O CCBB exibe a mostra 'ACORDE! O Cinema de Spike Lee', que apresenta ao público um dos mais importantes e urgentes cineastas contemporâneos. Com um cinema extremamente atual e um discurso inclusivo, Spike Lee (foto) aborda em sua filmografia uma visão particular da diversidade racial urbana. A mostra exibirá um recorte de 22 filmes e quatro videoclipes que representam diferentes momentos da carreira do cineasta. Confira as datas:


  • CCBB São Paulo - 07/11 a 03/12/2018
  • CCBB Rio de Janeiro - 07/11 a 26/11/2018
  • CCBB Brasília - 20/11 a 09/12/2018


"’Acorde!’, essa expressão está presente em quase todos os filmes de Spike Lee. É um chamado para a ação, para a ruptura de um comportamento padronizado, geralmente declamado por um personagem secundário para o personagem central, frequentemente em uma visão subjetiva: o ator olha para a câmera e fala ‘Acorde!’ para a plateia do cinema. “Spike Lee quer que seu cinema faça o público acordar para a realidade que o cerca", comenta o curador Jaiê Saavedra.

A Mostra acontece no mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e oferece ao público um panorama da obra do mais atuante cineasta afro-americano, que conquistou este ano o Grande Prêmio do Júri e Menção Especial do Prêmio Júri Ecumênico no Festival de Cannes, e o Prêmio do Público no Festival de Locarno, com 'Infiltrado na Klan' (estreia nacional prevista para 22/11/2018).

'ACORDE! O Cinema de Spike Lee' traz alguns dos títulos mais recentes do cineasta, porém pouco vistos nas salas de cinema brasileiras, e alguns de seus melhores trabalhos para a televisão, como os documentários 'Kobe Doin' Work' (2009), filmado com 30 câmeras, e 'Michael Jackson's Journey from Motown to Off the Wall' (2016). Michael Jackson também é a estrela de um dos videoclipes da mostra - 'They Don't Care About Us', gravado no Rio de Janeiro e em Salvador.  Quatro filmes clássicos serão exibidos em 35mm: 'Mais e melhores blues' (1990), 'Febre da selva' (1991), 'Malcolm X'(1992) e 'A última noite' (2002), que terão sessões inclusivas (com audiodescrição e close caption).

Ao demonstrar para Hollywood o potencial de um cinema negro junto ao público amplo, Spike Lee saiu da condição duplamente marginalizada de cineasta independente e negro, fazendo dos 'black films' parte da grande indústria do cinema americano. Após o sucesso do seu primeiro lançamento comercial, a comédia 'Ela quer tudo' (She’s Gotta Have It, 1986), que marcou também a estreia de Spike Lee como ator, ele abriu a sua produtora - 40 acres and a Mule Filmworks (o nome é inspirado em uma promessa não cumprida que políticos fizeram a escravos recém-liberados depois da Guerra Civil americana).

Um período de intensa criatividade veio a seguir, com filmes como 'Faça a coisa certa' (1989), 'Mais e melhores blues' (1990), 'Malcolm X' (1992) e 'Febre na selva' (1991), colocando o diretor entre os grandes nomes do cinema mundial. Surpreendentemente, mesmo tendo alcançado a condição de um cineasta mainstream, Spike Lee nunca deixou de considerar a si mesmo um cineasta negro e independente. Com 'A hora do show' (2001), uma crítica feroz à forma como Hollywood e a TV dos Estados Unidos tratavam os negros, ele consolidou definitivamente a sua posição como um dos grandes realizadores do século. Lee já trabalhou com diversas estrelas e gosta de repetir no elenco de seus filmes nomes como Denzel Washington (que encarnou Malcolm X), John Turturro, Samuel L. Jackson e Michael Imperioli. Em 2016, Lee ganhou um Oscar Honorário, mas não foi à cerimônia para marcar sua posição em um momento em que se discutia a falta de indicações de pessoas negras ao prêmio.

"Spike Lee também é, antes de tudo, um cineasta com incrível domínio técnico, grande sensibilidade na direção de atores e enorme respeito à palavra. Seus primeiros filmes já se tornaram clássicos do cinema que merecem ser (re)assistidos e novamente discutidos. Um raro exemplo de um diretor que conservou enorme vigor e ousadia através das décadas, transcendendo o título de representante de um cinema negro e se tornando um dos grandes de nossa época", completa Saavedra.

A mostra 'ACORDE! O Cinema de Spike Lee' contará com um debate com o curador, a pesquisadora Kênia Freitas e o crítico Bruno Galindo, que ainda vai ministrar uma aula sobre o cinema de Spike Lee, ambos gratuitos, com distribuição de senhas a partir de uma hora antes do início do evento.

Os visitantes que assistirem a cinco sessões de filmes ganharão um catálogo da mostra. A programação completa estará disponível no site oficial do evento.

Fonte: CCBB (via press-release)