Era uma vez...

Pois é! Quem nunca ouviu ou leu um livro infantil que começava com a frase acima citada? Acredito que a maioria das pessoas já esbarraram com um conto de fadas que começava exatamente com essa frase. Isso é bem clichê, não acha?

Foi apostando em uma fórmula conhecida e sem medo de clichês que Kenneth Branagh (mais conhecido como o Professor Gilderoy Lockhart, de Harry Potter e a Câmara Secreta) conduziu o filme Cinderela, live-action baseado no conto de fadas de Charles Perrault e no desenho animado da Walt Disney Pictures de 1950. Experiente em adaptações, já tendo levado para as telonas alguns clássicos de Shakespeare como Henrique V e Hamlet, além de Frankenstein de Mary Shelley e Thor da Marvel, Branagh nos entrega sua versão do clássico Disney. Cinderela é um filme correto, que quase não erra e acerta muito. Fiel ao extremo à história original, Branagh acertou em cheio ao não inserir no filme nenhuma batalha enfadonha ou conflito desnecessário, que poderiam tirar o foco da trama principal, à exemplo de filmes similares como A Garota da Capa Vermelha de Catherine Hardwicke e Branca de Neve e o Caçador, de Rupert Sanders, que (por falta de material original) seguiram este caminho e acabaram se distanciando das obras de origem e pouco se parecem com os contos de fadas que as babás contavam.

Enfim, o roteiro de Chris Weitz (Formiguinhaz) não foi econômico e nem esbanjador. Apenas contou a história que já conhecíamos, sob a visão de um grande diretor. O resultado foi um êxito inesperado, afinal de contas, eu não levava fé nenhuma neste filme.


Tudo que foi produzido pela direção de arte é feérico, belo e encantador. A paleta de cores utilizada não é exagerada, mas colorida e vibrante nos tons certos. Os cenários e figurinos são grandiosos e fazem jus aos que estão no desenho animado dos anos 50.

Além disso, o elenco foi escolhido à dedo.

Coube à novata Lily James o fardo de sustentar o papel principal (que ela disputou com as atrizes Emma Watson, Saoirse Ronan, Alicia Vikander e Gabriella Wilde) e ela cumpriu seu dever com primor. Richard Madden (o Robb Stark de Game of Thrones), que vive o Príncipe Encantado, Kit, convence. Sophie McSheraHolliday Grainger interpretam as irmãs adotivas de Cinderela e a impressão que tive era a de que as duas atrizes estavam se divertindo muito fazendo as personagens. É divertido assisti-las em cena.

O elenco traz ainda  Hayley Atwell, Stellan Skarsgard, Helena Bonham CarterNonso Anozie, mas o destaque maior vai para a vilã.


Cate Blanchett está magnífica no filme. Terrível e encantadora, a atriz mostra mais uma vez porque é uma das grandes atrizes de nossa época. Como a Madrasta de Cinderela ela engrossa o time de vilãs Disney bem sucedidas em versões live-action, ao lado de Angelina Jolie (Malévola) e Glenn Close (a Cruella Cruel de 101 Dálmatas). Sua presença em cena engrandece o longa.

Não posso deixar de falar também do trabalho de CG de Cinderela. Os ratinhos, criados por computador são maravilhosos. Desde de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, com a primeira aparição de Gollum, não vejo personagens virtuais roubarem a cena no cinema.

O filme ainda traz alguns easter-eggs. O mais legal acontece durante o baile no castelo, quando é possível ver algumas das convidadas vestidas com os trajes parecidos com os da Princesa Aurora, Mulan, Branca de Neve, Ariel, entre outras.

Recomendo!

É precedido do fraco curta-metragem Frozen: Febre Congelante, spinoff do sucesso animado de 2013, vencedor do Oscar de Melhor Animação.



Marlo George assistiu, escreveu e mordeu a língua.