Quando temos apego por algo, ou alguém, é difícil conter o impulso de defendê-lo não importa o quão destrutiva ou ruim essa coisa, ou pessoa, possa ser. Nós, instintivamente, estamos propensos a querer proteger aquilo que nos é querido.

Tenho sido assim nos últimos anos em relação à obra de M . Night Shyamalan, um dos maiores cineastas de sua geração, mas que ao longo dos últimos anos, filme após filme, vem literalmente destruindo esta reputação.

Sua carreira ganhou impulso estratosférico com  seu terceiro filme, o suspense paranormal O Sexto Sentido de 1999, que foi seguido pelo também genial Corpo Fechado, no qual Samuel L. Jackson e o astro de seu filme anterior, Bruce Willis, despem heróis e vilões de seus uniformes, trazendo os personagens das histórias em quadrinhos para o mundo real. Corpo Fechado é, para mim, sem titubear, o melhor longa de Shyamalan.

Nos anos seguintes, cheio de moral, Shyamalan lançou Sinais e A Vila, dois filmes que tem seus fãs e detratores, mas que ainda mantiveram o interesse do público por seu trabalho. Porém, desde que o diretor lançou os malfadados A Dama na Água, em 2006, e Fim dos Tempos, em 2008, vim tendo certa dificuldade em defendê-lo quando o assunto M. Night Shyamalan é proposto em alguma mesa de bar ou festas em que encontro meus amigos cinéfilos.

 Mas agora com a sequência de erros intituladas Depois da Terra e A Visita não advogarei à favor do diretor indiano, radicado americano, novamente. Pelo menos por enquanto. Espero que ele acerte o rumo no futuro.


Este novo filme do diretor, o mais barato de sua carreira, foi filmado como um filme independente. Com poucos recursos, Shyamalan decidiu contar a história em um formato já datado: Mockumentary, os famosos documentários falsos. Esse gênero  já está esgotado e, com exceção de Isto é Spinal Tap (1984) e As Fitas de Poughkeepsie (2007), só gerou filmes regulares ou ruins, como A Bruxa de Blair.

Dá até pra entender que, após fracassar com filmes de sci-fi com orçamentos multi-milionários, Shyamalan achasse ser uma boa ideia voltar às origens e fazer um filme na "raça e na coragem" como fez em 1992 com Praying With Anger, mas os tempos são outros. Hoje ele está, como já disse, com a reputação em baixa, e precisava de mais que um filme barato, minimalista ao extremo, estrelado por desconhecidos e com ares de amadorismo para se reafirmar. Ele precisava de um bom roteiro.

Sem maiores atrativo, A Visita até tem um ponto de virada na trama, mais ou menos uma hora depois que a fita está rolando, mas que é manjado demais para figurar entre as grandes sacadas do diretor, que surpreendeu o mundo com seus finais inimagináveis, de filmes como O Sexto Sentido e Corpo Fechado. Além disso, ficaram meio ridículas as tentativas de assustar o expectador. Elas não funcionaram.

Agora resta-me esperar o que os próximos filmes do diretor, Labor of Love e Split nos reservarão.

Se a ideia era se reinventar, M. Night Shyamalan falhou miseravelmente.



Marlo George assistiu, escreveu e se for seguir o novo método de xingamento inventado pelo personagem Tyler, pode dizer que esse filme é uma SHAKIRA!