O primeiro filme baseado nas histórias em quadrinhos de René Goscinny e Jean-Jacques Sempé, "O Pequeno Nicolau", foi um dos longas mais legais que assisti em 2009. Retratando a infância de um menino francês inocente e peralta dos anos 50/60, "O Pequeno Nicolau" do diretor Laurent Tirard (As Aventuras de Molière, Astérix e Obélix: A Serviço de sua Majestade) doutrina como se fazer um filme infantil inteligente, com capacidade de superar a sua destinação etária e atingir todo o público, dos 8 aos 80 anos, como se dizia antigamente.

Agora, cinco anos depois, Tirard nos apresenta a sequência do primeiro filme, "As Férias do Pequeno Nicolau", com o elenco infantil totalmente renovado (as crianças cresceram e seria impossível rodar o segundo filme com o elenco original), porém trazendo de volta os atores adultos que deram vida aos personagens de Goscinny e Sempé no primeiro filme. Uma pena que esta segunda investida no universo criativo do garoto não tenha sido tão bem sucedida.

Baseado no segundo livro da série, que tem cinco volumes e foi publicada entre 1956 e 1964. Desta vez o menino tem de lidar com o dilema de ter sido prometido a se casar com a filha de um ex-colega de escola de seu pai, o que não passa de um mau entendido. Como a história se passa durante as férias escolares de Nicolau, personagens memoráveis como Clotário fizeram falta. O novo elenco infantil foi, assim como no filme anterior, muito bem dirigido, mas os personagens deste novo filme não são tão marcantes e carismáticos quanto os de "O Pequeno Nicolau" e isso fez toda a diferença.

Quem rouba a cena é a dupla de veteranos Valérie Lemercier e Kad Merad, que interpretam novamente os pais de Nicolau.


O que me causou estranheza foi o fato de a irmãzinha de Nicolau, que é a responsável pelas encrencas em que o menino se meteu no longa anterior, não ser sequer mencionada, deixando em dúvida se esta é realmente uma sequência das aventuras e desventuras de Nicolau ou uma história anterior. Outro problema do roteiro foi insistir em repetir piada. Assistir o pai do menino tentando achar uma maneira de "puxar o saco" de seu patrão, Senhor Moucheboume, pela segunda vez não foi tão engraçado quanto da primeira.

A direção de arte é bastante competente, recriando a atmosfera praiana dos anos 50/60, que me remeteram aos filmes com Elvis Presley, como "Seresteiro de Acapulco" e "Amor à Toda Velocidade" de 1963 e 64, respectivamente.

Menor que o filme original, o novo filme do simpático Nicolau pode ser uma boa pedida pra quem estiver afim de levar a molecada ao cinema para assistir um filme leve e inocente, e não se entediar com o que está rolando na telona.


Marlo George assistiu, escreveu e também está precisando de umas férias...