A Segunda Guerra Mundial ainda é um tema fértil, mesmo tendo se passado setenta anos desde seu ocaso. Milhares são as produções que revisitam este período macabro da história da humanidade. Filmes, documentários, séries de TV, biografias, gibis e livros de ficção já abordaram o tema que parece ser ilimitado. Quem não se emocionou com obras como "A Lista de Schindler" (filme de Steven Spielberg vencedor do Oscar), "Gen, Pés Descalços" (mangá de Keiji Nakazawa que mostra as retaliações ao Japão no pós-guerra) , "Corações Sujos" (livro de Fernando Morais que inspirou o filme homônimo) ou com o Diário de Anne Frank?

A mais nova produção, do que poderíamos chamar de "gênero WWII", é a cinebiografia "Invencível", primeiro filme dirigido por Angelina Jolie, que entrará em cartaz amanhã em cinemas de todo país, na tentativa de figar o público pela emoção.

O filme é inspirado na vida de Louis "Louie" Zamperini, um menino rebelde que, influenciado pelo irmão mais velho, encontra no esporte sua rédea. Após se destacar nas ligas estudantis de atletismo dos Estados Unidos, Louie representou o país, ao lado da lenda Jesse Owens, na Olimpíada de 1936, em plena Alemanha Nazista. Ele não chegou a vencer a prova dos 5.000 metros, mas sua performance na última volta foi tão extraordinária que chamou a atenção do próprio Fuhrer, que insistiu em um encontro pessoal com o rapaz, no qual Hitler apertou sua mão e disse "Ah! Então você é o rapaz veloz na última volta". Após este encontro inusitado, Louie acabou sendo recrutado para lutar na Segunda Grande Guerra, servindo na aeronáutica, até que seu avião foi abatido e ele acabou, após alguns dias à deriva, sendo capturado pelo exército japonês.

O capítulo mais interessante, pra mim, da vida de Louie foi pouco explorado pelo roteiro. O Zamperini atleta poderia ter sido melhor aproveitado. Este período poderia ter rendido ótimas cenas, pois espirituoso ex-atleta fez várias piadas sobre a viagem à Alemanha, sua adaptação em um país estrangeiro e até mesmo as condições a que foi submetido para poder disputar a Olimpíada. O próprio encontro com Hitler (acima mencionado) não aparece no filme, o que é uma pena. Acredito que isso se deu, para que o filme fosse mais parecido com um drama de guerra.


Sobre os ombros de Jack O´Connell ("300: A Ascensão do Império") caiu o peso da responsabilidade de representar na telona o herói americano. O´Connell, apesar de já ter uns 10 anos de carreira, nunca tinha tido um papel de destaque, mas o rapaz deu conta do recado e nos apresentou um trabalho sóbrio, sem exageros. Como Louie, o rapaz entra pra lista dos novos astros que devemos prestar atenção. Definitivamente, é uma revelação. Ao seu lado estão os ótimos Domhnall Gleeson ("Questão de Tempo", "Star Wars: O Despertar da Força"), Garrett Hedlund ("Quatro Irmãos", "Tróia") e Finn Wittrock ("The Normal Heart", "Noé").

Gostaria de destacar também o trabalho de Takamasa Ishihara, mais conhecido como Miyavi. É o primeiro trabalho do cantor japonês no cinema e ele já nos brinda com uma interpretação inspiradíssima, digna de nota. Seu trabalho como o Cabo Watanabe, um dos vilões da vida de Zamperini, mostra que ele tem muito potencial. Nem de longe se parece com o rapaz andrógino da J-Pop.


"Invencível" é um filme de guerra, mas quem realmente enfrentou uma verdadeira batalha durante o processo de produção foi a diretora. Angelina Jolie tinha todas as desculpas para errar a mão e entregar um filme ruim. Ela é bonita, famosa, mulher e filha de astros de Hollywood. Porém, a Srª Brad Pitt decidiu não arriscar e dirigiu um filme "redondo", fácil de digerir. Ela fez o dever de casa direitinho. Sua direção não é primorosa, não vai criar tendência, não traz nenhuma novidade, mas tem propriedade. A estrela mostrou que tem competência para estar atrás das câmeras,e isto ela provou logo no início do filme. A cena de ação que introduz o filme, foi muito bem dirigida, de tirar o fôlego, capturando o expectador para dentro do avião em que Louie e seus companheiros de farda estão lidando com a ameaça da tríade. Da guerra contra a imprensa especializada e parte dos cinéfilos das redes sociais, Jolie saiu ilesa.

Tocante, "Invencível" conta a história de um sobrevivente de guerra, determinado a lutar por sua vida, apesar do inferno que passou em território japonês, apenas para promover o bem e poder nos contar sua estória impressionante.



Marlo George assistiu, escreveu e também se sente vítima dos japoneses. Os mangás estão custando os olhos da cara atualmente.