Sabe aquela sensação angustiante de esquecer o nome de um ator importante durante uma conversa ou daquele seu ex-colega de trabalho quando este o reencontra durante uma caminhada?
Imagine se seu trabalho diário depende justamente de ter boa memória para recorrer mentalmente a estudos científicos bem específicos?

Esse é o drama da protagonista de "Para Sempre Alice", filme estrelado pela atriz Julianne Moore e que lhe rendeu o cobiçado Oscar.

(Des)Construção de Personagem

É interessante notar que todos os filmes indicados ao Oscar 2015 de Melhor Atriz não tinham lá uma trama muito criativa ou ousada. A grande maioria era apenas um filme correto.

Porém, todas as atrizes indicadas estavam um nível acima dos demais atores em cena. Mas Julianne Moore fez o dever de casa como poucas nesse ramo, fazendo o espectador acreditar piamente na doença de sua personagem, torcer por sua recuperação e, quem sabe, um final feliz.


Mas Moore declarou em recente entrevista que o principal motivo para aceitar o papel - recusado por Julia Roberts - era poder propagar o conhecimento acerca dessa doença - Mal de Parkinson -, uma vez que não existem muitos filmes falando claramente sobre o assunto e nem campanhas chamativas por aí.

As pessoas não usam fitas coloridas presas às suas roupas para lembrar o mundo do Mal de Parkinson. Afinal, não é uma doença "cool" - se é que alguma doença pode ser chamada assim...
Mas, curiosamente, é uma doença que atinge mais pessoas a cada dia e não existe nenhum alarde sobre este fato.

A personagem de Moore é uma estudiosa da neurolinguística que, aos primeiros sintomas da doença, procura ajuda médica para poder lidar com tudo. E o pior: ela, sempre tão independente, teria de depender dos familiares para poder realizar atividades tão simples mas que ela não tem como fazer sem ajuda.

A cena mais emocionante de "Para Sempre Alice" é quando a sombra da morte paira sobre sua protagonista. Direto. Simples. E dá conta do recado.


O filme também conta com um afiado elenco de apoio, com destaque para um correto Alec Baldwin e uma sensível Kirsten Stewart.

Se por um lado, o roteiro não ousa ao contar esta trama de forma inusitada, por outro lado também não se entrega a firulas mil e faz o espectador seguir, brevemente, o dilema de sua protagonista.
Julianne Moore desconstrói sua personagem de forma brilhante e eficaz. E se tem apenas um motivo para assistir "Para Sempre Alice", este motivo atende pelo nome de Julianne Moore.



Kal J. Moon está tentando lembrar o que escrever para encerrar esta crítica...