Poucos eventos na história me comovem tanto quanto a Segunda Guerra Mundial. Porém, ainda assim esse é um tema um pouco clichê quando se trata de cinema, tendo em vista a extensa galeria de filmes produzidos com base nesse período. Então, o que mais me chamou atenção a "Dunkirk", antes de assistir ao longa, foi o fato de ser dirigido pelo incrível Christopher Nolan.

Não há dúvidas de que minhas expectativas quanto ao diretor foram cumpridas. Não somente a direção do filme é fantástica, mas o roteiro também é bom, tendo sido escrito pelo próprio Nolan. Além de não se tratar de uma trama comum, em que entram em foco temas como os horrores do nazismo e do Holocausto, o longa trata de um momento histórico pouco abordado, sem esquecer do legado da Segunda Guerra no pensamento das pessoas. Ao abordar o resgate de soldados britânicos por cidadãos civis, "Dunkirk" revela o pensamento de que vale a pena se arriscar para salvar outras vidas, tão torturadas pelos horrores de um conflito devastador.

Os conflitos do filme abrem espaço para atuações competentes, como as de Fionn Whitehead e Damien Bonnard. Já os veteranos Tom Hardy (que já trabalhou com Nolan em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge) e Kenneth Branagh (Harry Potter e a Câmara Secreta) aparecem pouco, mas brilham a cada momento em tela, com personagens cativantes. Outro nome de peso, o vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme Ponte dos Espiões, Mark Rylance aparece numa atuação simplista e sem emoção, parecida com aquela que rendeu-lhe seu injusto prêmio da Academia, que deveria ter sido de Sylvester Stallone naquele ano.


A fotografia do longa é fenomenal, assim como a mixagem e edição do som, que culminam num grande espetáculo em determinadas cenas de ação, como os confrontos entre aviões ingleses contra os do Eixo. É de fácil constatação que o trabalho de Hans Zimmer foi, novamente, bem feito, com uma trilha sonora de alta qualidade e que me proporcionou muitas emoções nas cenas de clímax de "Dunkirk". Incrível.

Entretanto, talvez o maior problema do filme seja exatamente o que o torna diferente e, até mesmo, interessante. Mesmo que seja um paradoxo, a trama inovadora e o roteiro bem escrito acabam por tornar "Dunkirk" uma obra sem um grande plot twist, além de não ser tão memorável como outros trabalhos de Nolan, tal como o Grande Truque. O final dos personagens é bom, mas não impacta de modo surpreendente, tornando-o um filme completo, mas não excepcional. Ainda assim, o mérito do roteiro é grande, por retratar de modo fiel e rápido uma situação complexa vivida na Segunda Guerra, mesmo que sem grandes reviravoltas - algo que, convenhamos, seria complicado num filme histórico.

Pode-se afirmar que Christopher Nolan entregou um filme de alto nível, mas que não fica na lista de seus melhores longas. "Dunkirk" é uma excelente experiência para os amantes da história mundial, com atores e um diretor/roteirista extremamente competentes. Eu, sem dúvida, não esperava menos.



Andreas Cesar também adora história e ficou feliz do modo inusitado que Nolan explorou a Segunda Guerra... Gostaria de mais filmes assim!