Desde que a trilogia "O Senhor dos Anéis", do visionário diretor Peter Jackson, foi encerrada nos cinemas em 2003, várias foram as obras que tentaram se equiparar em qualidade de produção e de texto, porém a maior parte destas produções falharam. Isso ocorreu porque os filmes que contam as aventuras de Frodo e Sam estabeleceram um padrão muito alto, quase inatingível nestes quesitos. Fato é que o próprio Jackson não obteve o mesmo êxito com a trilogia "O Hobbit". Os filmes das sagas "As Crônicas de Nárnia", "Eragon" e "Harry Potter" estão bem aquém da qualidade dos três filmes baseados na obra máxima de J.R.R. Tolkien. Basta dizer que "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei", foi vencedor de 11 Oscar, incluindo Melhor Diretor e Melhor Filme.

Agora, uma nova série de livros é adaptada para o cinema. A bola da vez é "O Sétimo Filho", que ao contrário de outros filmes do gênero, me passou a impressão de ser, um tanto quanto, despretensioso.

As Aventuras do Caça-Feitiço, série de livros de fantasia criada pelo escritor Joseph Delaney, conta com 13 livros oficiais e 4 contos paralelos. Trata-se de uma saga longa na literatura que pode vir a ter uma vida curta nas telonas. Isso pode acontecer porque "O Sétimo Filho" parece não ter a pretensão de ser tão grandioso quanto os filmes acima citados. Trata-se de um filme curto para os padrões do gênero, que apresenta efeitos especiais ultrapassados, um roteiro raso e atuações descompromissadas.


Em apenas 102 minutos é contada a história de Tom (Ben Barnes), um rapaz do interior que se torna aprendiz de um Caça-Feitiços chamado Gregory (Jeff Bridges), um ancião sábio que é o último de sua Ordem. Deixando de lado a similaridade com a premissa de "Star Wars: Uma Nova Esperança", a história segue apresentando as aventuras da dupla, que luta contra seres folclóricos que são servos de Mãe Malkin (Julianne Moore), uma rainha bruxa.

Com poucos dilemas e explicações, o roteiro é raso demais e decepciona ao ponto de comprometer o futuro da franquia no cinema. Os efeitos especiais, como afirmei, estão datados, defasados em quase 20 anos, como se a tecnologia não tivesse sido atualizada desde "Mortal Kombat: A Aniquilação", de 1997. Já a trilha sonora incidental é interessante e épica na medida certa.


O elenco do filme é estelar, contando com dois veteranos vencedores do Oscar e alguns talentos da nova geração que são promissores. Jeff Bridges e Julianne Moore roubam todas as cenas, mas isso já era esperado. A dupla está afiadíssima e sua superioridade destoa do restante da medíocre produção. Ben Barnes, que é bem conhecido dos fãs de filmes de fantasia por sua participação em "As Crônicas de Nárnia", é um bom ator e terá futuro se conseguir se desvencilhar da pecha de galã. Ele poderia aprender com Alicia Vinkander como conduzir, bem, sua carreira. Vinkander, que já é uma estrela, façamos justiça, está apagadinha no filme. Foi muito mau aproveitada.

Mas falando em mau aproveitamento de talentos, eu gostaria muito de saber o que dá na cabeça de um diretor que tem Djimon Hounsou em seu elenco e não utiliza esse trunfo?


Kit Harrington faz uma participação especial desnecessária e como não pode cortar o cabelo por força de seu contrato com a HBO, ficou lá com aquela cara de Jon Snow, seu personagem em "Game of Thrones". Parece que o efeito "Mark Hamill" o afetou prematuramente.

Despretensioso e "fanfarrão", "O Sétimo Filho" tem tudo pra entrar na fila dos filmes a serem esquecidos. Pode funcionar pra quem é fã de filmes de fantasia galhofas como "Conan: O Destruidor", e como este, só será lembrado pelos motivos errados.



Marlo George assistiu, escreveu e atesta: Julianne Moore é a bruxa mais bonita da história do cinema. Pelo menos para atestar isso esse filme serviu.