Um filmaço!

Não que seja um filme de arte, excelente, mas como entretenimento, Hércules, novo filme de Brett Ratner (diretor do infame X-Men: O Confronto Final e do vindouro Um Tira da Pesada 4, previsto para 2016) funciona mais do que o esperado.

Baseado na graphic novel de Steve Moore "Hercules: The Thracian Wars", o roteiro de Ryan Condal e Evan Spiliotopoulos desmistifica o Hércules mitológico de modo eficiente e convincente. Tudo o que conhecemos sobre as lendas que giram em torno do herói grego está lá, desde os doze trabalhos, até o fatídico destino de sua família, tudo à serviço de uma das mais engenhosas desconstruções de personagem já filmadas. Hércules, o filme, mostra que não é tão difícil assim separar o mito do homem. Basta que os argumentos utilizados para tal sejam bem articulados.


Outro ponto positivo do roteiro foi justamente não ter se atrelado apenas ao mito do herói. Mérito da HQ. A história contada é posterior aos eventos lendários mais conhecidos. Hércules precisa ajudar o Rei de Trácia (o veterano John Hurt) e sua filha (Rebecca Ferguson) a se livrar de um tirano que está ameaçando seu povo. O plot do filme é este mesmo, simples, mas como foi bem amarrado e tem uma reviravolta inesperada, surpreende pelo arrojo técnico aplicado.

O grande destaque do elenco é o grupo que acompanha Hércules em suas aventuras fanfarronas. Cada elemento da intrépida trupe heracliana, assim como acontece em um grupo de RPG, tem uma função ou habilidade específica e é imprescindível para o sucesso das investidas contra os mais fortes inimigos.

Todos os atores com compõem o grupo são muito carismáticos, mas Ingrid Bolsø Berdal, que interpreta a amazona Atalanta é dentre eles a mais grata surpresa. Berdal é uma atriz muito versátil e que se destaca nas cenas de luta, do mesmo modo como Orlando Bloom destacou-se na trilogia O Senhor dos Anéis. Ela realmente rouba a cena.

Dwayne Johnson tem a árdua tarefa de representar um dos mais icônicos heróis do cinema. Hércules já foi representado por um número incontável de atores (até Arnold Schwarzenegger já encarnou o herói, em um filme de 1969). Só este ano, outras duas adaptações da lenda do semideus foram parar nas telonas, estreladas por Kellan Lutz e John Hennigan. O Hércules de Johnson é bem diferente daquele com o qual estamos acostumados de filmes como Hércules 87, com Lou Ferrigno, ou aquele da série criada por Christian Williams, estrelada por Kevin Sorbo. Fruto da desconstrução do mito acima citada, neste novo filme, o filho de Zeus é mais humano que mitológico. Sua força advém da amizade e do companheirismo, mais do que dos músculos.

Os efeitos especiais estão criveis. As criaturas fantásticas retratadas no longa são temíveis. A Hydra de Lerna e o Leão da Neméia nunca foram tão bem representados nas telonas. Assisti o filme em sua versão IMAX e posso garantir que a produção justifica a diferença entre o valor do ingresso da sessão em 2D e a das sessões em 3D, XD ou IMAX.

Divertido, Hércules é um filme fantástico com os pés no chão.


Marlo George assistiu, escreveu e também já usou uma cabeça de leão como adorno de cabeça...



Data de lançamento: 04 de julho de 2014
Estúdio: MGM, Paramount Pictures 
Diretor: Brett Ratner 
Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos 
Elenco: Dwayne Johnson, Ian McShane, Rufus Sewell, Joseph Fiennes, Peter Mullan, John Hurt, Rebecca Ferguson, Ingrid Bolso Berdal, Aksel Hennie, Reece Ritchie 
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia 
Duração: 98 minutos.

Sinopse: O semideus Hércules, filho de Zeus, sofre por ter perdido sua família. Depois de realizar os doze trabalhos, ele se junta a seis homens sanguinários em busca de novas tarefas, com a condição de receber pagamento. Ao ouvir falar dos feitos do grupo, o rei da Trácia convida Hércules a treinar o seu exército, com o objetivo de transformar os guerreiros em mercenários.