Nem Seiya, nem Atena, nem ninguém salva a segunda parte da nova animação dos cavaleiros sem cavalo

Os Cavaleiros do Zodíaco (CdZ) é a franquia de anima mais famosa do Brasil. Não tem pra Dragon Ball (seja o original, Z, GT, e etc.), Naruto ou qualquer outra pretensa série animada nipônica que a galera baixa nos torrents da vida. Foi com Cavaleiros que tudo praticamente recomeçou, quando da sua estreia no Brasil em setembro de 1994.

Digo recomeçou porque nós já tínhamos vivido no Brasil outras ondas de produções japonesas no Brasil. Quem é mais velhinho que eu lembra do National Kid, Speed Racer e da Princesa e o Cavaleiro. Os que são de minha geração choram de saudades de pérolas como Pirata do Espaço (primeiro desenho que me fez chorar, lá pelos idos de 1983), Patrulha Estelar, Jaspion e, é lógico, Changeman, o melhor tokusatsu de todos os tempos. Mas como disse, essas foram ondas que vieram, passaram e deixaram saudades.

Os Cavaleiros do Zodíaco, Saint Seiya no original, foi um tsunami. Em sua esteira vieram todos os animes que fazem a cabeça da galera após o término da exibição inédita na Rede Manchete. No ostracismo por uns anos, voltou com força total em 2002 com o lançamento da Saga de Hades e na sequência viram novos capítulos, spin-offs e até um filme com animação 3D para o cinema em comemoração aos 60 anos do criador da série, Masami Kurumada. Isso sem contar que deixei de fora os especiais para vídeo e para o cinema, que foi exibido em telonas pelo Brasil no longínquo ano de 1995.

E porque razão eu afirmo, no início da matéria, que CdZ é o anime mais famoso no Brasil? Ora, porque tem muita gente que o assistia nos anos 90 e tinha lá seus 30 ou 40 anos na época. Hoje, estes mesmos fãs, mais velhinhos, não fazem parte do fandom de animes, não acompanharam mais nenhuma série, mas ainda amam e revisitam CdZ. Eles podem não ter a sua idade ou pertencer à sua turma. Mas são fãs.


Você pode concordar com essa minha afirmativa ou não, mas creio que concordará com um fato: Essa nova animação de CdZ, Saint Seiya: Knights of the Zodiac, que teve sua segunda parte lançada recentemente na Netflix, é muito, muito ruim. É tudo que nenhum fã, seja ele mais novo ou mais vivido, queria assistir.

Eu até tinha comprado os primeiros seis episódios, lançados em julho de 2019, pois achei que a trama ficou mais enxuta, sem muitas enrolações e até mesmo a adição daquele exército paramilitar, que eles tiraram não sei de onde, tinha inicialmente funcionado melhor que aqueles Cavaleiros de Aço absurdos com armaduras tecnológicas do desenho original. Além disso, a exclusão daquelas crianças insuportáveis do orfanato, Akira e Makoto, foi providencial e com isso tudo na conta, até que a primeira leva de episódios deixou uma boa impressão.

Mas essa segunda rodada foi indigesta. Personagens com character design feio, como o Misty de Lagarto, as lutas chatas e arrastadas com outros Cavaleiros de Prata e até mesmo o retorno do exército paramilitar amalucado (com direito à chefe de fase desnecessário) desceram quadrado pela garganta. A conclusão da "temporada" sequer deixou gostinho de quero mais. Pra ser sincero deixou um gosto amargo na boca.

A animação manteve a qualidade e até que as Armaduras de Ouro (como todas as outras) ficaram bem legais, mas nada salva o roteiro boboca.

Ainda não engulo a Shaun (que alguns dubladores continuam chamando de Shun) e acho que qualquer outro personagem poderia ter mudado de gênero, menos o único que de fato era sensível e que valorizava, até mais que Seiya e os outros, a amizade. Estas características do Shun foram inclusive ressaltadas pelo dublador oficial do Shun, Ulisses Bezerra em entrevista exclusiva que ele concedeu para o Poltrona POP e que você pode assistir neste link. Assista as demais, pois entrevistamos todos os Cavaleiros de Bronze principais e a Deusa Atena, está tudo lá no nosso canal.

Finalizando, esta nova animação, pela classificação indicativa, pelo character design e até mesmo pela história mais bobinha pode ser uma porta de entrada para novos fãs, mais miudinhos, mas certamente não fará a cabeça de fãs mais velhos que, no geral, tomaram gosto pela série, lá nos anos 90 por vários motivos, mas o que todo mundo mais cita é um só: Sangue!!!!




Marlo George assistiu, escreveu e ao citar Tsunami nesta crítica lembrou-se com saudades do fanzine "Tsunami", de Denise Akemi, que depois virou revista oficial distribuída em bancas. Pena que foram poucos números. Akemi Rocks!!!!