A minha proposta inicial era fazer uma crítica do filme É Fada. Mas não o farei. Ao invés disso, farei um desabafo.

Sim! Assisti o filme. Sou crítico de cinema, desde os tempos dos fanzines "xerocados". Passei, bons anos de minha vida, assistindo de tudo, devidamente convidado pelas distribuidoras de cinema do Brasil. Testemunhei clássicos, ótimos blockbusters e as mais variadas produções em cabines de imprensa (que são as sessões exclusivas para os jornalistas do ramo analisarem as obras), festivais e mostras. Sou um estudante dedicado desta nobre sétima arte. Sou um apaixonado por isso. Foi no cinema, na mais tenra idade e quando tudo parecia para mim perdido, que encontrei a satisfação e vontade de viver. Foi lá, naquela sala escura, solitária, onde me encontrei.

Por isso, agradeço ao meu falecido pai. Um cinéfilo que, mesmo sem saber o que essa palavra significava, o era. Ele nunca soube que essa palavra o definia. Foi por causa dele que me tornei um amante dessa arte. E também da, boa, música.

Sim! Amo o cinema. E sem ele,  eu nada seria.

Portanto, é com desprazer e gosto amargo na boca que presencio a "vanguarda". Esses tais jovens (alguns nem tão juvenis) que estão invadindo os cinemas com a alcunha "Youtubers", de nada prestam. Nem mesmo sequer àquilo que se propõem, original e incidentalmente, que é formar opinião.

Sou jornalista. Sou, no meu mister, de modo relutante, um formador de opinião. Mas, sinceramente, quem tem que formar a opinião é a própria pessoa. Gosto de pensar que sou um facilitador, esclarecedor. O cara que aponta um caminho. Não que determina nada.

Aquele, que quer deter o poder de formar de opinião, é o mais despreparado para tal tarefa.

Essa "galera "Youtuber" — não vou apontar meu dedo curto para todos — talvez não tenha a real noção da responsabilidade daquilo que dizem. O propósito, ao que parece, é fazer graça. Responsabilidade? Nenhuma. Pra que? Está no Youtube... NÃO!

Não. Não está apenas num site de transmissão de vídeo. Está, cada vez mais, presente na TV, mídia impressa e cinema. Usando a mídia offline com a mesma falta de noção das redes sociais. De modo irresponsável. "Com a honestidade pelo avesso", como diria o lupino poeta.

Sendo sincero, quando terminei de assistir "É Fada", não fiquei irritado pela diarreia que jorrou da telona. Nem da falta de cuidado da direção ou, proposital, desleixo do roteiro. Fiquei irritado pelo rumo, midiático à qualquer custo que o cinema nacional vem tomando desde o tempo da pornochanchada. A retomada  nada mais foi que uma sombra pra quem andou, arduamente, mais que o Zé do Burro. Um país que tem cineastas, dramaturgos e escritores do calibre de Anselmo Duarte, Ricardo Van Steen, Felipe MeirellesJoão Emanuel Carneiro e Machado de Assis merece um pouco mais do que Cris D'Amato nos ofereceu.

Deu vergonha alheia.


Marlo George assistiu, escreveu e XINGOU: É FODA!!!!!!!!!!!!!