Escrito e dirigido por Richard Tanne e estrelado por Tika Sumpter e Parker Sawyers, o filme "Michelle e Obama" (Southside with You) - que estava programado para estrear em 17/11 mas foi adiado para 08/12/2016 - joga luz no casal Obama muito antes da política entrar em suas vidas. Será mesmo? 

Sobre amor e política
Deve ser algum costume recém-adotado por Hollywood - ou por quem quer que o valha - que todo Presidente do Estados Unidos, no ano em que deixar o governo, deve ter um filme falando de sua vida. Não, nada exatamente sobre política mas sim como essa pessoa era na juventude, até se tornar o governante que está deixando de ser. Foi assim com George W. Bush - o fracassado "W.", de Oliver Stone, que falava de dois presidentes ao mesmo tempo. Teve também "Mera Coincidência", de Barry Levinson, que falava ~"disfarçadamente" do Governo Clinton mas não deve ter sido encomendado por ninguém ligado ao governo... Até o Brasil tentou copiar essa ideia estranha com aquele filme lá...

Uma ideia que parece, simultaneamente, deixar para posteridade o "legado" deixado pelo político em questão e mostrando-o como "gente como a gente". A bola da vez é o casal Obama, cujo patriarca está deixando a presidência dos EUA após dois mandatos.

E a pergunta é: pra quê serve esse filme?
Michelle (Tika Sumpter) e Obama (Parker Sawyers)
conversam durante um "não-encontro": atuação honesta

Inspirado no primeiro encontro de Barack e Michelle Obama, a trama narra o dia de verão agitado em 1989, quando um jovem chamado Barack Obama (Parker Sawyers), calouro da faculdade de Direito de Harvard arruma um estágio em um escritório de Chicago. Lá, fica sob as ordens da jovem advogada Michelle Robinson (Tika Sumpter), por quem se apaixona. Depois de muito relutar, Michelle aceita o convite de Obama para um passeio que marca o início de um romance.

Ambos de famílias humildes, ambos querendo provar seu valor com a sociedade mas ambos com objetivos bem diferentes. Ele acreditava que trabalhar para corporações que não tivessem nada a ver com suas ideologias era pura perda de tempo. Ela, preocupada com as aparências, achava bem errado sair num encontro com um estagiário e isso poderia acabar com todo seu futuro naquele escritório de advocacia. Mas, independente das muitas diferenças, veem algo em comum e o resto é história.

É realmente muito difícil imaginar que algo que deveria ser reservado para conversas de fim de ano onde familiares estão reunidos ("Conta como vocês se conheceram...") sirva de material para realizar um filme. E ainda mais um filme que não parece ter atrativo algum ou nada de especial.

Tendo em mente que se trata de uma história real, dificilmente os personagens falaram intrinsecamente o que foi dito em cena. E fica complicado imaginar que cada parte "brilhante" de diálogo tenha sido adaptado ou simplesmente inventado para se adequar melhor à cena em questão. E pior: será que tudo o que está na tela aconteceu de fato?
Michelle e Obama assistindo "Faça a Coisa Certa"
no cinema: mensgem subliminar?

Em muitas cenas, vemos o que se tornaria marca registrada da gestão Obama nos EUA. Sua verve pronta para discursos, o perfil "conciliador", o cuidado com comunidades carentes... E é de se perguntar se esse filme não foi criado com algum intuito político, uma vez que Obama apoiava Hillary Clinton na campanha presidencial e, supostamente, seria a favor de seu programa de governo.

Mas, caramba, esse filme não deveria ser uma história de amor? Bem, deveria. É aquela coisa: Nada de especial mas tem momentos interessantes que prendem a atenção de quem assiste. Mas se os personagens tivessem outros nomes, possivelmente passaria despercebido num sábado à noite na TV e o espectador esqueceria na semana seguinte.

E sim, foi muito estranho assistir esse filme um dia após Donald Trump ganhar a eleição presidencial dos EUA...


Kal J. Moon espera não assistir um filme sobre Trump daqui a alguns anos pois já assistiu De Volta para o Futuro 2...