Poucas palavras, muita ação e nostalgia pontuam o novo filme de George Miller "Mad Max: Estrada da Fúria". Mais do que um simples remake, o filme nada mais é do que uma das melhores produções cinematográficas concebidas nos últimos tempos. E tal honra não é exagero.

Exagerada na verdade é a metafórica overdose de adrenalina que tomamos ao acompanhar parte da peregrinação de Max Rockatansky, personagem criado pelo diretor George Miller e Byron Kennedy no filme de 1979 e que foi originalmente interpretado por Mel Gibson. Desta vez quem encarna o "herói" é Tom Hardy, que protagoniza o filme ao lado de Charlize Theron, que vive a guerreira conhecida como Imperatriz Furiosa.

O roteiro sucinto e a linha narrativa bem planejada nos apresenta poucas explicações sobre o que aconteceu com o nosso mundo e tão pouco com cada personagem. Isso poderia ser um problema, mas em "Mad Max: Estrada da Fúria" tal despreocupação em aprofundar  o cenário e os personagens acaba se tornando um dos méritos do longa.


Tudo que precisamos saber sobre o que aconteceu com o nosso planeta é vagamente exposto nos primeiros segundos do filme. Não sabemos se Max era um policial (como foi mostrado no filme de 79) e nem se seu parceiro, mulher e filho foram mortos. De seu passado, a única pista mostrada são alucinações que transtornam o personagem durante todo o filme e que parecem ser baseadas em algum trauma do passado. Furiosa vamos conhecendo aos poucos e sua vocação e motivação bastam para que criemos vínculo imediato com ela. Apesar de saber tão pouco dela é impossível ficar indiferente ao que pode lhe acontecer.

Assim sendo, sem explicações mirabolantes e nenhum flashback enfadonho, sobrou metros de fita para perseguições alucinadas e sequências de ação de tirar o fôlego, no melhor estilo old school.


A direção de arte do filme é um show à parte. Utilizando sucata e ferro-velho foi criado um mundo apocalíptico crível, semelhante ao que vimos nos três filmes anteriores e, ao mesmo tempo, diferente por ter personalidade própria. Os veículos, figurinos, cenários e objetos cenográficos são caprichosamente compostos para criar uma atmosfera de imundice e desespero. Impecável.

Um dos grandes destaques de "Mad Max: Estrada da Fúria" foi Nicholas Hoult. O ator que é mais conhecido como o Fera de "X-Men: Primeira Classe" e pela série "Skins", está praticamente irreconhecível e rouba a cena diversas vezes. Nux, seu personagem, começa modesto, mas vai crescendo conforme a fita se desfaz e parte do engrandecimento do personagem se dá pela competência de Hoult.


Enfim, "Mad Max: Estrada da Fúria", como disse acima, passa longe de ser um mero remake oportunista. O fato de ser dirigido pelo próprio George Miller que dirigiu a trilogia original (o último filme, "Além da Cúpula do Trovão" foi co-dirigido por George Ogilvie) é um dos trunfos da produção que em nenhum momento soa como uma auto-homenagem e sim como uma releitura e atualização da história do velho Max.

E como cereja do bolo, temos diversas referências aos filme anteriores. Todas colocaram um sorriso bem largo na minha cara.

George Miller deu uma aula de como se faz cinema de ação. De novo.



Marlo George assistiu, escreveu e acha que o mundo apocalíptico Milleriano dá um banho nos de Suzanne Collins e Veronica Roth. Elas tem que comer muito feijão com arroz pra chegar no dedo do pé de Miller.