Os Monstros da Universal já eram uma franquia quando este modelo de lançamento sequer existia. Hoje o conceito de franquia cinematográfica já foi bem experimentado, com vários exemplos de sucesso como o
Universo Cinematográfico Marvel,
O Senhor dos Anéis,
Star Wars, entre outros. A
Universal Pictures vem tentando, especialmente na última década, criar uma nova franquia baseada nos seus Monstros do passado.
Van Helsing: O Caçador de Monstros, de 2004, e
Drácula: A História Nunca Contada, de 2014, foram tentativas fracassadas de
start de um novo
reboot.
Agora, com
A Múmia, surge uma nova oportunidade para a Universal iniciar sua tão sonhada franquia milionária, agarrando os fãs e cinéfilos do mundo pela mão e os conduzindo à um novo "universo monstruoso". Será que terão sucesso nessa nova empreitada? Isso só o tempo dirá.
Dirigido por
Alex Kurtzman, produtor e roteirista ativo, mas que tem apenas um filme dirigido até então,
Bem-Vindo à Vida, de 2012, no qual apresentou um trabalho regular,
A Múmia é um filme bom, com uma trama enxuta e recheado de cenas de ação. Enfim, um filme pipoca.
Dito isso, justificada foi a ― à primeira vista errônea ― escalação de
Tom Cruise como o protagonista do longa. Cruise dá bilheteria, mas não é um ator brilhante. Ele é, sejamos justos, amadurecido, experiente e sempre entrega um bom trabalho. Se for bem dirigido, e desta vez foi, o galã cinquentão dá conta do recado. O próprio roteiro cuida para que a idade do ator seja aproveitada à favor da história. A princípio ele parece velho para o papel de um aventureiro ladino, mas a trama acaba providenciando o
background necessário para que sua personagem seja um homem mais maduro e vivido.
Cruise acabou sendo o ator certo para viver Nick Morton, um personagem que parece ser clichê, mas que vai crescendo conforme a fita se desenrola.
Outra grande jogada foi elencar
Sofia Boutella como a criatura. Nos primeiros scripts a múmia era do gênero masculino, mas após Kurtzman conhecer Boutella decidiu que ela era perfeita para o papel. Boutella, conhecida na redação do Poltrona Pop como "A Queridinha do Kal" (é uma piadinha interna, mas não resisti), tem a aparência de uma princesa egípcia e o talento necessário para compor bem a personagem. Sua múmia tem assinatura, personalidade própria e a atriz simplesmente brilha em cena.
Fiquei satisfeito também com as piadinhas e referências que o filme faz aos clássicos e até mesmo à trilogia
A Múmia, aquela do
Brendan Frasier e
Rachel Weisz. Ao que tudo indica, as aventuras de Rick O'Connell e Evelyn Carnahan, mesmo que não declaradamente, fazem parte do universo compartilhado nesta nova franquia. Para minha alegria, pois sou fã e fiquei com um sorrisão no rosto quando me dei conta disso. Outras citações legais são ao musical
Jekyll & Hyde e ao
Monstro da Lagoa Negra, criaturas da franquia que certamente terão filmes solo.
Russell Crowe interpreta um médico, cientista, pesquisador e advogado que também é uma das criaturas clássicas. Se ainda não tomou
spoilers (ou matou quem é), corra pro cinema. foi muito legal descobrir isso lá.
Annabelle Wallis é Jenny Halsey, uma egiptóloga que também vai tendo sua importância na trama revelada aos poucos. Wallis é uma boa atriz e pode ter tido a oportunidade de receber novos convites para papeis importantes. A Múmia é uma boa vitrine para a atriz, que aproveitou muito bem o tempo de tela.
A Múmia foi um filme barato para os padrões hollywoodianos de
blockbusters e custou em média 125 milhões de dólares. Isso refletiu, obviamente, na produção. Os efeitos especiais poderiam ser melhores, apesar do trabalho de efeitos visuais ser muito arrojado, destacando-se as cenas em gravidade zero. A direção de fotografia é competente, assim como a edição e montagem. A trilha sonora, de
Brian Tyler, que assinou outras três trilhas só este ano, cria clima, mas sofre do mesmo mal de outras produções atuais que é a falta de inspiração. A música acompanha o ritmo do filme, mas não fica marcada na memória.
Lá se vão uns 40 anos que os filmes de terror não assustam mais ninguém. Dentro desta realidade nada como atualizar o gênero com altas doses de ação e aventura. Cheio de acertos e com duração na medida certa para evitar barrigas,
A Múmia é o filme ideal para restartar o universo monstruoso da Universal. Recomendadíssimo.
Marlo George assistiu, escreveu e viu o livro de Amon-Rá, mas não viu a chave. Muito suspeito...