Apostando no empoderamento feminino, novo filme com Amy Schumer desagrada pela falta de noção

"Mude tudo. Sem mudar nada". 

O slogan acima, do filme Sexy por Acidente, é uma jogada de mestre. Estampado no cartaz do longa, que traz a atriz Amy Schumer — que ficou mais conhecida no Brasil após ter sua série, Inside Amy Schumer, veiculada pelo Comedy Central Brasil, e também por Descompensada, de 2015 — em um look sexy sem ser vulgar e numa pose "empoderada", tem tudo para convencer a galera descolada à ir ao cinema.

E deve acabar levando mesmo. Só acho que o filme, que a platéia irá assistir, não é aquele que o material promocional parece propor.

O roteiro, escrito pelos diretores Abby Kohn e Marc Silverstein (roteiristas de Nunca Fui Beijada, de 1999), não passa de uma paródia enrustida do filme Quero Ser Grande, aquele com Tom Hanks, de 30 anos atrás no qual um menino quer ser grande para poder ter independência.

Lembra?

Pois é!

INÍCIO DE UMA PEQUENA ÁREA DE SPOILERS LEVES (TEM TUDO NO TRAILER, MAS NÃO CUSTA AVISAR...)


Em Sexy por Acidente, Amy Schumer interpreta Renee Bennett, uma balzaquiana solteira 'plus size' e insegura, que sonha em ser bonita como aquelas modelos de capa de revista de moda. O sonho da moça se torna "realidade", quando, inspirada no tal filme com Tom Hanks, faz um pedido numa "fonte dos desejos". Ela não se torna bela na mesma hora, mas no dia seguinte, enquanto suava para perder peso na academia, bate com a cabeça no chão, em um acidente bizarro, caindo desacordada. Quando acorda, Renee tem uma espécie de alucinação e passa a se ver como uma mulher bela, segundo seus próprios padrões de beleza. Nada muda nela, mas ela muda de comportamento, tornando-se mais confiante, conquistando tudo e todos que deseja.


FIM DA PEQUENA ÁREA DE SPOILERS LEVES, PODE CONTINUAR A LEITURA


Então! Com esse plot plagiado e embuçado como uma homenagem, Sexy por Acidente perde a chance de mostrar uma personagem do século XXI, forte porque é forte e não por conta de uma alucinação. Confesso que, ao ver o poster pela primeira vez em um dos cinemas da vida, pensei que seria um filme inteligente, que zombaria do establishment, especialmente do mundo da moda. O pior é que essa chance foi perdida à favor de se fazer um filme politicamente correto, mesmo que muitas das cenas sejam politicamente incorretas, mostrando situações constrangedoras que a personagem passa, gratuitamente, pelo fato de ser obesa. Não fosse o tato de Schumer, que consegue amenizar tudo ao fazer o público rir com ela, e não dela, talvez o filme fosse mais um insulto do que uma obra empoderadora, como passa no material promocional.

Para piorar, além de ser um filme extremamente previsível, termina com uma lição de moral cafona e nada inspirada.

Schumer e Sasheer Zamata (que arrebenta nessa cena)

Schumer, como já disse em outras oportunidades, é uma atriz talentosa, mas ela é tão presente durante toda a duração do filme, que cansa um pouco. Mas isso é mais um mal do próprio formato dos longas do gênero cômico, do que da comediante.

A bela Michelle Williams também está no elenco e é uma grata surpresa, pois mostrou uma faceta ainda não explorada pela atriz, mais conhecida por dramas e filmes românticos.

Tom Hopper, de Black Sails, não convence, assim como Rory Scovel, um comediante pouco conhecido. O roteiro, ruim e focado na personagem de Schumer, não os favorece.

O filme traz ainda a participão especial de Naomi Campbell, ícone da moda dos anos 90, que recentemente participou do péssimo Zoolander 2.

Não gostei, uma pena!



Marlo George assistiu, escreveu e não cai nessa de citar fonte de plágio para disfarçá-lo de homenagem. Qual é?