Filme que encerra o arco de três fases do Universo Cinematográfico Marvel traz trama coesa, porém com inconsistências e soluções preguiçosas
Com tantas horas de cenas canônicas, é lógico que Vingadores Ultimato não poderia fechar todas as pontas soltas da saga. Aliás, algumas delas, como a ameaça de Mordo, por exemplo, será tratada futuramente e possivelmente no próximo filme solo do Doutor Estranho. Porém, o longa-metragem dá um ponto final em diversos dilemas dos personagens principais. O problema é que as soluções encontradas para dirimir estes dilemas foram, deveras, preguiçosas, nada imaginativas e pouco explicadas.
Para resolver o estalar de dedos de Thanos, que dizimou metade de toda a vida senciente da galáxia em Vingadores: Guerra Infinita, lançado em 2018, a dupla de roteirista Christopher Markus e Stephen McFeely, lançaram mão de um recurso narrativo que é muito comum na ficção científica e na fantasia. Recurso este que é, geralmente, explicado à demasia em obras dos gêneros, para criar a solidez necessária para que o público compre a ideia, por mais impossível que ela seja. E eu afirmo aqui que, sempre que esta solução é não é explicado ou, como no caso de Vingadores Ultimato, sequer é explicada, o resultado final é sempre inconsistente, o que compromete a nossa suspensão voluntária da descrença.
O que é um paradoxo, uma vez que os próprios heróis precisaram suspender sua descrença para aceitar e decidir aplicar esta solução.
Com fotografia exuberante, edição caprichada e montagem arrojada, Ultimato é um filme gostoso de assistir. Quase não se nota as quase 3 horas de duração. A equipe de CGI e efeitos visuais também fizeram um trabalho primoroso, que é digno de aplausos quando chegamos ao clímax do filme. O trabalho de maquiagem pode levar algumas indicações à prêmios no ano que vem, porém uma das próteses que foram utilizadas em um dos super-heróis ficou muito falsa e isso incomodou-me demais. Além disso, o Hulk não ficou nada realístico, ele realmente parecia um intruso digital enquanto interagia com os atores de carne e osso.
Dirigido por Anthony e Joe Russo, Vingadores Ultimato é um longa-metragem bem realizado. Os diretores conseguiram extrair dos atores o melhor de cada um deles, em cenas muito bonitas, interpretadas em cenários magníficos. A visão da dupla de como este filme deveria ser é tão precisa que nos faz achar que o filme é nosso também,. pois eu acredito que é sua melhor versão. uma pena que as presepadas do roteiro tenham posto tanto à perder.
Marlo George assistiu, escreveu e também chama a fantasia de querida.