Poucos são os adjetivos negativos para classificar Demônio de Neon, filme escrito e dirigido por Nicolas Winding Refn.
Demônio de Neon conta a história de Jesse (Elle Fenning), uma modelo amadora de 15 anos. Sua beleza natural chama a atenção da maquiadora Ruby (Jena Malone), que a apresenta ao mundo das modelos profissionais. Porém, após se destacar entre tantas outras meninas que buscam o mesmo sonho, Jesse percebe que esse é um habitat perigoso.
Com a premissa acima, a proposta de Refn era fazer um filme de horror que tivesse como tema central a obsessão pela beleza. Porém, o diretor se perdeu ao abrir muito espaço para improvisos. Se fossem improvisações bem sacadas, com timing e bom senso, isso seria um mérito. Mas não passam de cenas alongadas por caras e bocas (mais carões, do que bocas), pausas dramáticas e situações escatológicos e sem refinamento. A cena de "amor" no Instituto Médico Legal é algo que deixaria Russ Meyer de cabelo em pé.
Deste modo, qualquer crítica ou proposta de reflexão à questão da futilidade da cultura da beleza foi minada por uma sucessão de cenas longas, que apesar de serem belamente filmadas e contarem com fotografia impecável, não prestam nenhuma serventia à trama. Quando a fita terminou não me restou nenhum questionamento sobre "a moral da história", apenas um gosto ruim na boca por ter acabado de assistir um filme péssimo.
Infelizmente, Demônio de Neon pecou por tentar ser moderno ao extremo. Assista por sua própria conta, e risco.