Green Day é daquelas bandas que subiram ao patamar de ícones do rock, com o lançamento do álbum American Idiot, mas não conseguiram sustentar a posição que alcançaram. O maior problema? Fácil, falta de inovação.

Após o lançamento do American Idiot, que é sem sombra de dúvidas uma das grandes obras do Rock n' Roll mundial, a banda lançou, em 2009, o álbum 21st Century Breakdown, que é também um bom álbum, mas não chega nem perto do que foi o CD anterior. O problema da banda realmente começou em 2012, com o lançamento da trilogia ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tré!, que foi marcada por músicas que eram simples sobras de estúdio das duas últimas obras e outras que até mesmo copiavam canções antigas da banda em algumas partes. Na época do lançamento da trilogia eu fiz críticas dos três discos, e dei notas positivas, mas o tempo passa e o amadurecimento fez-me perceber que aquela trilogia não merecia mais do que uma nota regular, no máximo...

Então, nesse cenário crítico veio uma notícia horrível para a banda. Depois de se descontrolar no festival iHeart Radio, em 2012, e criticar até mesmo Justin Bieber (que nada tinha a ver com a situação), Billie Joe Armstrong, cantor e guitarrista da banda, anunciou que estava em rehab, algo que pegou muito mal para a banda e os fez ficar parados por um tempo. Só pra constar, não sou fã do Justin Bieber (muito pelo contrário), mas achei desnecessário que Billie o atacasse sem qualquer motivo.


Agora, em 2016, o Green Day tem finalmente a chance de ouro para voltar por cima, já que depois de um tempo parado, um novo álbum à tona trouxe de volta a esperança que muitos tinham de um som novo e maduro da banda. Só que, novamente, a banda falhou ao não inovar em seu discurso e músicas, que continuam exatamente iguais aos discos anteriores. As composições do álbum são fracas, com um discurso politizado que já não convence, afinal ninguém consegue manter os mesmos pensamentos ideológicos da adolescência sem mudança alguma, algo que mostra uma vontade de alegrar o público mais jovem ao invés de fazer letras sérias e mais voltadas a um público maduro que já passou da fase "revolução" de sua adolescência.

Não há músicas memoráveis no álbum, que passará batido por qualquer fã da banda como um disco que não merece ser reouvido

As melodias também não trazem nada novo, e a quantidade de músicas em que eu consegui perceber cópias de músicas próprias é incrível, tendo mais de uma música de discos antigos copiadas em somente uma música de Revolution Radio. Essas cópias se dão em pequenos trechos, mas são o suficiente para serem reconhecidas por aqueles que conhecem o trabalho da banda. Afinal, o que eu quero dizer? A banda ao invés de tentar inventar algo novo, se copia para fazer uma "fórmula" que acha que, porque deu certo no passado, dará certo novamente.

Vocês não tem mais essa idade...
A vontade do Green Day de se manter uma banda voltada ao público adolescente é tanta que me sinto como um fã de Aerosmith, que está cansado de ver Steven Tyler pagar de garotão com a idade que tem. Billie Joe, Mike Dirnt e Tré Cool precisam perceber que agora tem 40 anos. O que deveriam fazer é tentar agradar o público antigo que gostava deles quando eram adolescentes, e como estes agora também envelheceram, precisam não somente ouvir algo novo, mas ouvir algo maduro.

Eu não sei o que seria desse álbum se os músicos não fossem bons, já que a única coisa que salva no álbum muitas vezes é a técnica do trio. E convenhamos, esse fator pesa bem mais pra Dirnt e Cool do que Armstrong, que apesar de ser bom, não tem nada de extraordinário.

Não há muito mais a se dizer sobre Revolution Radio, é apenas mais uma tentativa de agradar a juventude, mais uma falha. Não há músicas memoráveis no álbum, que passará batido por qualquer fã da banda como um disco que não merece ser reouvido. Outro "¡Uno!", "¡Dos!" e "¡Tré!", que faz com que fique cada vez mais difícil argumentar em favor do Green Day hoje em dia...


Andreas Cesar ouviu, criticou e finalmente percebeu que nem todas as bandas se mantém no topo pra sempre. Infelizmente...