Sempre que assisto um filme do, para mim infame, diretor Michael Bay eu não vou ao cinema com a expectativa alta. Afinal, já sei muito bem o que vou encontrar: Roteiro raso, direção de atores nula, muitas sequências de ação de tirar o fôlego, perseguições delirantes, closes ousados nas incautas atrizes do filme e climão de vídeoclipe que tira o climax das cenas mais importantes.

Por isso, é sempre muito complicado para mim (por mais que pareça simples), criticar as obras de Bay. Pois, se por um lado ela peca demais nos aspectos artísticos, acerta e doutrina na parte técnica.

O mesmo aconteceu com seu novo longa, Transformers: A Era da Extinção. A timeline da franquia é seguida neste novo filme e agora os Autobots estão na mira dos humanos e de um certo inimigo antigo dos próprios Transformers, vindo do espaço. Como estão sendo caçados, os Autobots remanescentes da batalha do filme anterior, Transformers: O Lado Oculto da Lua, de 2011, estão escondidos, alguns em grupo, outros sozinhos.

'Tem lá seus méritos, apesar dos graves defeitos.'

O filme começa no Texas onde vivem o inventor Cade Yeager (Mark Wahlberg) e sua filha Tessa (Nicola Peltz). Em um lance de sorte (ou azar) Yeager compra um caminhão velho e detonado por uma pechincha e o leva para seu celeiro, que funciona como laboratório, e começa a tentar consertar a lata velha. Ele descobre que o tal caminhão é na verdade um Autobot sobrevivente da batalha e decide restaurá-lo para que o mesmo cumpra uma missão. Resumo da ópera, o governo fica sabendo, tenta capturar o Autobot, a família Yeager alega que não existe nenhum "caminhão" com eles, são ameaçados pela C.I.A., o robô se dói e compra o barulho dos Yeager, depois foge e é perseguido pelos agentes.

Cade "Rambo" Yeager. Inconsistência é o tom da personagem.
Bem, se a participação da família Yeager se resumisse à esta introdução do filme, O.K... Porém, o roteiro amalucado transforma Cade Yeager em um verdadeiro super-agente, capaz de proezas dignas de James Bond. Isso acontece sem nenhuma explicação. Em momento algum nos é mostrada qualquer desculpa esfarrapada para as habilidades do personagem. Se pelo menos nós víssemos uma medalha militar de honra ao mérito no celeiro dos Yeager ou fosse feita uma menção a qualquer treinamento paramilitar, daria pra tentar engolir o intragável e inconsistente personagem de Mark Wahlberg.

As "máquinas" também estão muito legais. Iradas...
Além disso, a treta é entre o governo, o inimigo alienígena e os Autobots, então qual a necessidade da família Yeager ir atrás dos Autobots para ajudá-los a resolver a pendenga?

A resposta é simples: Nenhuma. Eles não deveriam estar ali. Sério, nem dá pra acreditar que eles mantiveram Cade Yeager durante todo o filme para o personagem, em determinado momento, apenas dar uma lição de moral em alguém (que não contarei quem é) que definitivamente não precisa, e nem devia, levar sermão de um caipira qualquer.

Outra coisa. Se era mesmo para o Cade ir atrás de uma batalha que em qualquer outro filme sério, ele não teria competência de interferir de qualquer maneira, pra que cargas d´agua ele foi levar a filha adolescente junto? Apenas pra donzela se meter em confusões sucessivas e ser salva ora por seu pai, ora por seu namorado, acimentando a relação sogro-genro dos dois? Tenha paciência...

Nicola Peltz teve a árdua tarefa de substituir Megan Fox na Franquia.
Assim como Rosie Huntington-Whiteley, também falhou...
Eu até cheguei a cogitar que a razão disto tudo era que o filme, na verdade é direcionado ao público infantil, por ter origem em uma série de brinquedos da Hasbro, mas até isto cai por terra, quando logo no início do filme temos uma cena gore, com um defunto carbonizado. Além é claro da duração do filme. 165 minutos é demais para manter uma criança, por mais paciente que for, sentada na poltrona do cinema durante toda a exibição.

Deixando o roteiro tosco de lado. Quanto aos aspectos técnicos, basta dizer que Michael Bay destrói. O que falta de trama, o filme compensa em efeitos especiais. Se você for encarar esse filme, que seja em IMAX. Bay sabe bem como usar a tecnologia e nos entregou um filme muito completo neste sentido. Se muitas vezes eu já advoguei que os filmes em 3D só servem pra aumentar o valor do ingresso do cinema, devo confessar que Transformers: A Era da Extinção me fez rever este conceito. Vale MUITO à pena assistir o filme em IMAX 3D.

Finalizando, não posso dizer que saí do cinema de todo triste. Transformers: A Era da Extinção tem lá seus méritos, apesar dos graves defeitos. E por isso ficarei encima do muro desta vez. Maldito Michael Bay.


Marlo George assistiu, escreveu e tem certeza que você não sabe quem é a Starlight Sparkle...




Data de lançamento: 17 de julho de 2014
Estúdio: Paramount Pictures 
Diretor: Michael Bay 
Roteiro: Ehren Kruger 
Elenco: Mark Wahlberg, Jack Reynor, Nicola Peltz, Stanley Tucci, Kelsey Grammer, Sophia Myles, Li Bingbing, T.J. Miller, Han Geng, Titus Welliver, Peter Cullen, Frank Welker, John Goodman, Ken Watanabe, John DiMaggio, Mark Ryan, Robert Foxworth, Reno Wilson 
Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Duração: 165 minutos

Sinopse: TRANSFORMERS: A ERA DA EXTINÇÃO começa depois de uma batalha épica que deixou uma grande cidade destruída, mas que salvou o mundo.  Enquanto a humanidade tenta se reconstruir, um grupo misterioso se revela numa tentativa de controlar a direção da história… enquanto uma ameaça antiga com novo poder tem como alvo a Terra. 
Com a ajuda de um novo grupo de humanos (liderado pelo personagem de Mark Wahlberg), Optimus Prime e os Autobots vão se juntar para enfrentar o seu maior desafio. Em uma aventura incrível, eles se veem no meio de uma guerra entre o bem e o mal, que vai levar a uma batalha decisiva pelo mundo.