The Rock, ou melhor, Dwayne Johnson é o mais novo candidato à herdeiro de Bruce Willis em Arranha-Céu: Coragem Sem Limite
É muito bom poder testemunhar o desenvolvimento de um astro criativo, ousado, versátil e carismático como Dwayne "The Rock" Johnson. Sua carreira teve início nos ringues do pro-wrestling americano, em 1996, o que ocorreu naturalmente, uma vez que ele é da terceira geração de luchadores da tradicional Família Anoaʻi — conhecida por sua dinastia de guerreiros samoano-americanos como Rikishi, os gêmeos Uso, Roman Reigns e, é claro, Peter Maivia e Rocky Johnson, avô e pai de The Rock, respectivamente.
Mas o talento de Johnson não ficou restrito aos quatro cantos do ringue da WWE (World Wrestling Entertainment, maior empresa do ramo nos EUA), ele foi além e, após uma ligeira passagem por séries de TV, como Star Trek: Voyager, invadiu os cinemas no papel de Escorpião Rei no longa O Retorno da Múmia, de 2001, papel viria a reprisar no longa solo da personagem que foi lançado no ano seguinte, tamanho o sucesso alcançado.
De lá, pra cá, o ator vem construindo uma carreira de altos e baixos. Preciso revelar que, em minha opinião é uma carreira mais de baixos, porém, quando ele acerta um "Rock-Bottom" (um de seus golpes da carreira de pro-wrestler) na telona e consegue um bom personagem, um ótimo diretor e um roteiro que dá conta do recado, não tem pra ninguém. Pode bater três vezes na lona, Seu Juiz, que não há quem consiga bater o homem em todas as qualidades que citei no início da matéria.
Não vou escrever mais, por receio de entregar spoilers, mas posso adiantar que Dwayne Jonhson é o ator perfeito para o papel e, talvez, nenhum outro astro de ação estivesse mais pronto para viver a personagem além dele. Algo similar ao que aconteceu com Bruce Willis em Duro de Matar, filme de 1988 que foi homenageado em um dos cartazes internacionais de Arranha-Céu: Coragem Sem Limite, tamanha a similaridade entre as duas produções. Lembra mesmo, apesar das muitas diferenças entre os dois roteiros.
Roteiro este que é muito bem desenvolvido, deixando muito pouco espaço para o expectador respirar, pois apresenta ação desenfreada, ritmada e com toques de humor, suspense e drama. Tudo muito bem dosado. Sério, não dá pra piscar sem perder algum lance. Isso sem falar na conveniente agenda de inclusão, uma vez que o longa mostra uma família inter-racial e um herói com "H" maiúsculo e deficiente. Nada poderia ser mais relevante em tempos de intolerância racial e desrespeito com portadores de deficiência, que geralmente são tratados como pessoas dependentes. Lógico que nem todos nós somos capazes de executar as proezas de Sawyer, não importa a nossa condição física, mas por analogia, o filme deixa bem claro que nem sempre aqueles que parecem incapazes de fato o são.
Apesar do elenco competente, que segura o trampo de servir de escada para as peripécias de Dwayne Johnson, o único elemento em tela que é capaz de competir com The Rock pelo protagonismo do longa são os efeitos visuais e especiais. O filme é simplesmente espetacular, na falta de palavra mais justa. Tudo que se vê na telona é crível e, ao mesmo tempo, maior que a vida. Um trabalho excelente, que aliado à mixagem de som e à trilha sonora de Steve Jablonsky, que costuma compor para produções de Michael Bay e, portanto, entende do assunto, faz com que Arranha-Céu: Coragem Sem Limite seja uma experiência imperdível. Assista no cinema.
De onde menos se espera
Mas Arranha-Céu: Coragem Sem Limite não é um filme tão bom por acaso. Na direção temos, ninguém mais, ninguém menos, que um dos maiores diretores de comédia de sua geração: Rawson Marshall Thurber, responsável por obras-primas modernas como Com a Bola Toda (2004) e Família do Bagulho (2013). Marshall Thurber já tinha dirigido The Rock em Um Espião e Meio, de 2016, e a parceria parece que deu certo. Este é seu primeiro filme fora do gênero cômico e, se ele mantiver a mão em futuras oportunidades, pode fazer carreira em um novo filão cinematográfico. Competência, que é o principal, ele já mostrou. Que venham mais filmes da dupla Thuber/Johnson.
Marlo George assistiu, escreveu e também anda mancando por aí...