Piloto da série baseada nos quadrinhos é um desrespeito com o material fonte

Alan Moore, roteirista e escritor, famoso por obras como Watchmen, A Liga Extraordinária, Monstro do Pântano, entre outras, sempre pediu que não vinculassem seu nome às produções que adaptaram suas obras originais. Todas as obras acima já foram adaptadas para a TV e, ou cinema. Salvo o filme de 2009, que levou para as telonas a "maior HQ de todos os tempos", segundo vários especialistas da área, Watchmen, do diretor Zack Snyder, todas as outras são muito ruins, mesmo. Inclusive a nova série baseada no Monstro do Pântano, da DC, que mal tinha começado a ter sua primeira temporada exibida e já foi cancelada.

Agora, Watchmen ganhou uma série de TV pela HBO, que pisou na bola e entregou um episódio piloto muito ruim. Talvez tão ruim quanto o filme da Liga Extraordinária.

Novamente o nome de Moore, conforme exigido, não consta nos créditos da produção.

Pois é, este primeiro episódio, de nove da primeira temporada, em nada lembra os quadrinhos. Não mantém o espírito da obra o que é um sacrilégio, na minha opinião. A HQ é densa, filosófica, madura e nos faz refletir, características que a colocaram no panteão das grandes obras da nona arte. Este episódio piloto é desprovido de todas estas características, e mais, ainda se impõe como uma obra gratuitamente violenta, sensacionalista e, o pior de tudo, muito chata.


A trama poderia ter engatado, especialmente pela questão racial que é tratada, mas a estrutura narrativa é tão confusa que fica impossível entender o que está acontecendo. Especialmente se o espectador não estiver familiarizado com os quadrinhos. Perderam uma bela oportunidade de realizar uma boa discussão sobre o tema e suas relações com o ambiente político atual do mundo, quando alguns, mais radicais e alienados, vociferam palavras de ordem contra seus ex-adversos. Algo que manteria o espírito de Watchmen.

Nada se salva. O elenco, salvo o núcleo de Adrian Veidt (Jeremy Irons), não apresenta um bom trabalho, parecem estar atuando no automático e nem mesmo Regina King, tão reverenciada no ano passado por seu destaque em Se a Rua Beale Falasse, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, convenceu. Foi bom ver Don Johnson de novo na TV, mas o roteiro o desfavoreceu e o ator não teve chance de brilhar.

Um início ruim, pra uma série que tem tudo pra dar errado.



Marlo George assistiu, escreveu e teve pena do gado