É muito complicado escrever uma crítica sobre um filme que mexe com questões delicadas. Spotlight envolve uma trama que baseia-se na ação de um grupo de repórteres que investigam padres que molestam crianças na cidade de Boston, e sobre como a Igreja encobria os incidentes e simplesmente movia os padres para diferentes paróquias.

A questão delicada : baseia-se em fatos reais.

O filme começa arrastado, o que é um problema para um longa de duas horas de duração, pois dá vontade de simplesmente sair do cinema e fazer outra coisa. Contudo, com o desenrolar da trama e o desenvolvimento do roteiro, o longa começa a instigar o espectador a saber como se dará o fim da história e até mesmo torcer para que os protagonistas tenham sucesso na investigação.

O final do filme é emocionante, com cenas que são ao mesmo tempo belas e chocantes.

As atuações de Michael Keaton e Rachel McAdams se destacam das demais, pois ambos estão atuando impecavelmente e mostrando todo seu potencial. Mark Ruffalo teve uma boa atuação em algumas cenas mas não convenceu durante todo o filme, por simplesmente fazer os mesmos trejeitos que sempre faz em outros personagens. John Slattery e Liev Schreiber também atuaram bem. Os outros atores se encaixaram em seus papéis, mas sem destaques.


A direção de Tom McCarthy unida ao roteiro, de autoria própria junto com Josh Singer, é perfeita a partir do segundo ato, o que evidencia que o ator tem futuro como diretor,  visto que esse é o quinto filme que dirige, somente. O único problema do roteiro é o primeiro ato que além de maçante é confuso, não dando um bom entendimento sobre a trama logo no começo e sendo necessário um tempo para você se acostumar com os personagens e entendê-los completamente.

O que intriga  em "Spotlight - Segredos Revelados" é o sentimento que se tem ao descobrir os podres da Igreja católica ao esconder e encobrir os padres que cometem abuso sexual infantil. Pensar que este filme é baseado em acontecimentos reais é aterrorizante e leva-me a questionar se esse tipo de atitude é incomum na Igreja. Óbvio que não.

Um filme que poderia ser excelente, se não fosse pela sua longa duração, desnecessária, e um primeiro ato ruim.


Andreas Cesar assistiu, criticou e está indignado com a forma que esse filme o fez olhar de um modo diferente para a Igreja Católica...