Quem lê a sinopse de "The Rover - A Caçada", pode torcer o nariz achando se tratar de mais uma ficção científica passada num cenário de terra devastada e com jeitão de cópia do já clássico "Mad Max" - que em breve também voltará com Tom Hardy no papel que consagrou Mel Gibson.

Porém, já nos primeiros minutos de exibição, o espectador pode até ter dificuldade de classificar esse filme por um gênero específico, por conta das experimentações feitas para contar a história de um homem (Guy Pearce, de Homem de Ferro 3) que tem seu veículo roubado enquanto que ele estava num bar. Resolvido a perseguir o bando, acaba encontrando o irmão de um dos ladrões (Robert Pattinson, louco para finalmente se livrar da imagem do vampiro Edward da Saga Crepusculo) que persegue e o persuade a entregar seu paradeiro.

O momento ideal da reinvenção

Este é um filme completamente diferente de muitos já vistos tanto com Pearce quanto com Pattinson. 
Apesar da violência em abundância, existem muitos momentos para mostrar a elaborada construção de personagens executada pelos dois atores, com destaque especial para Robert Pattinson, que interpreta um rapaz com visíveis problemas de retardo mental.


A forma com que Pattinson desenvolveu o jeito de seu personagem falar, andar e até mesmo o menor movimento de mãos e lábios mostra um claro esforço cênico, além de um espantoso amadurecimento do ator. Por alguns instantes, acabamos esquecendo que é o ator e "compramos" a ideia de realmente termos um doente mental em cena, tamanha a entrega.

E quando o melhor de um filme é o desempenho cênico de Robert Pattinson - que rouba TODAS as cenas que aparece -, temos de dar o braço a torcer e rever nossos (pré)conceitos...

Já Pearce começa muito bem como o homem meditabundo porém de atos brutais. Mas ao longo da trama, sua atuação torna-se monótona e um tanto exagerada em alguns momentos.

Sem mais nem porquês

Mesmo tendo uma trama que causa interesse no espectador, o diretor David Michôd (de Reino Animal e Juventude  Fúria) - também responsável pelo roteiro - entrega uma história que não se explica em momento algum. 


O mundo passou por algo chamado de "colapso", que, supomos, acabou com a sociedade como a conhecemos. Vemos poucas mulheres em cena, é permitido sexo com jovens adolescentes masculinos, apenas dólares norteamericanos são aceitos pelos poucos estabelecimentos que vendem comida ou combustível mas, acima de tudo, todos parecem saber usar uma arma de fogo e matar não parece ser algo realmente preocupante pelas forças armadas.

Também não entendemos por que o personagem de Pearce insiste em recuperar seu veículo se ele conseguiu substituí-lo. E seus atos extremos durante a trama também não são justificados.
É como se pegássemos o filme sem seu início, suas vidas já existem mas não teremos acesso a essas informações.

Mesmo assim, o cenário estabelecido como ficção científica, toma contornos reais e esse é o ponto positivo do roteiro.

Só que o terço final dessa história se perde em algo terrivelmente previsível, além de uma desnecessária cena que mais complica do que explica as reais intenções do personagem de Pearce.

Experiência ímpar

Porém, há de se reconhecer o esforço conjunto para se contar esta história tão diferente, com uma excelente direção de fotografia - destacando as belas pradarias e savanas das paisagens australianas, esperta edição de som e trilha sonora adequada para um mundo localizado depois do fim.
Acredito que não seja um filme comum, com começo, meio e fim mas, sim, uma experiência muito diferente do que estamos acostumados.


Kal J. Moon mora de frente a um deserto e está preparado para o "colapso".



Data de lançamento: 07/08/2014
Distribuição: Vitrine Filmes
Elenco: Guy Pearce, Robert Pattinson
Escrito e dirigido por David Michód
Gênero: Drama
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Sinopse: Em um futuro próximo, os habitantes australianos vivem uma rotina perigosa, onde a criminalidade impera. Com o passar dos anos, Eric (Guy Pearce) já perdeu quase tudo o que tem, e torna-se um homem duro e impiedoso. Quando sua última possessão, seu carro, é roubada por uma gangue, ele vai atrás destes homens. No caminho, ele é obrigado e levar consigo Reynolds (Robert Pattinson), o ingênuo membro da gangue, abandonado por seus comparsas.