As histórias que envolvem espionagem e agentes secretos tiveram de se adaptar ao novo século e às novas audiências. Estão aí as franquias "Jason Bourne", "24 Horas" e até mesmo o clássico James Bond que não me deixam mentir...

Mas as histórias em quadrinhos estavam um tanto atrasadas em relação ao tema.
Isso até a mente doentia e criativa da dupla Mark Millar nos roteiros (Kick-Ass, Os Supremos) e Dave Gibbons na arte (Watchmen, Liberdade) quando juntaram esforços e criaram o gibi "Kingsman: Serviço Secreto", que acabou virando esse filme tão ousado e divertido.

E não é nenhuma surpresa saber que Matthew Vaughan dirige essa aventura à moda antiga - regada à ácido e energético - estrelada por Colin Firth, Taron Egerton, Mark Strong, Michael Caine e até mesmo Mark Hammil.


O filme conta a história de uma organização super secreta que recruta um deselegante mas promissor garoto para o programa de treinamento super competitivo da agência justo quando um perverso gênio tecnológico ameaça o planeta.

Apesar de básico e lembrando muito as antigas desventuras de James Bond - principalmente aquelas estreladas por Roger Moore -.mas com um roteiro tão criativo e honesto que acaba ganhando o espectador desde a sensacional primeira cena ao som de um grande clássico do rock de um cultuado grupo dos anos 1980 - e que manda um recado velado ao hit "Guardiões da Galáxia".

A ousadia fica por conta de como apresentar todo um "universo" de personagens que já nasceram clássicos tanto ao público mais velho - e, por isso mesmo, mais exigente - quanto às novas audiências.

O equilíbrio foi mantido e o que vemos é algo tão rico que só é comparado, sem exageros, com o primeiro "Matrix".

Em que outra história poderíamos ter uma guarda-costas deficiente física com pernas mecânicas com lâminas, capazes de cortar aço ou mesmo o corpo humano? A bela Gazelle é dignamente interpretada pela belíssima Sofia Boutelle e cada cena em que aparece, acaba chamando a atenção de forma instantânea.

O plano do vilão Valentine - interpretado por Samuel L. Jackson - é tão convincente e atual que dá até um certo receio de que alguém da vida real copie a ideia e ponha em prática. E nos faz pensar no perigo de estarmos tão presos à tecnologia nos dias de hoje.

E nunca pensaríamos que Colin Firth poderia, um dia, ser um badass e lutar como o mais exímio pit fighter numa das cenas mais violentas da história do cinema.

Felizmente, Vaughan é sinônimo de assinatura. Da primeira à última cena, mesmo sem ler os créditos, sabemos que o filme foi feito por ele.

Mais ousado que toda a história só mesmo a cena antes dos créditos finais, insinuando que os filmes baseados em histórias em quadrinhos possam finalmente ter chegado à maioridade. Tudo ao som de outro clássico pop dos anos 1980. Como não poderia deixar de ser. Claro...



Kal J. Moon assistiria a "Gazelle - O Filme" com muito prazer...