Muito do que é cultuado hoje em dia passa longe de ser considerado realmente bom ou mesmo uma obra de arte. E isso se aplica também ao trabalho do roteirista / diretor Jim Jamursch e sua nova obra, "Amantes Eternos".
Estacionado no tempo e espaço
Depois de conquistar fiéis séquitos com filmes como "Ghost Dog" e "Flores Partidas", Jamursch aposta suas fichas numa improvável e previsível história de amor entre... vampiros.
Mas nada de seres brilhantes como os da saga Crepúsculo ou melífluos como aqueles descritos por Anne Rice. A impressão que o espectador mais atento tem é que Jamursch encontrou o livro de RPG "Vampiro - A Máscara" e resolveu misturá-lo com fortes doses da história em quadrinhos "Sandman", escrita pelo igualmente incensado Neil Gaiman.
Nada contra se isso resultasse num bom filme e que cumprisse sua função mínima de entretenimento, o que não é o caso aqui.
Temos uma trama enfadonha, sonolenta, recheada de referências pop - principalmente musicais - para fazer a festa dos hipsters de plantão mas que em momento algum traz algo relevante ou justifica a insistência do espectador em terminar de assistir a sessão.
Isso sem contar a afronta de sugerir que importantes obras de arte mundiais são, na verdade, invenções vindas dos vampiros, como os textos de Shakespeare ou a música de Schubert...
Nem mesmo o esforçado elenco, com destaque a sempre ótima - e naturalmente esquisita - Tilda Swinton - dos filmes "Constantine" e "As Crônicas de Nárnia" mas cujo visual lembra MUITO uma personagem do filme russo de vampiros "Guardiões da Noite" - e Tom Hiddleston - o celebrado Loki dos filmes da Marvel Comics -, sendo a escolha perfeita aos seus papéis.
A dupla entrega interpretações dignas mas o roteiro é tão medíocre, onde nada realmente instigante acontece, que temos um verdadeiro desperdício de talentos em cena.
A direção de fotografia tenta, em vão, estilizar para criar símbolos que lembrassem os ciclos da vida e a ligação com a música - discos de vinil, mapas astronômicos - mas que logo se tornam repetitivos, invalidando a proposta inicial.
E, mais uma vez, temos uma trilha sonora monotemática - algo que parece ser moda no mundo inteiro possivelmente por ser mais barato -, beirando o gothic rock, tornando o filme datado instantaneamente, sem dó nem piedade.
Um filme terrivelmente pretensioso, que não se preocupa nem mesmo em resolver seus próprios dilemas, desrespeitando a audiência a cada fotograma.
Resumindo em uma palavra: deprimente.
Kal J. Moon odiaria ser um vampiro. A vida já é entediante o suficiente sem ter de viver pra sempre...

Elenco: Tom Hiddleston, Tilda Swinton, John Hurt, Anton Yelch, Mia Wasikowska
Escrito e dirigido por Jim Jamursch
Estreia: 14/08/2014
Distribuidora: Paris Filmes
Escrito e dirigido por Jim Jamursch
Estreia: 14/08/2014
Distribuidora: Paris Filmes