Aloha
Ser adolescente já não é tarefa considerada fácil. Preocupa-se com muitas coisas que, na maturidade podemos vir a achar fúteis como vestimenta e a opinião dos outros. Pior ainda quando os "outros" são aqueles que lhe sustentam...
Na trama, no distante ano de 1993, a jovem Cameron Post (Moretz) é flagrada com outra garota no baile de formatura. Ela é então enviada pela tia para um centro religioso que afirma curar jovens atraídos pelo mesmo sexo, mas para se submeter ou não ao suposto tratamento, a adolescente precisa antes descobrir quem é de fato.
Baseado no livro homônimo de Emily M. Danforth, "O Mau Exemplo de Cameron Post" não passa de uma espécie de denúncia ficcionalizada, como aqueles filmes de desastre ou tragédia que costumavam passar aos sábados às noite na TV aberta feitos para alertar a população acerca de um perigo iminente, para que nunca mais se repita ("vejam o que fizeram com nossas crianças!", "quem vai salvar nossos filhos?"), naquele tom alarmista bem característico.
E este filme tem um grave problema: faz uma denúncia grave sobre profissionais completamente despreparados cuidando de algo que não tem a menor propriedade - por pura falta de conhecimento -, valendo-se de propostas advindas da religião para ~"endossar" suas práticas hediondas - e, vale ressaltar, totalmente reprováveis do ponto de vista da psicologia - com o aval de pais e tutores conservadores ao extremo, que preferem pagar caro por um "tratamento reparador" do que exercer o papel que lhes cabe de entender a questão e orientar adolescentes sem rumo, que estão sendo tratados como criminosos apenas por agirem diferente dos demais.
Mas, infelizmente, enquanto narrativa, o filme peca por deter-se apenas na (necessária) denúncia, com um roteiro - escrito pela própria diretora, ao lado de Cecilia Frugiuele - que esquece-se de entregar uma trama melhor elaborada, com alguns furos imperdoáveis que, de certa forma, só servem para antecipar o inevitável final.
Ainda assim, é muito curioso que a grande maioria das personagens retratadas na trama tenha pele branca - apenas um rapaz tem origem indígena e uma moça seja afrodescendente -, estabilidade financeira, sem qualquer sinal de desajuste social grave. O que denota, por si só, que manter relações (sexuais ou emocionais) LGBTQ+ é virtualmente descabido naquele contexto específico.
Chloe Grace Moretz está esforçada no papel mas pouco ou quase nada pode fazer com a personagem mal resolvida que lhe incumbiram - e é de se admirar que, talvez, está seja a quarta ou quinta adaptação literária que lhe escalam na tentativa frustrada de alavancar as vendas da obra original (até porque quando um filme não convence, raramente desperta interesse ao que lhe inspirou).
Vale como curiosidade e denúncia de uma prática que, se em 1993 já soava no mínimo ~"bizarra", imagine em pleno século 21...
Kal J. Moon não entende por que muitos religiosos agem como se estivessem em transe o tempo todo... O culto deveria ser racional, não é mesmo?