Dizem que nos Estados Unidos há uma regra de que se existe a real necessidade de alertar sobre algum problema de ordem social, faz-se um filme. Claro que não podemos levar este fato em consideração mas é algo para pensar - e até justificar - a existência do novo filme estrelado por Jennifer Lopez. E o tema da vez é a obsessão de um "stalker".


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Para quem não sabe, "stalker" é aquela pessoa maníaco-obsessiva que persegue sua vítima, ora escondida, ora em público, cerceando o direito legal de ir e vir. Em geral, quer um relacionamento amoroso doentio e baseado na mais completa dependência física e mental. Raramente, uma história envolvendo um "stalker" acaba bem...

Ok. Este filme é baseado num livro de grande sucesso de vendas. Mas em momento algum isso justifica o fato de se fazer um filme ruim. Até porque de filmes ruins, o mundo está cheio. "O Garoto da Casa ao Lado" é um filme inacreditável. Em todos os sentidos.


A trama explora a atração proibida entre uma mulher divorciada e um vizinho mais jovem, em um relacionamento que vai além dos limites.  A partir daí, o que se segue é um impressionante amontoado de clichês cinematográficos do gênero até alcançar o mais completo absurdo narrativo.

Em momento algum, o espectador crê que Jennifer Lopez - um verdadeiro monumento divino em forma corpórea - é mãe de um adolescente. Não que uma mulher de sua idade seja incapaz de manter-se em forma - muito pelo contrário. Mas especificamente neste filme isto nos causa uma estranheza a ponto de não pensarmos que seja possível que Miss Lopez possa envelhecer.


Também não é perfeitamente crível que Lopez tenha sido casada - e traída! - por um homem desprovido de quaisquer atrativos físicos ou psicológicos e, mesmo assim, ela ainda tenha dúvidas para reatar o relacionamento apenas pelo simples fato dele ser o pai de seu filho - se ela já não passa credibilidade em parecer ser mãe daquele adolescente, o restante torna-se perfeitamente incompatível...

Mas implausível mesmo é ver Lopez bancar a mulher frágil e indefesa com ambos os homens da história. Em que momento passou pela cabeça de alguém que isso faria algum sentido?


Em dado momento, a protagonista até cogita chamar a polícia para tentar resolver aquele ninho de marimbondos em que se meteu mas acaba desistindo por conta do medo em perder seu emprego e sua carreira. Só que o roteirista desta história esqueceu-se de que, com aquele desfecho fatalista, a protagonista pode até ir presa pelo o que aconteceu...

O ator Ryan Guzman - antagonista de Lopez na trama - vive situações tão absurdas que cada momento em cena passa de estranho à risível. Nem a esperada cena de sexo - pudica até dizer chega! - convence. O fato do ator ter suas nádegas, peitoral e braços musculosos mostrados a todo momento só o torna um mero adereço visual para entreter balzacas em busca de diversão momentânea - e isso o desprivilegia completamente em seu oficio...

É até estranho ver J-Lo protagonizando outro filme sobre violência doméstica, uma vez que ela estava no elenco de "Nunca Mais". Este fato invalida - ainda mais - o discurso do atual filme, fazendo com que o espectador compare ambos a cada fotograma.


A fotografia lembra telefilmes da década de 1980, com todos os vícios e falta de virtudes que produções do gênero podem ter. E a direção do sempre incorreto Rob Cohen também não ajuda. Não existe UMA cena memorável ou que justifique a permanência do espectador na sala de projeção. Jennifer Lopez perdeu uma grande oportunidade de provar que é uma boa atriz, demonstrando, mais uma vez, que é apenas uma atriz muito boa.

E se alguma mulher lendo esta crítica também estiver sendo perseguida e maltratada por algum homem, CHAME A POLÍCIA ou as autoridades competentes. Denuncie abusos de qualquer tipo antes que seja tarde demais.



Kal J. Moon não aprova quaisquer tipo de violência contra mulheres. Mas entende porque "O Garoto da Casa ao Lado" ficou obcecado por Jennifer Lopez...