Este é o segundo filme da Disney que flerta com o tema dos super-heróis nos últimos 10 anos. "Os Incríveis", de Brad Bird, que foi lançado em 2004, já trazia um super grupo muito especial. Produzido em parceria com a PIXAR, "Os Incríveis" é o primeiro concorrente direto de "Operação Big Hero". A comparação entre as duas produções é quase que natural.
No longa de animação de 2004, indicado a quatro Oscar e vencedor de duas estatuetas, incluindo a de Melhor Animação em Longa Metragem, o grupo em questão é muito funcional e criativo, pois seus superpoderes tem relação direta com suas funções dentro do núcleo familiar. O pai, Beto Pera, é superpoderoso e forte, pois é o chefe da família, enquanto sua mulher Helena é a Mulher-Elástica, que tem que virar para dar conta de todas as funções do lar. Já os filhos tem seus poderes baseados em seus respectivos estereótipos. A garota tímida e antissocial pode se tornar invisível, o garoto é super rápido em respeito a sua natureza agitada e o bebê, o simpático Zezé, ainda não tem poder definido, pois não sabemos o que esperar de um neném de sua idade. Além disso o roteiro é muito bom (apesar das acusações de plágio de obras como "Watchmen" e "Quarteto Fantástico", todas infundadas), tanto é que foi indicada ao Academy Awards de Melhor Roteiro Original.
"Operação Big Hero" no entanto, nos traz um grupo de super-heróis nada originais, além de alguns clichês. O personagem principal é um herói relutante, que decide lutar contra o vilão do longa, após a morte de seu irmão, em quem ele se espelhava e lhe servia como fonte de reserva moral. Aliado ao fato de que o menino é órfão e mora com a tia, não há como não se lembrar do Peter Parker, o Homem-Aranha. O grupo que se une a Hiro, o herói principal, é pra lá de manjado. Três nerds que usam suas habilidades e conhecimentos em tecnologia (implementadas por estes fazerem parte de uma escola que lembra, em vários aspectos, a Mansão Xavier para Jovens Superdotados), um cara bobalhão que é rico e provê os recursos necessários e um robô que é o único, entre todos, que tem uma personalidade legal e carisma.
Temos ainda um plot-twist que muda dramaticamente a trama, invertendo o alvo dos heróis, o que não era inesperado. Além disso, a estrutura da narrativa é tão óbvia que o filme se torna previsível. Se não fosse pela ação desenfreada e pelo excelente trabalho de animação, "Operação Big Hero" seria um filme enfadonho.
A animação está na disputa para uma vaga entre os indicados ao Oscar deste ano em sua categoria, mas acredito que os concorrentes "Festa no Céu" e "Os Boxtrolls" acabem embaçando a festa da Disney este ano, por serem muito superiores.
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Tia Cass, a personagem mais carismática é coadjuvante... |
Despretensioso, "Operação Big Hero" está longe de ser a melhor animação da Disney, desde "Os Incríveis", mas é divertido e entretêm.
Marlo George assistiu, escreveu e quer ver mais animações da Disney com a PIXAR.