Seja qual for o motivo de uma imigração, existe sempre um fascínio sobre a aventura que está por vir que muitas vezes é maior que o medo da mudança. Nunca vivi esta experiência, mas tenho vários amigos que já imigraram e que me atestaram isso. Porque mesmo que a mudança não é seja só de rotina, de país ou de círculo social, o fascínio de desbravar e conhecer uma outra realidade é mais instigante porque promove uma mudança mais importante: Interior.

Todas as pessoas que eu conheço e que já ultrapassaram fronteiras, geralmente, voltam diferentes, com uma visão de mundo muito mais ampla.


O mesmo acontece com Eilis, protagonista do filme Brooklyn, que deixa a Irlanda e parte para os Estados Unidos para concluir seus estudos, mas encontra muito mais que um diploma na terra do Tio Sam. Ela acabaria por encontrar a si mesma.

Com ares de filme antigo e um elenco interessante, Brooklyn é um filme burocrático que não chega a gabaritar em todas as categorias, mas que tem um charme próprio. A fotografia do filme casa bem com o clima retrô da produção, com muitos closes, especialmente na atriz principal Saoirse Ronan. A antiga Brooklyn é representada por boas locações e a paleta de cores do longa dá o tom vintage que o filme requeria.

O figurino também é bem cuidado, com destaque para o do núcleo italiano.


Já o roteiro é rígido. Quando pensava que uma situação conflituosa estava sendo construída, para apimentar a trama, isso era desconstruído por algum comentário ou atitude afável. Isto fez de Brooklyn apenas um filme sobre uma menina que vai para o estrangeiro estudar e que decide ficar em seu novo país, uma vez que nota estar muito maior que o lugar de onde veio. É blasé.

Como já disse, o elenco é interessante, trazendo os veteranos Jim Broadbent e Julie Walters, o novo arroz de festa de Hollywood Domhnall Gleeson (que é ótimo ator, mas que está exposto demais, o que pode prejudicá-lo), vários novos talentos entre os coadjuvantes e Saoirse Ronan que, apesar da indicação ao Oscar de Melhor Atriz por este trabalho, demonstra que ainda tem um longo caminho à percorrer até se tornar uma grande estrela. Look ela tem, experiência está adquirindo, basta aprimorar-se mais e pode ser que nasça uma nova estrela.



Marlo George assistiu, escreveu e já esteve no Brooklyn. Estação do metrô, linha 5, lilás, em Sampa.