A ficção científica é um dos gêneros mais aclamados da cultura nerd. Em meio às constantes tecnologias, ciência e predições acerca do futuro, tema recorrente dessas tramas, um dos aspectos que mais me fascina nesse gênero é a filosofia que se inclui em muitos livros sci-fi. "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas" não é exceção, tendo muitos pensamento profundos acerca do futuro, destruição ambiental, o impacto das ações dos seres-humanos nos seus semelhantes e em seu planeta, e, sobretudo, o que diferencia a inteligência orgânica da artificial. 


Philip K. Dick já mostra o maior conflito do livro em seu título. Será que os androides tem desejos naturais, assim como os seres-humanos, que tem como fundamento a empatia? Podem seres artificias serem considerados um tipo de vida, ainda que diferente da nossa? Essa e outras questões são trabalhadas com afinco e profundidade por Dick, que é um dos maiores escritores da ficção científica, junto com Isaac Asimov (Eu, Robô), Pierre Boule (O Planeta dos Macacos) e H. G. Wells (Guerra dos Mundos).

A história do livro serviu de base para o roteiro do filme Blade Runner, estrelado por Harrison Ford. De um modo resumido, o livro conta a história de um caçador de recompensas, Rick Deckard, que caça androides fora-da-lei. Ao chegar em seu trabalho, descobre que há 8 androides fugitivos de uma nova linha de fabricação, chamada Nexus-6. Esses robôs conseguem se infiltrar despercebidos por humanos comuns, portanto, apenas um caçador de recompensas experiente é capaz de identificá-los, a partir de um teste chamado Voigt-Kampff. Porém, o caçador de recompensas mais qualificado do departamento de polícia consegue "aposentar" apenas dois dos 8 androides, sendo quase morto pelo terceiro. Portanto, cabe a Rick a tarefa de detonar os 6 androides restantes. De outro lado, mostra-se a história de um "cabeça de galinha", Isidore, um homem cujo pó de radiação que existe no planeta terra afetou o sistema nervoso, tornando-o com um QI menor do que o de seres-humanos "normais". 


As duas tramas são muitos boas, com reflexões de variados temas, muita ação e reviravoltas. A interação entre Deckard e Rachel é muito bem construída, assim como a de John com Pris Stratton. A constante reflexão de Rick acerca dos androides gera muitos pensamentos na mente do leitor e faz com que cada vez mais nos perguntemos o quanto nossas próprias vidas não tem se tornado tão artificiais. Ou será que os androides que estão cada vez mais orgânicos? Essa é uma questão que caberá ao leitor responder, conforme seu ponto de vista.

Por fim, deve-se ressaltar que a leitura de "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas" é tranquila, com uma linguagem simples, sendo também uma leitura relativamente curta. É um ótimo livro para aqueles que não conhecem a ficção científica profundamente, sendo uma ótima porta de entrada para o gênero, já que expõe perfeitamente, como já dito anteriormente, as partes mais interessantes do gênero, que mesmo tendo como base a tecnologia , prende o leitor muito mais pelo aspecto filosófico e pelas reflexões que giram em torno do quanto a ciência pode moldar o universo, tanto dos seres-humanos quanto das outras formas de vida no nosso planeta.