Bill S. Preston (Alex Winter) e Ted Theodore Logan (Keanu Reeves) estão de volta para mais uma aventura com direito a viagem no tempo e tudo no intuito de salvarem a carreira de Alex Wint... hã... no intuito de salvarem o mundo, continuum espaço-tempo e a vida como a conhecemos, cara! Valeu a pena? Então, por onde começo...


Pô, que viagem, maluco...!

Há pelo menos vinte anos que Keanu Reeves tornou-se um grande astro do cinema, caiu no ostracismo após uns cinco anos e foi reconstruindo sua carreira aos poucos com um filme de baixo orçamento, voltando aos braços do sucesso. E há pelo menos uns bons dez anos que sempre lhe perguntam em entrevistas quando ele retornaria à sua ~"outra" franquia, aquela que iniciou tudo - e não, não era "Matrix" mas sim uma despretensiosa comédia de médio / baixo orçamento que pode ser vista como cult hoje em dia mas que nos anos 1990 era algo que se comentava sempre nas rodas cinéfilas por conta da diferença do que se realizava naqueles dois filmes "estranhos" (principalmente o segundo, uma ~"mistureba" para todos os gostos para quem curte cultura POP). É, "Bill & Ted - Encare a Música" é o terceiro filme dessa franquia. Dá pra assistir este novo filme tranquilamente, sem precisar revisitar os outros dois? Vem que te explico no caminho...


Na trama, Bill (Alex Winter) e Ted (Keanu Reeves) agora são adultos e pais de duas jovens, Billie (Brigette Lundy-Paine), filha de Ted, e Thea (Samara Weaving), filha de Bill. Enquanto lidam com a frustração de não terem escrito a melhor música de todos os tempos, eles têm a ideia genial de viajar para o futuro, para quando já tiverem escrito a música, e roubá-la de si mesmos... o que poderia dar errado? Ao lado das famílias, da inseparável amiga Morte (William Sadler), eles farão o possível para encontrar a música perdida e salvar o mundo de uma catástrofe. 


Temos aqui uma espécie de "road movie" e drama familiar misturado com viagem no tempo - não que a mistura seja algo novo à franquia -, tudo alimentando uma metralhadora giratória de piadas que nem sempre funcionam e uma dupla de protagonistas que precisam dividir o centro das atenções com pelo menos mais seis personagens para que a trama avance. É, Bill e Ted estão velhos e cansados - assim como o pequeno séquito de fãs que talvez nem se lembre que a dupla chegou a estrelar sua própria série de desenhos animados (pois é, dá um Google).


Curiosamente, se a franquia tem algum ~"futuro" (com trocadilhos), este reside na dupla de filhas Thea (Samara Weaving) & Billie (Brigette Lundy-Paine), carismáticas e até tem importante função no roteiro - mesmo que de uma forma meio atabalhoada, mostrando que a nova geração de jovens sabe muito mais fácil como produzir música pois ouve de tudo um pouquinho. Poderiam ter sido melhor exploradas mas infelizmente acabam, na maioria das cenas, como alívios cômicos ou uma muleta para a trama avançar, de forma nada orgânica. Culpa do roteiro preguiçoso de Chris Matheson e Ed Solomon, criadores da franquia, e da nada inspirada e burocrática direção de Dean Parisot.


Keanu Reeves e Alex Winter se esforçam ao máximo para que tudo funcione e se o filme tem lá seus problemas - ainda que não seja necessariamente ruim -, a culpa está longe de ser deles. Já as participações especiais irritam um pouco pois se chamar Dave Grohl (vocalista da banda de rock Foo Fighters) rende uma piada que poderia ser espetacular mas só soa engraçadinha, transformar o papel do rapper Kid Cudi (QUEM?!) em algo quase fundamental para (falsamente) tentar explicar as teorias quânticas do roteiro daria uma piada interessante se melhor trabalhada mas a repetição acaba fazendo com que a cena perca a força pouco a pouco. Tem o robô interpretado por Anthony Carrigan que desperta a atenção no começo mas da mesma forma que o personagem de Cudi acaba repetindo a piada à exaustão. Destaque para a Morte, novamente interpretada por William Sadler, que mostra o que realmente acontece quando uma banda se separa por ~"diferenças criativas"...


Tem uma ou outra coisa que encha os olhos - e uma cena pós-créditos que poderia ser perfeitamente encaixada durante o clímax da trama - e acabe por surpreender o espectador em "Bill & Ted - Encare a Música" (os efeitos especiais e visuais são bem produzidos, apesar de não apresentar nada de novo mas funciona), além de algumas cenas arrancarem risadas genuínas da audiência. Porém, provavelmente nada que realmente valha o caro ingresso dos cinemas brasileiros (tem num streaming pertinho de você, bobo...). Dá pra se divertir um pouco se não assistir nenhum trailer - e se não esperar muito também.


Kal J. Moon se espantou ao descobrir que CDs e pen-drives durarão intactos até depois de 2050...