Dirigido por Paul Schrader e estrelado pela trinca Nicolas Cage, Willem Dafoe e Christopher Matthew Cook, "Cães Selvagens" ('Dog Eat Dog') mostra que a vida de ex-presidiários não compensa...
Troy (Nicolas Cage) e Mad Dog (Willem Dafoe)
planejando um último golpe em "Cães Selvagens" (Divulgação)

O excesso nosso de cada dia...
Foi com muita alegria que muitos profissionais que escrevem sobre cinema no Brasil e no mundo receberam a notícia de que Paul Schrader voltaria às telonas. Pena que não era nos roteiros, onde é celebrado com filmes cultuados - e controversos - como "Taxi Driver", "Touro Indomável", "A Última Tentação de Cristo", dentre outros. E controverso é como podemos chamar o cinema comandado por Schrader. Ele é bem diferente como diretor do que como roteirista. A impressão que se tem é que Schrader parece não ter se atualizado e tenta, a todo custo, "provar" que pode fazer algo memorável no campo da direção. Mas, infelizmente, forçar a barra não é o suficiente para fazer um bom filme.

Na trama, Troy (Cage), Mad Dog (Dafoe) e Diesel (Cook) saem da prisão, dão pequenos golpes mas o dinheiro acaba bem rápido. A solução? Dar um grande golpe, abrir um negócio para sair de vez da vida bandida. Após alguns contatos telefônicos, surge algo que Troy não gosta de realizar: um sequestro envolvendo uma criança. Mas algo dá MUITO errado...

O roteiro de Matthew Wilder - baseado no livro escrito pelo ex-presidiário Edward Bunker - joga todas as idiossincrasias necessárias a pessoas que saíram da prisão e não entenderam como o mundo ficou assim, desse jeito aí. Frases metendo o malho ao estranho culto a celebridades, com alfinetadas bem direcionadas dando nomes aos bois, refletem o que está na mente de muitos mas que não é dito por conta de se tentar evitar o atrito social, uma vez que ser legal com todos é algo tão importante nos dias de hoje. O problema é que a história começa muito bem mas tem uns engasgos e algumas barrigas - onde nada de muito importante está acontecendo - que temos a clara noção de que roteiro e direção entraram num embate, cada um tentando mostrar seu estilo em vez de contar a história da melhor forma possível. Em determinados momentos, o espectador pode pensar estar assistindo uma versão gore de "Os Três Patetas" - sem exageros...

A direção de Schrader parece querer soar "moderna" com um jeitão "old school descolado", mas lembra aqueles filmes que saíram na década de 1990 copiando frame a frame o que Tarantino, Boyle e Guy Ritchie estavam fazendo, porém sem o mesmo resultado. O problema são os excessos. Faltou podar onde era necessário para se contar melhor essa trama. Pena.
Mad Dog (Dafoe), Troy (Cage) e Diesel (Cook)
prestes a entrar numa fria... (Divulgação)

Destaque à eficiente direção de fotografia de Alexander Dynan - egresso de direção de curtas-metragens e documentários - que procura dar uma "cara" a essa história torta com um pouco mais de personalidade.

Nicolas Cage perdeu o jeito e está o mesmo canastrão de sempre. A sorte é que essa personagem pede exatamente isso, então está ~"perfeito". Dafoe entrega o que se espera dele, embora tenha sido uma performance bem caricata. Cook é o único que desperta algum desprendimento, com o personagem mais crível, mesmo que não tenha espaço para desenvolvimento.

Fortemente indicado para fãs de filme cheio de mau-caráter, humor negro e galões de sangue derramado. Pelo menos, é politicamente incorreto e rende algumas boas risadas. Se essa é a sua praia, divirta-se!



Kal J. Moon também odeia Taylor Swift. Nada pessoal...