Dwayne
"The Rock" Johnson estrela a comédia "Um Espião e Meio" ao lado de Kevin Hart - o comediante do momento! - e Aaron Paul - egresso da badalada série de TV "Breaking Bad" - com direção de Rawson Marshall Thurber (do hilário "Com a Bola Toda").

Um time e tanto! Não tem como dar errado, né? Bem...

Alerta vermelho, amigos...
Embora muitos não conheçam o diretor Rawson Marshall Thurber pelo nome, já devem ter ouvido falar muito bem de "Com a Bola Toda" - ou "Queimada - O Filme" - por conta das piadas politicamente incorretas e elenco afiadíssimo.

Quando anunciou-se o primeiro trailer de "Um Espião e Meio", muitos espectadores - eu incluso! - já aguardavam com certa ansiedade por mais um filme repleto de boas piadas, a simpatia de The Rock e os improvisos de Kevin Hart, tudo misturado no que parecia ser os ingredientes da "comédia do ano".
Por muito pouco, não foi bem isso que aconteceu.


O longa conta a história de dois ex-colegas de classe que se encontram 20 anos depois da época do colégio. Bob (Dwayne Johnson) era um rapaz obeso que, após sofrer muito bullying, se transforma num musculoso e letal agente da CIA. Já Calvin (Kevin Hart), que era o rapaz mais popular da escola, se tornou um tedioso contador. Juntos, eles enfrentarão um mundo de tiroteios, traição e espionagem que poderá matá-los de diversas maneiras.

A trama do filme começa levantando a bandeira anti-bullying, algo que os EUA está tentando erradicar há muito tempo, uma vez que configurou-se como um verdadeiro problema social. Porém, os roteiristas do filme "pisam FEIO na bola" ao estabelecer "padrões globais" do politicamente correto em diversos personagens para justificar suas ações.

Quer dizer que Bob Stone (Johnson) era obeso na época do colégio, sofria bullying por causa disso - dentre OUTROS motivos - e, após vinte anos, torna-se um musculoso agente da CIA . Okay. Mas operativos militares não costumam ser completos anormais, com diversos problemas psicológicos sérios, que deveriam ter sido detectados pela agência antes de colocar esse operativo em qualquer missão, como demonstra o personagem O TEMPO TODO.

"Mas, tio Kal, é uma comédia! Tem que dar um desconto...", pode o incauto poltronauta dizer. Não pois o absurdo numa comédia só funciona de fato se advir do realismo. E sobrepor-se a ele. Senão, é ~"forçação de barra"...
E quando falamos da trama, também tem de se dizer da obviedade de tudo que ocorre na história. O espectador descobre, sem muito esforço, o que vai acontecer no final. 

Já o elenco, infelizmente, é uma grande decepção. Apesar de arrancar algumas risadas, Dwayne Johnson e Kevin Hart não tem muita química em cena. Algumas partes funcionam mas a maioria só dá tristeza. Hart parece tentar improvisar mas a impressão que se tem é que muita coisa ficou no chão na sala de edição - como vemos nas cenas excluídas no final do filme (algumas bem melhores do que as "oficiais"). O que sobra é um personagem histérico e gritalhão que, DO NADA, vira um super expert hacker e agente da CIA. Lembrando que ele era apenas um mero contador...

(Se não fosse o problema da idade, bastaria escalar Eddie Murphy ou Alfonso Ribeiro e o resultado teria sido bem diferente...)


E por falar em decepção, como definir a atuação cansada de Aaron Paul, que parece não ter se livrado do fantasma de Jesse Pinkman - seu personagem em "Breaking Bad"? Acontece até uma DESNECESSÁRIA ~"homenagem" numa cena que é uma derrota do começo ao fim.

E ainda tem uma breve participação especial de Melissa McCarthy - que parece estar num ano ruim após o fracasso que foi o novo "Caça-Fantasmas".


Mas o que funciona em "Um Espião e Meio"? Boas cenas de ação, poucas piadas e algumas boas referências aos anos 1990 - inclusive musicais.

Resumindo: vá sem grandes expectativas e mente bem aberta. Desse jeito, pode ser até que funcione.


Kal J. Moon usou pochete e curtia ouvir a banda EMF - mesmo que ela tivesse uma canção tocando nas rádios FM...