Guarda Nacional. E é aí que os problemas começam... 

Bem, isso é o plot principal: uma situação de emergência, do ponto de vista humano, de necessidades básicas. Porém, por trás dessa aventura vemos uma história politica, onde as melhores atuações foram executadas por quem NÃO aparece fisicamente - os macacos - numa alegoria que remete aos melhores dramas políticos da História do cinema como "Rei Lear", "O Poderoso Chefão" ou até mesmo "O Senhor dos Anéis".


E acredito que Andy Serkis mostra toda sua capacidade de atuação como Caesar, um líder que precisa manter sua tribo enquanto vê a ameaça humana chegar ao seu território. É um líder que aprendeu a ter compaixão mas precisa mostrar força pois agora tem um filho adolescente - Olhos Azuis, interpretado por Nick Thurston (egresso da TV, de seriados como Bones, Grimm e Arquivo Morto, dentre outros) - e ainda se vê ameaçado pela contundência de Koba (brilhantemente defendido por Toby Kebbell, de Fúria de Titãs 2 e que, em breve, será ninguém menos que Victor Von Doom no vindouro reboot de Quarteto Fantástico). O atrito se dá entre macacos e humanos. Embora a maioria não queira guerra, isso é inevitável. E quando ocorre, ninguém ficará impassível e terá de escolher um lado - mesmo que a contragosto.

A Academia que realiza a premiação do Oscar terá que ceder frente à atuação de Andy Serkis. Ele já tinha sido preterido por seu Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis - e, mesmo assim, o único indicado foi Sir Ian McKellen pelo primeiro filme - mas em Planeta dos Macacos, principalmente este segundo capítulo, vemos um amadurecimento tamanho da arte digital que pensamos que não é um efeito especial em cena mas sim um macaco real executando seu papel frente às câmeras!

Predicados de uma história bem contada
Tudo o que é mostrado no filme beira a excelência. A direção de fotografia nos coloca, em alguns momentos, em ângulos ousados, dentro da história, de forma fluente e cativante a ponto de assustar o espectador em momentos certos, além de causar vertigem em outros, sem recorrer a soluções fáceis. O fato da fotografia do filme ter sido magistralmente executada por Michael Seresin, que já tinha nos brindado com o excelente Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban não causa surpresa a quem gosta de um bom filme...

A edição de som surpreende e nos faz acreditar que estamos mesmo numa floresta ou em plena guerra civil que ocorre. Mas é importante salientar que a música de Michael Giacchino (de Os Incríveis e os novos filmes Star Trek) embala tudo com toques tribais necessários mas, ainda assim, criativos e honestos.

Assistir ao ressurgimento de uma franquia que teve muita força no passado - e foi amparada por muitos filmes, seriados de TV, histórias em quadrinhos e até mesmo desenhos animados - mostram que fazer um reboot não é pra qualquer um... - Peter Parker que o diga! Porem, mesmo correndo o risco de me repetir, o maior exito do filme é mostrar, de forma alegórica, o que pode ocorrer com o mundo se nós, "humanos", continuarmos com nossas mesquinharias diárias...




Kal J. Moon assistiu, criticou e saiu do cinema olhando pra cima, só por precaução...


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