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Camilla Camargo e Caio Castro: romance complicado em "Travessia" (Divulgação) |
Desfocada sociedade moderna
Luto. Drogas. Incompatibilidade de gênios."Travessia" mostra como a vida de pai e filho é destruída por conta dos conflitos criados por fatores como dinheiro, individualidade e o frequente desejo por identidade, mesmo que alguns sacrifícios precisem ser realizados.
Na trama, constantes desentendimentos levaram Roberto (Chico Diaz) a se distanciar de Júlio (Caio Castro), seu único filho - que está envolvido com tráfico de drogas sintéticas. Ambos buscam novos caminhos, movidos por seus desejos, mas um acidente inusitado pode fazer com que se unam novamente. O acidente acaba aproximando Roberto da enfermeira Leila (Cyra Coentro).
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Cyra Coentro e Chico Diaz: romance vindo do acaso (Divulgação) |
E sutileza é justamente o caso do roteiro escrito por Paulo Tiago dos Santos (Pati), Maria Carolina e do próprio diretor João Gabriel - que teve modificações feitas por Aleksei Habib. Essa sutileza para contar essa história dificulta sua compreensão quando parece que não está acontecendo nada de tão importante assim para que justifique a exibição.
Mesmo que tudo esteja bem localizado, Caio Castro esforçado que só para dar veracidade à sua personagem, Chico Diaz criando contornos críveis para cada reviravolta que lhe é imposto e mesmo com os romances criados às personagens femininas em cena não serem nada além de distração - destaque à interpretação precisa de Cyra Coentro, cuja verossimilhança faz com que o público acredite que a atriz talvez seja realmente enfermeira na vida real -, a trama aposta na sutileza mas falha ao tentar entregar sua verdadeira intenção.
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Destaque à bela direção de fotografia de Pedro Sotero (Divulgação) |
Salva a bela direção de fotografia de Pedro Sotero (do ótimo "Aquarius"), que capta toda a perturbação e inconstância dessa diferente realidade de Salvador a que os espectadores estão acostumados - fazendo isso de forma angulosa e cromática, com excelentes resultados. Pena que a edição deixa a desejar, com uma montagem que não conversa entre si em todas as cenas.
Diverso em si só, não é um filme ruim. Faz pensar em todos os problemas atuais e por que as soluções talvez não estejam na tela do cinema.
Kal J. Moon acha que só mesmo em Salvador um barco faria menção a Jesus e dendê na mesma frase.